Dengue: saiba quais são os medicamentos indicados e os contraindicados para tratamento da doença
O uso de medicamentos erroneamente pode agravar o quadro causando a forma hemorrágica da doença
O número de casos prováveis de dengue no Brasil segue em crescimento. Segundo dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses, divulgado pelo Ministério da Saúde, o país registrou 688.461 mil casos prováveis da doença em 2024. A taxa de incidência da doença é 339,0 casos para cada 100 mil habitantes. Também foram registradas 122 mortes pela doença e 456 estão sob investigação.
Ocorre que não há um medicamento exclusivo para o tratamento da dengue, os remédios disponíveis para amenizar os sintomas devem ser indicados por um médico, já que muitos deles, usados no dia a dia e vendidos sem a necessidade de prescrição médica nas farmácias, podem aumentar o risco de sangramento.
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Nesse sentido, o médico infectologista Alessandre Guimarães explica que alguns grupos de medicamentos de uso contínuo das pessoas no tratamento dos sintomas, no caso de dengue, podem ocasionar sérios problemas. “Muitas pessoas fazem de rotina medicamentos para ‘afinar o sangue’ que são anticoagulantes, sendo o mais comum a aspirina. Essa medicação é contra-indicada em caso de Dengue, pois é muito comum haver uma disfunção das plaquetas que são as células envolvidas na coagulação do sangue, e se a pessoa ainda fizer medicamentos que também atuem nessa função, pode aumentar o risco de sangramentos. Então, perante o diagnóstico de Dengue, momentaneamente, suspenda a aspirina”, alerta o especialista.
Ainda de acordo com o médico, outra categoria de medicamento que devem ser evitados são os antiinflamatórios (nimensulide, diclofenaco, ibuprofeno, entre outros). De acordo com Alessandre, “essa categoria deve ser evitada pelos mesmos motivos das aspirinas, pois também aumentam as chances de sangramento e não devem ser usados no tratamento dos sintomas da dengue”.
Medicamento à base de corticóide
Os antiinflamatórios hormonais (como os corticoides - medicamentos usados por pessoas que têm asma, alergias, pneumopatias, doenças reumatológicas) também não devem ser usados na dengue.
O infectologista explica que esses remédios prejudicam a resposta imunológica do indivíduo, principalmente em altas doses, ocasionando queda ainda maior no número de leucócitos, que são as células de defesa do organismo. Porém, ao contrário das outras medicações (aspirina, nimensulide, ibuprofeno, diclofenaco) que podem e devem ser suspensas de imediato, quem usa corticoide por tempo prolongado não deve ter essa medicação suspensa intempestivamente, devido um “efeito rebote” ou abstinência da droga, devendo ser consultado um médico para estudo caso a caso é provável interrupção paulatina.
Paracetamol e dipirona
O especialista explica que o ciclo do vírus da dengue percorre a região do fígado do indivíduo, e causa lesão (morte) de células do fígado, como uma hepatite transitória, então, evitar o uso de paracetamol. Por ela ser uma droga extremamente hepatotóxica, ou seja, que agride mais o fígado, ela pode ser um fator complicador da dengue, e causar uma hepatite medicamentosa.
Logo, Alessandre Guimarãe ressalta que tanto Ministério da Saúde quanto a Organização Mundial da Saúde adotam a recomendação apenas de dipirona como a melhor estratégia para controle da dor e da febre.
Perigos da automedicação
Como abordado, alguns medicamentos de uso recorrente da população ao invés de tratar, podem ocasionar o agravamento do quadro de dengue na pessoa.
Sendo assim, o médico recomenda que se tenha um cuidado na hora de medicar-se, devendo realizar a ingestão de qualquer remédio apenas após uma prescrição médica, para evitar o consumo de substâncias sem o respaldo clínico.
“Cabe o juízo consentido evitando chás, ervas, ivermectina, vitaminas e outras substâncias sem respaldo científico que podem até serem nocivas ao fígado, ao sistemas digestivo e circulatório, levando ao agravamento do indivíduo”, explica
Remédio contra indicados
- Aspirina e AAS
- paracetamol
- indometacina
- ibuprofeno
- diclofenaco
- piroxicam
- naproxeno
- nimesulida
- sulfinpirazona
- fenilbutazona
- sulindac.
- Prednisona
- Hidrocortisona
- Ivermectina
Hidratação e repouso
E, por fim, o especialista explica que o mais indicado quando se está com o diagnóstico confirmado é o repouso, ingerir bastante líquidos e apenas fazer uso de remédios sintomáticos, ou seja remédios para náuseas, vômitos, dentre outros, desde que seja devidamente prescrito por um médico especialista.
Lucas Quirino (Estagiário sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidades)
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