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Pará tem aumento de 10% nos casos de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos, diz Sespa

Estudos apontam que alimentos ultraprocessados ricos em óleo podem ser causas da doença cada vez mais registrada em jovens

Gabriel Pires
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O Pará registrou um aumento de 10% nos casos de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos entre 2022 e 2023, como apontam dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Em 2022, foram registradas 148 ocorrências, enquanto no ano seguinte esse número subiu para 163. Esse aumento pode estar associado a fatores alimentares. Uma pesquisa da University of South Florida indicam gorduras específicas de alimentos ultraprocessados podem aumentar a inflamação relacionada com o desenvolvimento desse tipo de tumor

Ainda de acordo com a Sespa, até este momento, de 2024, 93 pessoas com menos de 50 anos foram diagnosticadas com a doença. Do total de registros, no ano de 2022 houve 434 casos de câncer de colorretal no Estado. E, em 2023, houve 498 casos da doença. Já em 2024 foram 277 casos.

No estudo, Ganesh Halade, professor associado no Instituto Cardíaco do USF Health e integrante do Programa de Biologia do Câncer do Instituto de Câncer do TGH, utilizou uma técnica analítica altamente sensível para detectar pequenas quantidades de lipídios em 162 amostras de tumores coletadas de pacientes do Hospital Geral de Tampa, na Flórida. A análise revelou que os tumores apresentavam um excesso de moléculas derivadas de ácidos graxos ômega-6, conhecidas por promoverem inflamação, e uma redução daquelas associadas ao combate desse processo, encontradas em fontes de ômega-3.  

Os produtos ultraprocessados geralmente possuem altas concentrações de gorduras ômega-6, abundantes em óleos de sementes como canola, milho e girassol. No entanto, o estudo não estabeleceu uma ligação direta entre o desenvolvimento do câncer e um óleo específico. Halade ressalta que há uma diferença significativa entre as gorduras naturalmente presentes nos alimentos que consumimos e aquelas provenientes de produtos ultraprocessados.

Fatores

O oncologista Luis Eduardo Werneck explica que o surgimento de doenças cancerígenas pode ser desencadeado por atividade inflamatória no organismo. E, por isso, o consumo de alimentos processados está associado ao desenvolvimento do câncer colorretal. “O que causa o câncer entre diversos fatores é uma atividade inflamatória no organismo, que a gente chama de agilidade pró-inflamatória. Tudo que for pró-inflamatório tem o poder de fazer com que possa surgir essa desregulação do corpo”, explica. 

“E sabemos que alguns tipos de alimentos, especialmente os embutidos e os processados, como os salames, mortadelas, salsichas, contém alto teor de gordura. E isso gera um gasto de energia maior para que esses alimentos sejam digeridos. Ou seja, o corpo vai ter que se esforçar mais para digeri-lo, ocasionando uma atividade inflamatória. Como não faz bem ao organismo, o corpo tenta se defender gerando uma atividade inflamatória. Essa condição de inflamação pode se transformar em um câncer em algumas pessoas”, completa o médico. 

Werneck também explica que a incidência de casos de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos pode estar ligada ao estilo alimentar - com o consumo maior de processados no dia a dia. “São as pessoas que consomem mais ultraprocessados. As pessoas mais velhas, por exemplo, não consomem tanto fast-food. É um padrão comportamental da nossa geração. Os mais velhos preferem comidas mais caseiras”, relata o especialista.

Prevenção

Devido a esse tipo de alimentação, Luis Eduardo aponta que uma das principais formas de evitar o desenvolvimento de inflamação no cólon e, em quadros mais graves, o desenvolvimento do câncer, é essencial que se adote uma alimentação saudável - além de outros cuidados, como evitar o tabagismo. “Quando se regula a dieta, as pessoas melhoram de peso. Sobrepeso é um fator de risco para todos os tipos de câncer”. 

Mas, antes de se transformar em câncer, as pessoas ainda podem apresentar quadros de polipose - com a formação de pólipos pré-cancerosos no intestino grosso que, se não forem tratados, viram câncer. A doença tem cura na maioria dos casos, e tem maior eficácia no tratamento - cirurgia e radioterapia - quando é detectado precocemente.

Com relação aos sinais de alerta do câncer colorretal, Werneck detalha: “O principal sintoma [da doença] é o sangramento nas fezes. E 30% das vezes ou mais a pessoa vai confundir com a hemorroida. As pessoas não vão dar importância para isso. E, quando for dar importância, vai descobrir o câncer em estágio avançado. Podem surgir dores e alteração no hábito intestinal. Quem não tinha diarreia, passa a ter. Ou quem não tinha prisão de ventre, começa a ter”.

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Pará
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