LBGTQIA+fobia: crimes de violência aumentam 8% nos primeiros oito meses de 2022

Visando combater o preconceito e dar mais visibilidade ao movimento, a 20ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ tem como tema um chamado à luta e à resistência

Camila Azevedo

Os registros de violência contra a população LGBTQIA+ aumentaram 8% nos primeiros oito meses de 2022, no Pará. De janeiro a agosto, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) contabilizou 214 ocorrências frente aos 198 casos do mesmo período de 2021, que fechou o ano com 326 episódios. Assim, visando combater essa incidência, o domingo (25) será de representatividade na 20ª Parada do Orgulho LGBTQIA+, evento que tem como tema “20 anos de Luta e Resistência” e busca melhorias para a comunidade.

Os dados nacionais também assustam: o Brasil está classificado como o país que mais mata a população LGBTQIA+, liderando o ranking pelo quarto ano consecutivo, conforme mostra levantamento do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+. Por isso a importância da Parada no âmbito estadual, sendo um mecanismo que chama atenção do poder público para a visibilidade da causa, com o objetivo de promover políticas que sejam eficazes no combate a violência.

Faz parte desse esquema a implantação de bom acesso a recursos que tirem essa parcela da população da situação de vulnerabilidade que muitos estão. Leonardo Bittencourt, um dos organizadores da 20ª Parada do Orgulho, diz que a atuação do governo deve passar pela manutenção de direitos básicos. “Esse é um dado lamentável que o nosso estado carrega e a gente sabe que é reflexo a nível nacional, que enfraquece e desconstrói toda e qualquer política de direitos humanos. Isso respinga em todos os estados e regiões”, destaca.

A expectativa da organização é que compareçam às ruas de 500 a 700 mil pessoas na Parada. O enfraquecimento sentido em políticas federais de qualidade atrapalha a luta e desestabiliza o que já foi construído pelo movimento. “Precisamos de recursos para investir em capacitação de servidores, recursos para ir atrás de projetos de emprego para a população LGBT, porque, devido a toda essa falta de acesso a direitos básicos, ocasiona a vulnerabilidade, que ajuda a construir esse cenário violento para nós”, ressalta Leonardo.

Um tipo de violência que também tem sido vista é o que diz respeito a pessoa que está na linha de frente da atuação dos grupos. A solução ideal, segundo Bittencourt, é o fortalecimento do plano de combate. “Ele já existe a nível estadual, mas precisa desse apoio federal para que as coisas possam acontecer, fazer uma catalogação dos crimes violentos que de fato funcione, dos assassinatos, dos registros. Não apenas assassinato, mas violação de direitos humanos”, conclui.

Belém atua no combate a LGBTQIA+fobia

A Coordenadoria de Diversidade Sexual (CDS) de Belém, criada em 2019, é uma das formas de ajudar a coibir a violência contra a população LGBTQIA+. A pasta desenvolve programas sociais em parcerias com coletivos para evitar tanto o aumento dos casos, quanto para levar qualidade de vida à parcela que permanece em estado vulnerável. Um desses projetos, o “Olhar Noturno”, levou insumos durante a pandemia para as mulheres transsexuais que trabalham à noite. Foram preservativos, máscaras, álcool em gel e outros produtos de higiene distribuídos.

Jane Gama, coordenadora da entidade, explica que implantar propostas voltadas para a educação são fundamentais no sentido de evitar a propagação do crime. “A violência acontece também dentro de casa, a gente tem que educar para que as pessoas entendam e compreendam que toda forma de amor é justa, que devem respeitar com nossos corpos. Todos nós temos direito à vida, a políticas públicas. Temos o CDS Nas Escolas, para falar sobre educação desde a entrada no local, com o porteiro, aos professores e alunos”, diz.

Fazer a denúncia na delegacia especializada é um dos pontos necessários para que a LBGTQIA+fobia seja classificada como tal, dando maiores direitos às vítimas. “Nossos corpos são violentados o tempo todo, a gente precisa denunciar quando há essa violência, esses crimes. A CDS fomenta políticas públicas para fortalecer a comunidade, a falta de respeito aumentou muito mais, que é preconceituoso, se mostrou mais ainda preconceituoso. Então, tem que haver essas políticas para que as pessoas sejam acolhidas”, pondera Jane.

Serviço

20ª Parada do Orgulho LGBTQIA+

Data: 25/09

Horário: 12h

Local: início da avenida Presidente Vargas, seguindo até São Brás

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Pará
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