Marajó vai afundar? Mapa mostra que o arquipélago será coberto pelo mar nas próximas décadas

Projeções da Climate Central mostram que o aumento do nível do mar pode tirar a Ilha do Marajó do mapa

Hannah Franco

A Ilha do Marajó, um dos maiores arquipélagos fluviais do mundo, pode estar sob séria ameaça com o aumento do nível do mar. Um mapa desenvolvido pela Climate Central, organização independente que pesquisa as mudanças climáticas, indica que uma área considerável do Marajó pode ficar submersa nas próximas décadas. Segundo a projeção, se o nível do mar subir 5 metros, boa parte da ilha vai afundar.

A simulação se baseia em dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que indicam que o nível do mar pode subir até 1 metro até o final do século, considerando as emissões de carbono. O Brasil está entre os 20 países mais afetados pela subida do nível do mar, ocupando a 17ª posição na lista. Segundo estudos, basta que a temperatura global aumente em 1,5ºC para que o mar na costa brasileira se eleve em 3 metros.

O estudo da Climate Central não apresenta dados específicos do Marajó, mas destaca que as ilhas têm uma probabilidade muito maior de ficarem submersas.

Confira o mapa da Climate Central:

De acordo com uma simulação da Organização das Nações Unidas (ONU), cidades do norte do Pará, como a Grande Belém, Marajó e região do Baixo Tocantins, realmente poderão ter seus territórios cobertos pelas águas até 2060, se o planeta aumentar as emissões de gases de efeito estufa. As projeções indicam que o nível do mar deve subir, em média, 21 centímetros no Pará, e até o fim do século pode chegar a quase 50 centímetros.

Projeções são incertas

A professora Luziane Mesquita da Luz, geógrafa da Faculdade de Geografia e Cartografia da Universidade Federal do Pará (UFPA), alerta para um possível "exagero" nas projeções do Climate Central. Ela aponta que a simulação não leva em consideração a topografia da região, já que existem áreas mais altas. "Esse mapa extrapolou muito, porque o Marajó tem áreas que são altas. A planície com certeza afunda, pois está um pouco mais rebaixada que Belém, mas o mapa generaliza a ilha", disse ela.

"Se não tiver uma precisão topográfica do lugar, o mapa pode errar a simulação", destaca a professora.

A professora ressalta a importância da topografia ao analisar o risco de inundações. O mapa topográfico, que determina a altura do terreno, do Marajó revela que a ilha possui áreas elevadas, mas a maioria das áreas são baixas e suscetíveis a inundações. Os tabuleiros ou planaltos do Marajó, segundo a topografia, estão acima de 10 metros. "Se não tiver uma precisão topográfica do lugar, o mapa pode errar a simulação", destaca.

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Segundo a professora, a ilha não seria totalmente submersa, mas sim as áreas mais baixas, como as planícies, que são naturalmente mais propensas a serem cobertas pela água. "Ele não afundaria todo, mas as planícies, sim, como qualquer planície que vai afundar em qualquer inundação, baseado em mapas topográficos", disse. 

Confira o mapa topográfico do Marajó:

image Áreas amarelas mostram pontos mais altos no Marajó, que não correm tanto risco de afundar. (Reprodução/topographic-map.com)

*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com)

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