Novo teste de HPV no SUS é ‘inovador’ e pode antecipar em 10 anos diagnóstico de câncer
Ministério da Saúde anunciou, nesta semana, substituição do exame conhecido como ‘Papanicolau’ por tecnologia mais precisa
Nesta semana, o Ministério da Saúde (MS) anunciou que um novo teste para detecção de HPV em mulheres será incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a pasta, o teste é inovador e utilizará testagem molecular para detecção do vírus e rastreamento do câncer do colo do útero, além de poder antecipar os diagnósticos em 10 anos.
O ginecologista e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Júlio César Teixeira, conduz há seis anos um programa de rastreamento de HPV que utiliza o teste, em vias de ser disponibilizado na rede pública. Em entrevista à Agência Brasil, o médico explicou que a proposta é que o teste substitua o exame conhecido como “Papanicolau”.
“É um teste feito por máquina, ou seja, tem um erro próximo de zero, enquanto o Papanicolau tem muitas etapas onde há muita interferência humana”, declarou. Segundo Teixeira, a tecnologia permite que a testagem seja feita apenas de cinco em cinco anos; intervalo maior do que o rastreio feito pelo Papanicolau, a cada três anos.
Ainda de acordo com o ginecologista, a relação da infecção por HPV com alguns tipos de câncer – colo de útero, de boca, na vulva, no pênis e no ânus – pode ser melhor enfrentada, aliando o novo tipo de testagem do HPV com a vacinação precoce em adolescentes de até 15 anos.
Dados atuais indicam que, todos os dias, 16 mulheres morrem por câncer de colo de útero no Brasil; uma a cada 82 minutos, com idade média de 45 anos. “Isso poderia ser evitado. Esse é o nosso foco”, afirmou o médico.
Importância da imunização em crianças
Sobre a resistência de alguns pais à vacinação das crianças, o professor esclarece: “O objetivo da vacinação não é prevenir uma infecção sexual ou liberar um adolescente para o início da vida sexual. O objetivo é prevenir câncer. Eu sou da Unicamp e estou tratando gente internada, mulheres de 30 a 35 anos, com câncer avançado, em estágio bem avançado e muito ruins, que estão para morrer. Toda semana a gente vê isso. E poderia ser evitado com essas ações de vacinação e de rastreamento periódico”.
Teixeira também falou sobre a importância de vacinar meninas e meninos, abaixo dos 15 anos de idade. Segundo o médico, em países onde a imunização contra o HPV começou em 2004 (10 anos antes do que no Brasil), já não há mais casos de câncer provocados pelo HPV. “O câncer vai sumindo e nós vamos poder investir o dinheiro economizado e as vidas economizadas em outras ações para o país”, enfatizou.
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