Mais de 14 mil casos de malária foram registrados este ano no Pará

Especialista afirma que é necessário uma vacina contra malária específica e adequada para a realidade amazônica

O Liberal
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou, na última quarta-feira (6), a aprovação do uso da primeira vacina contra a malária em crianças na África Subsaariana e em outras regiões onde há níveis moderados a altos níveis de transmissão. O anúncio traz esperança a municípios brasileiros que são acometidos pela doença. Até setembro de 2021, o Pará notificou 111.664 casos de malária. Destes, 14.907 foram confirmados. Já em 2020, foram 139.015 casos notificados e 19.826 confirmados. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). 

“A vacina para o Brasil ainda necessita de mais estudos em virtude da nossa realidade de transmissão ser pelo vetor da espécie Plasmodium vivax e a vacina aprovada ser para transmissão pela espécie Plasmodium falciparum, por isso a indicação para se iniciar a vacinação na África Subsaariana. Continuamos confiantes nos avanços científicos e de que logo possamos ter um imunológico eficaz para a realidade da Amazônia", afirma Adriana Tapajós, coordenadora de endemias da Sespa.

A malária é uma doença de transmissão vetorial aguda e é causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles (mosquito prego).  Os principais sintomas são febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça. Há pessoas que, antes de apresentarem tais manifestações, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite. A doença pode evoluir para suas formas graves se não for diagnosticada e tratada de forma oportuna e adequada.

O diagnóstico pode ser feito por meio de gota espessa ou teste rápido. A gota espessa é obtida com amostra de sangue colhida diretamente por punção digital. O tratamento é feito de acordo com o peso do paciente e a espécie parasitária, podendo ser por P.vivax , P.falciparum ou mista. Com resultado positivo para malária, o paciente recebe os medicamentos e inicia imediatamente o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Entre as principais medidas de prevenção individual da malária estão o uso de mosquiteiros, roupas que protejam pernas e braços, telas em portas e janelas e uso de repelentes. A Sespa também atua diretamente no combate disponibilizando: supervisão e monitoramento nas ações de prevenção e controle da malária nas Unidades de Diagnóstico e Tratamento e em áreas endêmicas; capacitação de microscopistas em diagnóstico laboratorial de malária; treinamento nos sistemas de notificação Sivep Malária, Sies e Vetores Malária e distribuição de mosquiteiros impregnados com inseticidas de longa duração (MILDs), antimaláricos e testes rápidos.

"No Pará, a malária ainda está muito presente em regiões como Marajó, Baixo Amazonas e Tapajós. Após vários estudos a recomendação da OMS de utilizar o imunológico em crianças residentes de regiões de alta transmissibilidade e mortalidade é um grande avanço nas medidas de prevenção da doença. Enquanto não temos a vacina, continuamos fortalecendo as ações de prevenção e borrifação quando necessário.",conclui a coordenadora de endemias da Sespa.

(Bruna Ribeiro, estagiária, sob supervisão de Jorge Ferreira, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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