Câncer de colo do útero é o segundo que mais atinge mulheres paraenses
"Março Lilás" ajuda a sensibilizar para a prevenção da doença. Sespa fará programação com conferências on-line
O câncer de colo de útero é o segundo tipo de câncer que mais atinge as paraenses. Em 2019, foram diagnosticados 657 novos casos. Até o momento, 2020 teve 201 registros da doença no Estado - deve-se considerar a subnotificação dos casos causada pela pandemia de covid-19. As informações são da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
As faixas etárias que têm registrado maior número de casos são as que estão entre 40 a 49 anos (28%) e 30 a 39 anos (21%), no período entre 2016 e 2020. O câncer do colo de útero ainda é o mais recorrente entre as mulheres paraenses, seguido pelo câncer de mama. Para este ano, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que ocorram 720 novos casos desse tipo de câncer no Pará.
Além de conter o Dia Internacional da Mulher, o mês de março é marcado no Brasil pela campanha “Março Lilás”. A ação visa ajudar a conscientizar e sensibilizar as mulheres para a prevenção do câncer de colo de útero. No Pará, a Sespa afirma que devido à pandemia, a campanha “Março Lilás” deste ano será realizada a partir do próximo dia 10, quando ocorre o Dia Estadual de Combate ao Câncer, em programação com web conferências.
O alerta principal da campanha é a importância de fazer o exame de prevenção, mais conhecido como Papanicolau, e se vacinar contra o vírus HPV (vírus do papiloma humano) - protege contra vários tipos de cânceres em mulheres e homens.
A acadêmica de enfermagem Kαrine Vieirα dα Silvα, 41 anos, conta que todos os anos fazia o exame Pαpαnicolαu. Porém, em 2021, passou a sentir dor αo urinαr, sαngrαmento e os mesmos sintomas durante a relαção sexuαl. Então, procurou um médico ginecologistα parα sαber o que estαvα αcontecendo. Por meio de exames específicos, como colposcopia e biópsiα, o médico, há dois meses, chegou à conclusão de que ela estava com câncer do colo do útero e em αlto grαu, o NIC III cαrcinomα.
Ainda hoje Karine está em αndαmento parα iniciαr o trαtαmento da doença e está cheia de expectativas para melhorar a saúde. “No meu cαso o médico solicitou com urgênciα α rαdioterαpiα e quimioterαpiα juntos. Ainda assim, me sinto αliviαdα por descobrir o que eu tenho, pois sabia que αlgumα coisα estαvα estranha em mim. Desde que cheguei ao diagnóstico, vejo que Deus me deu uma oportunidade de ter a chance de ser curada e não vejo a hora de começar o tratamento”.
Para ela, campanhas como “Março Lilás” são importantes para chamar atenção para sintomas, mesmo que sejam aparentemente simples. “É muito bom, porque visa ao alerta até mesmo antes da doença avançar. Mesmo com sintoma mínimo procurem sempre o médico, não importa qual seja. Espero que as mulheres se cuidem, pois somos capazes de vencer e termos muitas vitórias”, ressalta Kαrine Vieirα.
Prevenção e detecção precoce são cruciais
A oncologista clínica Marcella Mesquita esclarece que o câncer de colo de útero é uma doença causada, principalmente, pela presença do HPV, que leva à transformação das células do colo de útero levando à cancerigenação das células ocasionando a instalação do tumor”.
A doença pode afetar qualquer mulher, a partir do início das relações e atividade sexuais. Assim, ela alerta que a mulher tem que começar a pensar na prevenção e detecção precoce desse tipo de tumor.
“Esse vírus é transmitido principalmente pela atividade sexual. E é muito importante que esse tumor seja detectado por meio de exames preventivos do câncer de colo de útero e o principal é o Papanicolau, que deve ser feito a partir dos 25 anos ou do início da primeira relação sexual. Se o exame vier normal, precisa ser repetido a cada três anos, se a mulher não apresentar nenhuma alteração ou fator de risco”, orienta.
Marcella Mesquita enfatiza que a principal medida de prevenção é o uso de preservativos. Outra é a realização da vacinação, que já é preconizada e oferecida pelo Ministério da Saúde contra o HPV para meninas, de 9 a 14 anos, e meninos, de 11 a 14 anos. “Essa será a ação de maior impacto para redução dos números existentes. É importante conscientizar os pais sobre a vacinação dos meninos que, no futuro, serão homens e veículos de transmissão desse vírus para as mulheres”, esclarece a oncologista clínica.
Atendimento no Pará
No Pará, a Sespa esclarece que as vacinas contra o HPV estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde. A Secretaria explica ainda que os serviços para a pessoa se prevenir do câncer obedecem a um fluxo de atendimento, que se inicia na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da residência do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na UBS, um médico clínico generalista, diante de um diagnóstico suspeito, pode encaminhar o paciente ao centro de referência adequado para a definição de quadro clínico, mediante realização de exames e biópsias.
Caso o diagnóstico indique tratamento oncológico, o paciente pode ser encaminhado para um dos cinco hospitais públicos de alta complexidade e referência em câncer disponíveis no Pará, como o Ophir Loyola, o Oncológico Infantil Octávio Lobo e Hospital Universitário Barros Barreto, em Belém, capital do Estado; o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, oeste do Pará, e a Unacon do Hospital Regional de Tucuruí, sudeste paraense.
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