Instituto Estadual de Educação do Pará (IEEP) chega aos 150 anos sem perder a tradição

Apesar da necessidade de adaptações à modernidade, o Instituto Estadual de Educação do Pará (IEEP), no bairro da Campina, em Belém, chegou aos 150 anos de fundação, nesta terça-feira (13), cercado de tradição. Seja pelo rigor na educação que já formou várias gerações ou pelos uniformes com camisa branca por dentro da calça ou da saia da cor azul marinho, a história que começou em 13 de abril de 1871 é contada com referências de nostalgia.

Pará Maria Amália Pereira, que estudou no IEEP de 1981 a 1983, na época em que o local ainda era específico para a formação de professores, as recordações são saudosas. Ao participar de um processo seletivo para conseguir uma vaga, ela se inspirou na base familiar para decidir a carreira do magistério. "A maior referência foi uma tia e madrinha minha que foi aluna de lá. Foi onde tive a grande base para ser professora. De lá, fui estudar Pedagogia", contou.

Maria Amália Pereira foi aluna e, hoje, é coordenadora pedagógica do IEEP (Arquivo pessoal)

Como atual coordenadora pedagógica do IEEP, ela faz uma balanço do que mudou ao longo desses anos. "Sempre continuou o primor pelo ensino de qualidade, mas muita coisa mudou. Ventiladores nos pés direitos altos, em que o vento pouco chegava aos docentes e discentes, deram lugar aos refrigeradores de ar. Tinha constante queda de energia que cancelava as aulas, agora, lidamos com a internet e temos dois laboratórios. Atividades eram com cartaz e, hoje, ensino on-line na pandemia", exemplificou.

No aspecto do tradicional, Maria lembrou de convenções que não se perderam. "Na época que minha tia estudou, tinha um suspensório no uniforme. Mas continua a blusa branca de tergal e calça e saia azul marinho e sapato preto. A saia, por exemplo, nunca pode ter menos de 70 centímetros. Também continuamos tentando manter as formaturas na data da fundação, assim como era na época de formação de magistério. Só o que não tem mais são os concursos de banda do Dia da Raça, mas os alunos ainda pedem".

História

O IEEP, que já foi nomeado como Instituto de Educação do Pará (IEP), é uma das instituições de ensino mais antigas do Brasil e a segunda mais antiga do Pará, ficando atrás apenas da Escola Estadual Paes de Carvalho, que foi fundada em 1841. Inicialmente, como a primeira Escola Normal do Estado, tinha educação voltada para a formação do magistério. A partir de 2002, passou a ofertar o ensino médio regular e, em 2010, começou a disponibilizar o ensino técnico-profissionalizante.

De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), atualmente, a unidade de ensino atende 690 alunos da rede estadual. Há oferta do ensino médio regular (diurno) e do profissionalizante (turnos vespertino e noturno). Ao todo, são oferecidos cinco cursos na área técnica. Em fevereiro de 2021, começaram as obras de restauração na escola.

O historiador Michel Pinho, que é titular da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), destacou a importância do IEEP para a formação dos docentes. "Exerce um papel secular e fundamental no processo da formação da educação no Pará. Primeiro por ser uma Escola Normal e, depois, um instituto que formou vários professores que são responsáveis por uma larga leva de alunos que saíram do espaço público", avaliou.