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Coletivo de mães e pais atípicos luta por terapias essenciais para crianças e adolescentes autistas

“O Plano é Ser Respeitado” reúne mais de 400 famílias em busca de direitos negados pelos planos de saúde e políticas públicas efetivas

Jamille Marques | Especial em O Liberal
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A luta por tratamentos adequados para crianças autistas no Brasil tem ganhado força através de coletivos como “O Plano é Ser Respeitado”, formado por pais e mães que enfrentam a negativa de terapias, atraso nos pagamentos e a falta de políticas públicas eficazes. Criado por um pequeno grupo de amigos, o coletivo já reúne mais de 400 famílias que buscam justiça por seus filhos.

Cláudio Pinheiro, advogado e pai de Luís Cláudio, de 15 anos, autista e cardiopata, é um dos fundadores do grupo. “O coletivo nasceu para unir forças contra a negativa de tratamento pelos planos de saúde. As famílias enfrentam não só atrasos nas terapias, mas também cobranças indevidas por parte de clínicas”, explica Cláudio.

image Advogado Cláudio Pinheiro, ao lado do filho, Luís Cláudio (Foto: Cristino Martins | O Liberal)

O coletivo serve como rede de apoio, oferecendo acolhimento e informação para famílias de crianças autistas. “Nosso objetivo é garantir a realização dos tratamentos e conscientizar a sociedade sobre a importância desses atendimentos”, ressalta Cláudio.

Impactos da falta de terapias

A ausência de terapias adequadas afeta diretamente o desenvolvimento das crianças e a saúde mental de seus pais. Fabiula Moraes, mãe de João Pedro, de 13 anos, diagnosticado com TEA e TDAH, relata a situação do adolescente: “Meu filho sente a falta da terapia, e isso reflete no comportamento dele e na convivência social. Estamos emocionalmente exaustos.O sistema não nos dá suporte, e temos que recorrer à Justiça, que também não responde de forma eficiente”, compartilha Fabíola.

image Fabiula Moraes, ao lado do esposo e do filho João Pedro (Foto: Cristino Martins | O Liberal)

Cimara Lima, mãe de Maria Alice, de 6 anos, diagnosticada com TEA e TDAH, relata a importância das terapias. “Antes do tratamento, ela não falava e era muito agressiva. Hoje, ela fala, ficou mais independente e vai à escola”, explica Cimara.

No entanto, as dificuldades começaram quando o plano de saúde reduziu a carga horária das terapias e questionou sua eficácia. “Eles alegam que a terapia não surte efeito, mas é mentira. O tratamento mudou a vida da Maria Alice e da nossa família”, desabafa Cimara.

Situação semelhante é enfrentada pelo professor Everton Sena e sua esposa Ana Cláudia, pais de Aimê, também diagnosticada com TEA e TDAH. Eles recorreram à Justiça para garantir acesso a uma clínica não credenciada, mas desde agosto de 2024, os pagamentos do plano de saúde estão atrasados.

image Everton Sena e sua esposa Ana Cláudia, com a filha Aimê Sena (Foto: Cristino Martins | O Liberal)

“A Aimê teve avanços, como falar palavras essenciais e realizar atividades diárias. Quando a rotina é quebrada, ela fica agressiva e ansiosa, o que prejudica seu desenvolvimento”, conta Everton. Ele critica o atendimento das clínicas credenciadas, que oferecem profissionais pouco qualificados. “Recorrer à Justiça tem sido a única saída, mas o desgaste emocional e financeiro é enorme. Lidar com o descaso do plano de saúde afeta nossa saúde mental”, lamenta Everton.

A negligência dos Planos de saúde

A negativa dos planos de saúde é uma constante, mesmo com decisões judiciais favoráveis. Cláudio Pinheiro afirma: “Os planos de saúde ignoram liminares e preferem pagar multas a autorizar tratamentos, desrespeitando as famílias e o sistema judiciário.”

A situação reflete uma falha sistêmica que afeta milhares de crianças. “Existem leis que amparam o acesso a tratamentos, mas a falta de efetividade das políticas deixa as famílias à mercê dos planos de saúde e da demora da Justiça”, critica Cláudio.

Caminhos para o futuro

A mobilização do coletivo busca conscientizar o poder público sobre as necessidades reais das famílias. “Não basta criar um dia comemorativo para mães atípicas se não há ações concretas”, enfatiza Cláudio.

Apesar dos desafios, o coletivo continua sua luta por direitos para as crianças e adolescentes neurodivergentes. “Acreditamos que a união pode trazer mudanças. Nosso objetivo é garantir que nossas crianças tenham acesso ao que lhes é de direito”, conclui Fabiula Moraes.

Enquanto os planos de saúde ignoram suas obrigações, famílias como as de Maria Alice, Aimê, João Pedro e Luís Cláudio lutam para garantir o direito à saúde e ao desenvolvimento de suas crianças. O Descaso dos Planos de Saúde e o descumprimento das liminares expõe a fragilidade do sistema e a necessidade de maior fiscalização para assegurar o bem-estar das crianças e adolescentes que precisam de acompanhamento terapêutico adequado.

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