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Mais de mil mulheres com câncer de colo de útero são atendidas no hospital Ophir Loyola

Falta de informação e dificuldade de acesso à saúde fazem com que muitas pacientes descubram a doença já em estágio avançado

O Liberal
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Março é o mês de conscientização sobre o câncer de colo do útero, o segundo tipo de tumor mais comum entre as mulheres do Pará, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Na região Norte, o Hospital Ophir Loyola (HOL) tem um papel fundamental no combate à doença, oferecendo tratamento atualmente para 1.082 mulheres diagnosticadas.

Dados do Inca apontam que, até o final deste ano, a região Norte deve registrar 1.980 novos casos da doença, sendo 830 somente no Pará. Apesar da gravidade dos números, o câncer de colo do útero pode ser evitado em 100% dos casos quando as lesões precursoras são identificadas e tratadas precocemente. O desafio, no entanto, está no acesso aos serviços de saúde e na conscientização sobre a importância dos exames preventivos, como o Papanicolau.

O que causa a doença?

O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente pelos tipos 16 e 18 do Papilomavírus Humano (HPV), vírus de transmissão sexual. Nos estágios iniciais, a doença costuma ser silenciosa, sem sintomas aparentes. Quando não tratada, pode evoluir para quadros mais graves, causando sangramento vaginal irregular, corrimento com odor forte, dor pélvica persistente e desconforto durante a relação sexual.

A oncoginecologista do HOL, Ellen Ribeiro, alerta que os cuidados devem começar cedo. “A consulta ginecológica regular é essencial para a prevenção, pois os tumores ou lesões pré-cancerígenas costumam ser assintomáticos no início. Exames como o Papanicolau e a colposcopia são fundamentais para o diagnóstico precoce, mesmo quando não há sintomas”, destaca.

O câncer de colo do útero ocorre quando células da região crescem de maneira desordenada, podendo se espalhar para outros órgãos. “O exame preventivo deve ser realizado preferencialmente antes do surgimento dos sintomas e, idealmente, uma vez ao ano por mulheres entre 25 e 64 anos que tenham vida sexual ativa. Infelizmente, muitas nunca fizeram esse exame”, alerta a especialista.

A importância do diagnóstico precoce

A cabeleireira Diene da Cunha, de 35 anos, foi diagnosticada com a doença em 2023 e precisou passar por uma cirurgia para retirada do útero. “Tive sangramento e dores intensas durante a relação sexual, mas evitava os exames por vergonha. Hoje me arrependo profundamente. Se tivesse seguido as orientações médicas, não estaria enfrentando tantas cicatrizes e limitações. O que mais me dói é saber que nunca mais poderei gerar um filho”, desabafa.

Quando identificado nos estágios iniciais, o câncer pode ser tratado com cirurgia, muitas vezes preservando a fertilidade da paciente. Em casos mais avançados, o tratamento pode envolver radioterapia e quimioterapia.

Moradora de Marabá, no sudeste do Pará, Maria Valente, de 61 anos, descobriu a doença após cinco anos sem fazer exames preventivos. “Comecei a menstruar novamente do nada e senti dores. Isso me assustou, então procurei um médico e fui diagnosticada. Hoje estou em tratamento, mas com esperança de cura. No SUS, estou sendo bem cuidada e acolhida”, relata.

Como prevenir?

O HPV é o principal causador da doença, mas outros fatores aumentam os riscos, como início precoce da vida sexual, múltiplos parceiros, baixa imunidade, tabagismo e uso prolongado de anticoncepcionais.

A melhor forma de prevenção é o uso de preservativo em todas as relações sexuais e a vacinação contra o HPV, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos de 9 a 14 anos. “A vacina é segura e eficaz, e o uso da camisinha também reduz o risco de contágio. A prevenção é o caminho mais simples para evitar o câncer do colo do útero”, reforça Ellen Ribeiro.

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