Coletivo de mães e pais atípicos luta por terapias essenciais para crianças e adolescentes autistas
“O Plano é Ser Respeitado” reúne mais de 400 famílias em busca de direitos negados pelos planos de saúde e políticas públicas efetivas
A luta por tratamentos adequados para crianças autistas no Brasil tem ganhado força através de coletivos como “O Plano é Ser Respeitado”, formado por pais e mães que enfrentam a negativa de terapias, atraso nos pagamentos e a falta de políticas públicas eficazes. Criado por um pequeno grupo de amigos, o coletivo já reúne mais de 400 famílias que buscam justiça por seus filhos.
Cláudio Pinheiro, advogado e pai de Luís Cláudio, de 15 anos, autista e cardiopata, é um dos fundadores do grupo. “O coletivo nasceu para unir forças contra a negativa de tratamento pelos planos de saúde. As famílias enfrentam não só atrasos nas terapias, mas também cobranças indevidas por parte de clínicas”, explica Cláudio.
O coletivo serve como rede de apoio, oferecendo acolhimento e informação para famílias de crianças autistas. “Nosso objetivo é garantir a realização dos tratamentos e conscientizar a sociedade sobre a importância desses atendimentos”, ressalta Cláudio.
Impactos da falta de terapias
A ausência de terapias adequadas afeta diretamente o desenvolvimento das crianças e a saúde mental de seus pais. Fabiula Moraes, mãe de João Pedro, de 13 anos, diagnosticado com TEA e TDAH, relata a situação do adolescente: “Meu filho sente a falta da terapia, e isso reflete no comportamento dele e na convivência social. Estamos emocionalmente exaustos.O sistema não nos dá suporte, e temos que recorrer à Justiça, que também não responde de forma eficiente”, compartilha Fabíola.
Cimara Lima, mãe de Maria Alice, de 6 anos, diagnosticada com TEA e TDAH, relata a importância das terapias. “Antes do tratamento, ela não falava e era muito agressiva. Hoje, ela fala, ficou mais independente e vai à escola”, explica Cimara.
No entanto, as dificuldades começaram quando o plano de saúde reduziu a carga horária das terapias e questionou sua eficácia. “Eles alegam que a terapia não surte efeito, mas é mentira. O tratamento mudou a vida da Maria Alice e da nossa família”, desabafa Cimara.
Situação semelhante é enfrentada pelo professor Everton Sena e sua esposa Ana Cláudia, pais de Aimê, também diagnosticada com TEA e TDAH. Eles recorreram à Justiça para garantir acesso a uma clínica não credenciada, mas desde agosto de 2024, os pagamentos do plano de saúde estão atrasados.
“A Aimê teve avanços, como falar palavras essenciais e realizar atividades diárias. Quando a rotina é quebrada, ela fica agressiva e ansiosa, o que prejudica seu desenvolvimento”, conta Everton. Ele critica o atendimento das clínicas credenciadas, que oferecem profissionais pouco qualificados. “Recorrer à Justiça tem sido a única saída, mas o desgaste emocional e financeiro é enorme. Lidar com o descaso do plano de saúde afeta nossa saúde mental”, lamenta Everton.
A negligência dos Planos de saúde
A negativa dos planos de saúde é uma constante, mesmo com decisões judiciais favoráveis. Cláudio Pinheiro afirma: “Os planos de saúde ignoram liminares e preferem pagar multas a autorizar tratamentos, desrespeitando as famílias e o sistema judiciário.”
A situação reflete uma falha sistêmica que afeta milhares de crianças. “Existem leis que amparam o acesso a tratamentos, mas a falta de efetividade das políticas deixa as famílias à mercê dos planos de saúde e da demora da Justiça”, critica Cláudio.
Caminhos para o futuro
A mobilização do coletivo busca conscientizar o poder público sobre as necessidades reais das famílias. “Não basta criar um dia comemorativo para mães atípicas se não há ações concretas”, enfatiza Cláudio.
Apesar dos desafios, o coletivo continua sua luta por direitos para as crianças e adolescentes neurodivergentes. “Acreditamos que a união pode trazer mudanças. Nosso objetivo é garantir que nossas crianças tenham acesso ao que lhes é de direito”, conclui Fabiula Moraes.
Enquanto os planos de saúde ignoram suas obrigações, famílias como as de Maria Alice, Aimê, João Pedro e Luís Cláudio lutam para garantir o direito à saúde e ao desenvolvimento de suas crianças. O Descaso dos Planos de Saúde e o descumprimento das liminares expõe a fragilidade do sistema e a necessidade de maior fiscalização para assegurar o bem-estar das crianças e adolescentes que precisam de acompanhamento terapêutico adequado.
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