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Famílias protestam por terapias negadas por planos de saúde em frente ao TJPA

Pais e mães denunciam atrasos e cortes no acesso a terapias essenciais para crianças neurodivergentes e cobram soluções das operadoras e do poder público

Jamille Marques | O Liberal
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Pais e mães de crianças e adolescentes neurodivergentes se reuniram em frente ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), na manhã desta terça-feira, 17, para exigir melhorias no acesso a tratamentos terapêuticos de qualidade. Organizada pelo coletivo “O Plano é Ser Respeitado”, a manifestação evidenciou a luta das famílias por terapias essenciais, como fonoaudiologia, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico. As principais demandas incluem a ampliação da cobertura desses tratamentos, maior transparência nas políticas de reembolso e regulamentação de prazos para atendimento.

image Coletivo de mães e pais atípicos luta por terapias essenciais para crianças e adolescentes autistas
“O Plano é Ser Respeitado” reúne mais de 400 famílias em busca de direitos negados pelos planos de saúde e políticas públicas efetivas

image Imagem do protesto em frente ao TJPA (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

Cláudio Pinheiro, advogado, fundador do coletivo e pai de Luís Cláudio, de 15 anos, diagnosticado com autismo, descreveu o ato como uma resposta à falta de diálogo e ao descaso por parte de órgãos públicos e planos de saúde. “Essa é a terceira ou quarta ação promovida pelo nosso coletivo. Antes, tentamos negociações pacíficas envolvendo o Poder Legislativo, os planos de saúde, clínicas, o Ministério Público e o Judiciário. No entanto, os termos acordados em audiência pública não foram assinados, mesmo após 15 dias”, relatou Cláudio. “Esse desrespeito nos obrigou a adotar medidas mais incisivas, porque estamos cansados de esperar enquanto nossos filhos têm seus direitos negados.”

image Cláudio Pinheiro ao lado do filho Luís Cláudio (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

Cláudio enfatizou que a luta vai além das famílias presentes na manifestação. “Não estamos falando apenas dos nossos filhos, mas de um problema que afeta toda a sociedade. A ausência de políticas adequadas para pessoas neurodivergentes hoje impactará o futuro de muitas famílias. A sociedade precisa entender que não somos um público que assiste passivamente às violações; somos um povo que exige direitos e dignidade.”

Entre os manifestantes estava Ynis Cristine, professora e mãe de Samuel, de 11 anos, e Rafaela, de 7, ambos diagnosticados com autismo. Durante a manifestação, Ynis compartilhou as dificuldades enfrentadas pela família, agravadas pela suspensão do tratamento de Samuel. “A saúde é um direito fundamental. Não deveríamos estar aqui reivindicando algo que já é garantido por lei. Tentamos dialogar com o plano de saúde, mas não há abertura para resolver a situação. Desde setembro, os pagamentos às clínicas estão atrasados, e isso levou à suspensão dos atendimentos. Essa decisão impacta diretamente o desenvolvimento das crianças”, lamentou.

image Ynis Cristine ao lado da filha Rafaela Ferreira (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

Ynis explicou que a interrupção das terapias traz consequências graves para os filhos e para as famílias. “Quando o tratamento é suspenso, não é apenas um atraso imediato; é um impacto para a vida inteira. O Samuel, por exemplo, inicia o próximo ano sem planejamento terapêutico, sem o suporte que precisa para desenvolver habilidades básicas. Isso reflete na escola, em casa e em todos os ambientes que ele frequenta. É negar a ele o direito à dignidade.”

A mãe também destacou o efeito devastador sobre a saúde mental das famílias. “Tenho artrose, ansiedade e depressão por causa do estresse constante em lutar por esses direitos. Essa é a realidade de muitas mães, que adoecem física e emocionalmente porque precisam enfrentar uma batalha diária para garantir o básico para seus filhos.”

O coletivo “O Plano é Ser Respeitado” tem buscado soluções junto a diferentes órgãos, mas os manifestantes alegam que as respostas têm sido insuficientes. Segundo Cláudio, a ausência de uma postura mais firme por parte dos responsáveis agrava a sensação de abandono. “Estamos lutando por direitos que não são apenas dos nossos filhos, mas de toda uma geração de crianças que dependem desses tratamentos para alcançar um futuro digno.”

O protesto também serviu para alertar sobre a necessidade de maior compromisso das empresas de saúde e dos gestores públicos. “É inadmissível que tenhamos que parar nossas vidas para protestar por algo que já está garantido por lei”, afirmou Ynis.

Ao final da manifestação, os participantes reforçaram a importância da união entre as famílias e da mobilização contínua para conquistar os direitos das crianças neurodivergentes. “Essa luta é de todos nós. Não podemos permitir que nossos filhos sejam prejudicados por falta de compromisso e respeito. Vamos continuar pressionando até que as mudanças necessárias sejam implementadas”, concluiu Cláudio.

O movimento, que começou com poucas famílias, cresce a cada ação, unindo pessoas que compartilham a mesma causa. Para os manifestantes, o protesto desta terça-feira, 17, não é apenas um ato de indignação, mas um chamado à sociedade para compreender a urgência do tema e cobrar soluções que respeitem os direitos e a dignidade de crianças e adolescentes neurodivergentes.

A manifestação enfatizou não apenas as dificuldades enfrentadas pelas famílias de crianças neurodivergentes, mas também a necessidade de um debate mais amplo sobre inclusão, dignidade e respeito.

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