É possível pegar HPV na academia? Infectologista esclarece dúvidas sobre contágio em locais públicos

A estudante de medicina Victoria Pinese Sartorelli, de 24 anos, trouxe à tona um debate sobre a transmissão do HPV (papilomavírus humano) ao afirmar, em um vídeo que viralizou nas redes sociais, ter desenvolvido uma verruga causada pelo vírus após tocar objetos infectados em sua academia. O caso levantou dúvidas sobre os modos de transmissão do HPV e gerou discussões sobre a necessidade de medidas preventivas em locais públicos.

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O infectologista Paulo Seabra de Farias explica que o HPV é um vírus transmitido principalmente por meio de contato íntimo, especialmente em relações sexuais sem proteção. Entretanto, ele aponta que, em raras situações, pode haver transmissão pelo contato com superfícies contaminadas, como objetos que tenham secreções infectadas.

“Se uma pessoa com uma lesão ativa, como uma verruga causada pelo HPV, deixar secreções em uma superfície e outra pessoa entrar em contato direto com essa área infectada, há uma chance, ainda que pequena, de transmissão. Por isso, a higiene é fundamental, especialmente em locais públicos, como academias e ônibus, onde o uso de sabão líquido e a higienização das mãos são medidas eficazes para evitar contaminações de qualquer tipo”, esclarece Farias.

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Além disso, o médico reforça que as lesões causadas pelo HPV podem variar desde verrugas comuns até alterações mais graves, como lesões precursoras de câncer no colo do útero, no pênis e em outras áreas. Por isso, campanhas de prevenção são indispensáveis.

A importância da vacinação contra o HPV

O infectologista destacou o papel essencial da vacina na prevenção de infecções e no controle da disseminação do vírus. “A vacina contra o HPV é amplamente disponibilizada pelo Ministério da Saúde para crianças e adolescentes antes do início da vida sexual, o que garante maior eficácia. Em casos especiais, como pacientes transplantados ou portadores de HIV, o imunizante pode ser aplicado até os 45 anos, por meio dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE)”, detalha.

Ele também aponta que, apesar de não ser universal para todas as idades, a vacina protege contra os tipos de HPV mais associados ao câncer. “Se fosse ampliada para toda a população, poderia ter impacto no controle da disseminação do vírus, mas o benefício seria maior na redução de lesões graves e cânceres associados, e não na prevenção de lesões mais simples, como verrugas”, ressalta.

Cuidados para evitar a transmissão em locais públicos

Embora a transmissão em locais públicos seja menos comum, o especialista recomenda medidas básicas para prevenir infecções. Entre elas, evitar o uso compartilhado de objetos pessoais, higienizar equipamentos em academias antes do uso e priorizar o uso de sabão líquido em vez de sabão em barra em banheiros públicos. “Esses hábitos simples, aliados à vacinação, são essenciais para reduzir não apenas a transmissão do HPV, mas também de outras infecções que podem ocorrer em ambientes públicos”, conclui Paulo Seabra de Farias.