Em Alter do Chão, pesquisa sobre biodiversidade indica ameaça às savanas amazônicas

Estudos ecológicos de vários organismos tem monitorado a biodiversidade em áreas da vila balneária de Alter do Chão

Andria Almeida
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Há mais de vinte anos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) realizam estudos ecológicos de vários organismos para monitorar a biodiversidade em áreas da vila balneária de Alter do Chão, no município de Santarém, no Pará. Esse é um projeto piloto que tem durado em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), que ao observarem a savana amazônica identificou-se um ecossistema ameaçado, cobrindo apenas 6% do bioma Amazônia.

Ao longo dos anos várias pesquisas foram publicadas com base nesse monitoramento. O último estudo científico foi publicado em 2021 por meio de um artigo intitulado “Long-term standardized ecological research in na Amazonian savanna: a laboratory under threat” – que quer dizer “Pesquisa ecológica de longa duração em uma savana amazônica: um laboratório ameaçado, em tradução livre para o Português”.

A última conclusão consta que o fogo e o solo são importantes para a manutenção da tensão entre a floresta e a savana. E ainda que o fogo parece não afetar populações de roedores e de lagartos que habitam as savanas da região. Esses animais desenvolvem estratégias comportamentais que permitem maior resiliência. Já a estrutura da vegetação das savanas é fortemente afetada pelo fogo, o que pode prejudicar alguns animais indiretamente.

Criação e falta de força da APA

De acordo com o pesquisador, o desenvolvimento de pesquisas na região ajudou na criação da Área de Proteção Ambiental (APA) de Alter do Chão em 2003, uma iniciativa com forte participação popular. No entanto, ela não foi suficiente para ordenar a ocupação do território pelos empreendimentos imobiliários na região.

“Nos últimos anos, diversas parcelas foram destruídas por loteamentos clandestinos, construções irregulares, construção de estradas e outros empreendimentos que não levam em conta a existência de uma Unidade de Conservação ali”, enfatiza Fadini. Além disso, após quase 20 anos de sua criação, a APA Alter do Chão ainda não produziu seu plano de manejo, gerando insegurança para a continuidade das pesquisas.

“Apresentamos os resultados desses estudos padronizados realizados nas savanas e fragmentos florestais próximos a Alter do Chão, mas também discutimos os prospectos futuros e as ameaças ao sítio de estudo, ressaltando a importância de incorporar os moradores de Alter do Chão no planejamento de uso da terra daquela região”, conclui.

Estudos sobre o tema

Os estudos foram padronizados a partir do final da década de 1990 e se tornaram o embrião para a criação do Sistema RAPELD (protocolo de pesquisas para estudos rápidos (RAP) em pesquisas ecológicas de longa duração (PELD)). Esse sistema vem sendo utilizado no sítio de pesquisa ecológica de longa duração da Popa.

No decorrer dessas décadas a pesquisa realizada na área de Alter do Chão já soma a publicação de 70 artigos científicos e 31 dissertações de mestrado e teses de doutorado. “Este estudo é importante porque sintetiza os esforços de pesquisa conduzidos por diversos grupos de pesquisadores. Pesquisa que resultou no avanço do conhecimento científico sobre a biodiversidade das savanas, na formação de jovens cientistas e no auxílio à criação de políticas públicas que beneficiam os moradores da região de Alter do Chão”, destaca Rodrigo Fadini.

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