Jacundá cadastra animais para castração gratuita visando controle populacional
Jacundá é um município que não conta com os serviços de um Centro de Controle de Zoonoses, mas está atento à superpopulação de animais, principalmente cães e gatos, nas ruas da cidade
As dificuldades para cuidar e o alto valor para castração de animais domésticos quase fizeram o autônomo Maurício Silva desistir de adotar a Bony, uma gata de seis meses de idade. “A gente sabe que gato é um bicho mais livre, não é? Então seria complicado adotar para manter ela presa em casa, mas a castração também é um procedimento caro. Por isso, pensei duas vezes antes de trazer ela para casa”, afirma. Já a servidora pública Evanice Guzzati, que é tutora de dois gatos e um cão, pensou em doar um dos animais. “Por causa dessas dificuldades para castração, não é? Castrar três animais não é fácil nem barato”, conta a tutora.
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Jacundá, no sudeste do Pará, é um município que não conta com os serviços de um Centro de Controle de Zoonoses, mas está atento à superpopulação de animais, principalmente cães e gatos, nas ruas da cidade. Para atender às necessidades de tutores como Maurício e Evanice, a Secretaria Municipal de Saúde está recebendo o pré-cadastramento de pessoas interessadas em castrar seus animais domésticos. “Essa é uma forma que nós encontramos de mensurar quantos e que tipo de procedimentos serão necessários”, explica a secretária, Irailde Bizarrias.
O pré-cadastramento se dá por meio do preenchimento de um formulário eletrônico, que pode ser acessado mesmo pelo celular. O documento coleta informações básicas, como nome, Cadastro de Pessoa Física (CPF) e endereço do tutor, por exemplo, além do nome e espécie do animal a passar pelo procedimento. “Uma vez cadastrado, esse animal aguarda em uma fila de espera e aí passamos à fase de análise socioeconômica do tutor. Nosso objetivo é dar prioridade para famílias que, de fato, não têm condições de castrar seus animais”, conta Irailde. “Em paralelo a isto, estamos estruturando um ambulatório cirúrgico veterinário para que esses procedimentos sejam realizados. Ao ter seu pet selecionado para a castração, o tutor também vai receber orientações diversas sobre cuidados no pré e pós-operatório do animal”.
Mas o cuidado com os animais não se limita apenas à castração. Sem a correta vacinação e vermifugação, por exemplo, os animais estão sujeitos a doenças fatais, como parvovirose e cinomose, no caso dos cães. Já para os seres humanos, o risco é de contaminações diversas como sarna, micose e brucelose. A leishmaniose, por exemplo, é uma doença que pode provocar o aparecimento de tumores e úlceras que podem comprometer o aparelho respiratório.
É difícil estabelecer o número exato de cães e gatos abandonados no Brasil, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que essa população de animais passe dos 30 milhões de bichinhos em situação de abandono pelas ruas do país. Essa se torna uma estatística ainda mais estarrecedora, considerando que abandono e maus tratos a animais é crime previsto pela Lei Federal número 9.605/98. Já a Lei Federal número 14.064/20, aumentou a pena de detenção que era de até um ano para até cinco anos para quem cometer este crime.
A maior parcela dos animais abandonados não é resgatada e permanece sofrendo com fome, doenças, exposição ao tempo, riscos de atropelamento e traumas que interferem em seu bem-estar mental e em seu comportamento.
“Também por isso, ainda em dezembro, iniciamos uma campanha de conscientização no município para que as pessoas não abandonem seus animais. Eles não são brinquedos, precisam de cuidados específicos, têm suas necessidades e, se bem cuidados, são excelentes para o convívio em casa”, explica, Irailde.
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