Governo do Estado leva assistência à saúde mental para comunidades indígenas e quilombolas
Ação pioneira realizada pelo Hospital de Clínicas Gaspar Vianna fortalece o cuidado especializado às populações tradicionais
O Governo do Pará, por meio da equipe multiprofissional de atenção à saúde mental da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), realizou 914 atendimentos em aldeias indígenas e comunidades quilombolas ao longo de 2024. A demanda surgiu como um pedido da Secretaria dos Povos Indígenas (SEPI) após relatos de situações relacionadas a transtornos mentais, além do uso de álcool e drogas, entre indígenas da comunidade. A equipe multiprofissional do HC trata o paciente para além dos sintomas, trabalhando e dando assistência em suas necessidades sociais, por meio de um sistema integrativo desenvolvido pelos profissionais da atenção à saúde mental, especializados em média e alta complexidade.
A atividade mais recente ocorreu entre os dias 8 e 13 de dezembro, nas aldeias indígenas das etnias Xikrin e Gavião, no Sudeste do Pará. A iniciativa integra o programa “Saúde Por Todo o Pará”, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atendeu mais de 440 pessoas nas aldeias Kateté e Djudjekô, em Parauapebas, e Kyikatêjê, Parkatejê, Kriamretijê e Metyitikatejê, localizadas em Bom Jesus do Tocantins.
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As atividades incluíram atendimentos individuais, terapias manuais, atividades físicas adaptadas, atendimento integrado para situações de alta vulnerabilidade e ações educativas em saúde. A Terra Indígena Mãe Maria, da etnia Gavião, que sofreu graves incêndios este ano, foi uma das localidades prioritárias. “Os incêndios destruíram casas, plantações e causaram grande impacto na saúde mental dos indígenas, especialmente crianças e idosos. Por isso, montamos uma equipe multidisciplinar para atender essas necessidades específicas”, explicou Tatiany Peralta, coordenadora de saúde indígena e povos tradicionais da Sespa.
Atenção aos povos originários da Amazônia
Com a realização da COP 30 em Belém no próximo ano, ações como essas reforçam o compromisso do Governo do Pará em promover a saúde integral dos povos originários da Amazônia. Além de evidenciar a importância da preservação ambiental e dos direitos das populações tradicionais, as iniciativas antecipam o protagonismo que o Pará terá no cenário global, destacando o cuidado com as comunidades que vivem na região.
Em 2024, foi a primeira vez que o Governo do Pará levou saúde mental para comunidades indígenas e quilombolas. Ao longo deste ano, as equipes do HC realizaram 914 atendimentos em localidades de difícil acesso. As ações começaram em março, na aldeia Trocará, da etnia Assurini, localizada na cidade de Tucuruí, com 120 pessoas atendidas. Em seguida, os municípios de São Geraldo do Araguaia e São Domingos do Araguaia receberam a equipe, atendendo 265 pessoas das aldeias Yetá, Itahy, Akamassyron e Sororó. No quilombo de Cachoeira do Piriá, foram realizados 82 atendimentos nas comunidades Camiranga, Bela Aurora e Itamoari.
A última etapa ocorreu no Sudeste paraense com 447 atendimentos nas aldeias Xikrin e Gavião. Segundo o psicólogo George Faro, que esteve presente em todas as ações, a abordagem considera as particularidades socioculturais das comunidades. “É essencial integrar o saber histórico e cultural ao científico para garantir um atendimento humanizado e eficaz”, pontuou.
Reconhecimento e impacto
A ação foi amplamente reconhecida pelas comunidades beneficiadas. “Os incêndios afetaram profundamente nossa saúde mental. Ver o território em chamas foi devastador. Ter essa equipe aqui trouxe acolhimento e esperança”, declarou Aiteti Gavião, brigadista que enfrentou as queimadas na Terra Indígena Mãe Maria.
Além da saúde mental, a iniciativa ofereceu serviços especializados, como consultas médicas em pneumologia, clínica geral, pediatria e ginecologia, além de exames laboratoriais, distribuição de kits odontológicos e encaminhamentos para próteses.
A terapeuta ocupacional Amanda Pires destacou o impacto das ações: “A escuta e o acolhimento realizados pela equipe ajudaram a identificar demandas específicas e promover a integração com a rede de atenção psicossocial do Estado.”
As ações realizadas em 2024 demonstram o compromisso do Governo do Pará com o cuidado integral às populações tradicionais, reforçando a saúde coletiva e garantindo o acesso a serviços essenciais em territórios de difícil acesso.
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