Fumar cotonete: novo desafio do TikTok traz riscos ao pulmão; entenda o que é bissinose
Recente trend da rede social tem principalmente crianças e adolescentes se expondo a riscos de desenvolver uma doença que é característica de pessoas que trabalham na indústria do algodão
Uma nova trend — modinhas em geral do TikTok e demais redes de vídeos curtos — está levando crianças e adolescentes a uma perigosa brincadeira: fumar cotonetes (hastes plásticas com algodão nas pontas). Especialistas em saúde do pulmão são taxativos: isso não deve ser feito de forma alguma, já que pode desencadear doenças graves, como a bissinose, e potencializar problemas respiratórios já existentes. Por enquanto, não há registros de casos no Pará.
A brincadeira consiste em acender um cotonete como se fosse um cigarro comum (que já é prejudicial à saúde com risco de causar dependência). Algumas hastes são ocas e formam um "canudo" pelo qual a fumaça pode passar. Na prática, o item tem o propósito de remover cera dos ouvidos, limpeza mais externa das orelhas e aplicações específicas, como, mais recentemente, exames de covid-19.
Quando submetidas à queima, as hastes plásticas e o algodão geram substâncias tóxicas em forma de fumaça. De modo geral, inalar qualquer tipo de fumaça resultante de queima de algum material tem riscos potenciais. Mas o plástico e o algodão causam problemas bem específicos.
O algodão — assim como linho ou cânhamo — , quando inalado ou aspirado de forma forçada, pode gerar uma doença chamada bissinose. É mais conhecida como uma doença ocupacional de trabalhadores da indústria do algodão, mas que pode afetar crianças e adolescentes na trend de fumar cotonete. A doença estreita as vias respiratórias e leva a uma respiração ruidosa (com chiado) e sensação de pressão no tórax.
Se for queimado, o algodão pode ter fibras que vão causar broncoespasmos, falta de ar, tosse e levar ao desenvolvimento de doenças respiratórias crônicas e risco de internações. As fibras não se desfazem e nem são expelidas tão rapidamente.
Plástico, quando queimado, libera vários tipos de substâncias que, se inaladas, podem causar sufocamento e gerar crises de alergias e asma. A exposição prolongada pode causar a formação de cânceres, disparar doenças cardíacas, além de irritar olhos e garganta e provocar náuseas e dor de cabeça.
Para médicos, a principal preocupação é que crianças e adolescentes sigam na trend das redes sociais. A recomendação é que as famílias conversem com eles e expliquem os riscos. Há ainda a possibilidade de que o hábito se forme e, futuramente, a pessoa acabe buscando drogas lícitas ou ilícitas para consumo. Por enquanto, por se tratar de um fenômeno recente, ainda faltam estudos para saber as complicações mais específicas do desafio.
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