Equoterapia traz esperança para dezenas de crianças e adolescentes atendidas em projeto
A equoterapia é um tipo de terapia realizada com cavalos e que serve para estimular o desenvolvimento da mente e do corpo
Raíssa Almeida, 30 anos, teve sua vida mudada por causa da equoterapia. Aos 10 anos ela teve depressão e síndrome do pânico logo após apresentar as primeiras crises de epilepsia. “Ela tinha medo de tudo e não conseguia nem mesmo olhar para as pessoas. Passava o tempo todo agarrada em mim”, conta sua mãe Socorro Almeida.
Foi então que a terapeuta com quem fazia tratamento indicou a equoterapia. “Ela perguntou pra mim se eu iria levá-la à força e eu disse que era para o bem dela". A mãe conta que a mudança foi muito rápida, e com 15 dias de tratamento já era perceptível a diferença. " Em duas semanas ela já conseguia dormir e ficar mais calma, inclusive um pouco calada porque ela não parava de falar. Com 30 dias ela disse que queria ir para a missa. A partir daí ela pediu para voltar a estudar e foi retomando a vida normalmente”, conta emocionada.
Raíssa é pedagoga com especialização em educação inclusiva e diz orgulhosa que já passou por várias etapas no projeto, de paciente à funcionária. “Fui paciente, aluna voluntária (por conta da minha rápida melhora e paixão por crianças), estagiária e ex-funcionária”, disse.
VEJA MAIS
A equoterapia é um tipo de terapia realizada com cavalos e que serve para estimular o desenvolvimento da mente e do corpo, sendo indicada para pessoas que possuem deficiências ou necessidades especiais, como é o caso da Síndrome de Down, paralisia cerebral, esclerose múltipla e autismo, por exemplo.
O projeto de equoterapia de Castanhal é desenvolvido pela APPS (Associação dos Pais dos Projetos Sociais Criança Modelo e Equoterapia) em parceria com o Sindicato Rural de Castanhal e surgiu em dezembro de 1999 com a Cavalaria da Polícia Militar que utiliza o espaço do Parque de Exposição de Castanhal e que pertence ao Sindicato, para guardar os animais. “Geralmente onde tem cavalaria tem esse tipo de projeto e a APPS foi convidada”, informou Regina, diretora e Assistente Social da APPS.
Ela relata ainda que atualmente o projeto passa por algumas dificuldades. “Nossos cavalos são doados por empresários e a PM ficava responsável pelo manejo dos animais. Tínhamos quem cuidasse dos cavalos 24 horas por dia. O projeto contava com veterinário e alimentação à disposição, porém com a pandemia a PM se retirou do projeto e não sabemos o motivo. Agora estamos procurando parceiros porque somos uma associação filantrópica”. “Não é fácil fazer Equoterapia. Em Belém, por exemplo, a mensalidade custa em torno de R$ 1.500 reais por criança”, explicou.
Atendimento
Atualmente 32 pessoas são atendidas pela entidade, com a faixa etária de 3 a 37 anos. O atendimento dura, em média, dois anos e acontece todas as terças, quartas e quintas e cada sessão dura em média trinta minutos. A fila de espera é de mais de 70 pessoas de Castanhal e de municípios vizinhos. Antes da pandemia eram atendidos cerca de 54 alunos. “Temos dez praticantes que não conseguiram se desvincular da equoterapia e, por isso, precisamos fazer um outro projeto envolvendo outras atividades como cursos profissionalizantes e trabalho de inclusão.
Os pacientes atendidos no projeto são portadores de variadas deficiências como: síndrome de down, autismo, paralisia cerebral, déficit de aprendizagem e inteligência intelectual. A equoterapia atende qualquer deficiência, desde que esteja apto para a prática”, explicou Regina.
A dificuldade para atender mais pessoas se dá também em função do número reduzido de cavalos. São apenas dois animais, sendo que um deles já está mais velho e por isso é poupado.
A boa notícia é que em breve a APPS vai poder contar com mais três éguas que foram doadas por um empresário local. Um dos animais já está quase totalmente apto para o trabalho.
Equipe
A equipe é formada por dez profissionais, sendo duas assistentes sociais, uma veterinária, um fonoaudiólogo, um terapeuta ocupacional, um fisioterapeuta, um pedagogo, um professor de educação física e dois Equitadores voluntários. “Todo mundo ajuda. Do banho até a limpeza dos excrementos dos animais logo após as sessões”, disse Regina.
Regina relata que o pagamento para atendimento no projeto é simbólico. "Recebemos cerca de 4 reais por atendimento. Esse valor é pago pelo SUS por meio da Secretaria de Saúde do município ". “O que vale mesmo é ver o resultado, a mudança de vida das crianças e das famílias. Eu nunca vou esquecer de um rapaz que entrou de cadeira de rodas e saiu andando com a mãe”, disse o equitador voluntário Willian Dias.
Parcerias
Atualmente, o projeto é mantido devido às parcerias que são realizadas, onde cada entidade assumiu uma função, dentro da sua competência para ajudar no resultado.
O Sindicato Rural de Castanhal atua como mantenedor, a Prefeitura de Castanhal, por meio da Secretaria de Saúde faz o repasse do valor pago pelo SUS; o Sesc com o projeto Mesa Brasil oferece os lanches e o Senac, organiza cursos para a equipe, pais e alunos. “Esse é um dos nossos projetos filantrópicos mais importantes que temos por causa do forte papel social que é o retorno das crianças e adolescentes à sociedade”, falou Almir Campos, presidente do Sindicato Rural de Castanhal.
A parceria com o Programa Mesa Brasil do Sesc está desde 2006. O Mesa Brasil doa alimentos para complementar e agregar valor nutricional aos lanches que são servidos aos participantes da Equoterapia. “O atendimento social se estende para os familiares. O Projeto impacta positivamente na vida de todos e isso tudo é feito com muito carinho e se torna muito gratificante para todos nós do Mesa Brasil”, disse Dores Rodrigues – Coordenadora Regional do Programa Mesa Brasil.
Retomada
A Polícia Militar informa que o serviço de Equoterapia prestado a pacientes do município de Castanhal era realizado por meio de um Termo de Cooperação Técnica celebrado entre o comando do 5º Batalhão, sediado no município, e a Associação dos Pais dos Projetos Sociais Criança Modelo e Equoterapia - APPS. A retomada das ações ocorrerá após a celebração de um novo Termo de Cooperação Técnica, cuja data não foi informada.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA