Faca é tudo igual? Cuteleiro destaca peças feitas de costela de baleia a chifre de cervo

O cuteleiro Ercy Souza apresentou facas com cabos feitos de elementos incomuns, voltados para a churrascaria. Confira!

Fabyo Cruz
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Mesmo que a maioria das atividades de culinária possa ser feita com facas versáteis, como uma faca de chef, cutelo, pequena e serrilhada, existem também aquelas especializadas feitas de materiais diversos para tarefas específicas. Na Região Metropolitana de Belém (RMB), um cuteleiro vende facas com cabos feitos de elementos incomuns como costela de baleia, chifre de cervo e canela de avestruz não sintéticos.

“A diferença dessas facas para as facas comuns é porque elas são, prioritariamente, facas de cutelaria artesanal e exclusivas. Não trabalho com parceiros de cutelarias que trabalham com a linha industrial, então isso já traz uma preocupação de fazer uma a uma para se tornarem de alta qualidade”, disse Ercy Souza, de 40 anos, que há aproximadamente seis anos, faz pesquisas em cutelaria e atua na empresa Bico Facas.

Ercy conta que os cabos das facas possuem uma extensa variedade de componentes, como os feitos por costela, chifre e ossos originais de animais. Eles também podem ser feitos com madeiras, tais como pau-brasil, nó de pinho, sebastian, jacarandá, imbuia, guajuvira e pau-ferro. Enquanto ao aço, o cuteleiro trabalha com três tipos: damasco, carbono e o inoxidável 420C. 

image "Ferrari" das facas tem várias camadas de aço e cabo em materiais como ossos e até marfim (Foto: Fabyo Cruz / Especial para O Liberal)

A faca com cabo de costela de baleia é um dos destaques de Ercy, que explicou como o item é produzido: “Ela é feita de aço damasco, que são várias placas de aço fundidas.  Vai para a forja, onde o aço é esticado, dobrado ao meio, e assim refaz o processo novamente, volta para o fogo, vai batendo, estica e dobra de novo. Com essas dobras, elas fazem aproximadamente 280 para mais, o 280 é um padrão mínimo para uma qualidade de excelência do aço damasco. (...) O cabo é feito com pedaços originais da costela da baleia, e algumas resinas utilizadas são: madrepérola, epóxi e cristal”.

O cuteleiro lembra que começou a trabalhar no ramo ainda no período da pandemia. De lá para cá, ele intensificou seus estudos e passou a dedicar-se à comercialização de algo, que, até então, era um passatempo. “A Bico Facas surge por uma necessidade financeira mesmo. Na época, meu filho estava com seis meses quando começou a pandemia. Eu já tinha pelo menos uns três anos estudando facas, aços e cutelarias nacionais. Daí comecei a trabalhar na linha de churrasco, porque existem também as linhas de cozinha, caça e combate, quando as coisas passaram a fluir”, contou Ercy.

image Cabos polidos, duráveis e atraentes, com uso de materiais nobres que fazem da faca uma obra de arte (Foto: Fabyo Cruz/Especial para O Liberal)

Fora as facas, adereços e acessórios atrelados ao universo do churrasco, Ercy Souza também promove cursos e oficinas de afiação e amolação de facas, onde ele apresenta a história das facas e suas origens na Idade da Pedra. As aulas são destinadas ao público geral, do iniciante ao intermediário. Mais informações sobre compra e cursos podem ser encontradas no Instagram @bicofacas ou por meio do número: (91) 98494-7878

Materiais artesanais e sustentáveis

Os chifres de animais e outros materiais naturais para fazer os cabos de facas artesanais vêm geralmente de fontes específicas e são obtidos de forma sustentável. Aqui estão algumas das principais origens desses materiais:

  • Chifres de Bois e Cervídeos: Chifres de bois (como o gado doméstico) e de cervídeos (como veados, alces e caribus) são bastante comuns. Esses animais perdem seus chifres naturalmente (no caso dos cervídeos) ou são abatidos para carne e outros produtos, com os chifres sendo um subproduto.
  • Chifres de Búfalos e Bisões: chifres de búfalos e bisões também são usados. Eles podem ser obtidos de animais criados em fazendas ou de populações selvagens controladas.
  • Marfim e presas de mamíferos: embora o uso de marfim seja altamente regulamentado devido à proteção dos elefantes, ainda há artesãos que usam marfim de mamutes, que é legalmente permitido em muitos lugares. Presas de javalis e de morsas também são usadas.
  • Osso: ossos de vários animais, como bovinos e camelos, são utilizados. Eles são frequentemente tratados e polidos para criar cabos duráveis e atraentes.
  • Madeira dura: madeiras duras como ébano, nogueira, teca e pau-brasil são frequentemente escolhidas por sua beleza e durabilidade. Essas madeiras são colhidas de florestas manejadas de forma sustentável ou de árvores caídas.
  • Conchas e corais: conchas de moluscos e corais, embora menos comuns, também são usados para criar cabos únicos. A coleta desses materiais deve ser feita de maneira a não prejudicar os ecossistemas marinhos.
  • Materiais reciclados e resíduos: alguns artesãos optam por usar materiais reciclados ou resíduos de outras indústrias, como sobras de madeira ou chifres que seriam descartados.

A obtenção desses materiais geralmente envolve práticas sustentáveis e regulamentações rigorosas para garantir que não haja impacto negativo sobre as populações de animais ou ecossistemas. Muitos artesãos também se comprometem com práticas éticas, utilizando materiais que são subprodutos de outras indústrias (como a pecuária) ou escolhendo alternativas ecológicas sempre que possível.

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