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Família Schurmann encerra no Pará expedição científica para pesquisa inédita

Pesquisa percorreu mais de 10 mil quilômetros coletando 891 amostras de frutos do mar que demonstrarão nível de poluição na costa brasileira

Vito Gemaque
fonte

Após percorrer mais de 10 mil quilômetros e mais de 20 cidades brasileiras, a família Schurmann encerrou a expedição científica terrestre da Voz dos Oceanos em Belém, no Pará. A pesquisa inédita avaliará a presença de microplásticos em animais bivalves (frutos do mar), seres que filtram as impurezas dos oceanos, com 891 amostras de toda a costa brasileira.

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O grupo formado majoritariamente por mulheres apresentou os próximos passos da pesquisa e da expedição na tarde desta segunda-feira (15/07), na Estação das Docas. Eles começaram a expedição no dia 11 de maio em Itajaí (SC) e finalizaram em Belém, nesta segunda-feira. As amostras agora serão enviadas para análise nos laboratórios da Universidade de São Paulo (USP), parceiro do projeto.

O grupo é formado pelas biólogas marinhas Marília Nagata e Jessyca Lopes; a oceanógrafa Katharina Grisotti e a jornalista Thamys Trindade, além dos líderes do projeto, Vilfredo e Heloísa Shürmann. Eles contarão detalhes da jornada, suas impressões e próximos passos para a conclusão da pesquisa que será apresentada na COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), em Belém, em novembro de 2025.

Os microplásticos são pequenos pedaços de plástico inferiores a 5 mm. Esses objetos podem já apresentar esse tamanho ou apenas após a degradação. Os microplásticos hoje estão sendo encontrados dentro dos animais marinhos e até do corpo humano. Os efeitos nocivos ao meio ambiente, à saúde de animais e aos seres humanos ainda estão sendo estudados, mas as substâncias de determinados plásticos podem estar relacionadas a doenças como câncer. Eles foram detectados no meio ambiente pela primeira vez em 1970.

"Nunca tivemos nenhuma pesquisa em abrangência especialmente em todo o Brasil deste tipo sobre microplásticos. Há estudos mais locais, que podem ser comparados entre si, mas que acabam não tendo uma abrangência tão grande", declarou a pesquisadora a doutoranda em Oceanografia Marília Nagata, que comanda a pesquisa na expedição.

Devido a isso não há como comparar a presença e os tipos de microplásticos presentes na costa brasileira. "A gente vai obter com as coletas de agora estudos sobre a poluição de microplástico. Isso para entender como está de fato afetando o meio ambiente e toda essa parte de segurança alimentar", complementou.

Os bivalves são organismos "filtradores" de poluentes como os microplásticos, que acabam consumidos pela população por meio da ingestão dos alimentos. Em cada destino, a tripulação procurou por mercados públicos com frutos do mar frescos, pescados na região. Em cada local da expedição foram coletadas de uma a três espécies de bivalves, chegando a sete espécies diferentes, dos 891 adquiridos. Dentro desse universo há dois tipos de ostras, mexilhão, sururu, maçunim (ou bermigão), lambreta e tarioba.

A líder Heloísa Schurmann, com as inúmeras expedições na sua história ao longo de décadas, avaliou que a consciência sobre o cuidado ambiental tem crescido na sociedade. "Fico muito feliz mesmo de dizer de coração que nós estamos muito melhor, cada vez mais. A minha esperança é que há mais pessoas, mais ONGs, mais estudantes envolvidas em fazer a diferença, cabe a nós mudarmos o nosso dia-a-dia, os nossos hábitos, o nosso consumo, mas existem mais e mais pessoas no Brasil. Eu fico mais feliz porque é uma onda que está crescendo", declarou.

Já Vilfredo Shürmann destacou que a expedição conseguiu aumentar a atenção para o problema do microplástico no meio ambiente do Brasil. Um dos parceiros científicos da expedição o professor Alexander Turra, coordenador da Cátedra UNESCO de Sustentabilidade Oceânica, do Instituto Oceanográfico da USP, conseguiu um grande apoio para fazer com mais qualidade a análise. "Com esse projeto uma empresa japonesa doou um equipamento de um milhão e duzentos mil reais para o professor Turra, que irá conseguir definir quais tipos de plástico que tem em cada molusco", comemorou.

Os Schurmann não descartam uma parceria futura com universidades de todo mundo para realizar uma pesquisa mundial, mas precisará para isso superar empecilhos burocráticos.

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Pará
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