Curiosidades da memória política em Santarém

Vamos começar com histórias do nosso passado colonial

Pe. Sidney Augusto Canto/ Especial para O Liberal
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A pedido de alguns leitores, vamos começar no dia de hoje e levar até outubro, algumas curiosidades da história política de Santarém. Vamos começar com algumas do nosso passado colonial.

Sobre a política colonizadora

Quando Portugal começou a colonização do Grão-Pará, é bom que se lembre que muitos dos colonos não trabalhavam com as próprias mãos, mas se utilizavam da mão de obra escrava. Conseguir indígenas para trabalhar, entretanto, não era uma tarefa fácil. Era considerado crime escravizar os indígenas. Mas e se os indígenas em questão já não fossem livres, mas escravos de outros indígenas? Os colonos, sabendo do costume indígena de fazer guerra aos inimigos e do uso da antropofagia ritual de muitas dessas tribos, incentivavam as guerras intertribais. Assim, usavam de um artifício de “resgatar” aqueles escravos que seriam devorados por outras tribos (daí a existência das chamadas “tropas de resgate”). Muitas dessas “tropas de resgate” visitaram a aldeia dos Tapajó. Heriarte, que era companheiro de Pedro Teixeira, nos dá a seguinte informação dessa época: “Dão guerra estes a todos os demais daquele circuito, de quem são temidos. Tem muitos escravos; outros que vendem aos portugueses por ferramentas para fazerem suas lavouras, e roças á terra”. Para burlar a lei, as tropas de resgate portuguesas, ao adquirem escravos para as lavouras próximas à cidade de Belém, justificavam que não estavam comprando indígenas livres, mas livrando os “escravos de corda” de virarem “mingau” nas mãos dos seus inimigos. E quando acabaram os escravos, as tropas de resgate começaram a levar os Tapajó livres para serem escravos dos colonos da cidade do Pará.

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O pedido para que Santarém se tornasse Vila

Em 1749, os colonos residentes junto da Fortaleza, na foz do Rio Tapajós, fizeram o seguinte pedido ao Rei de Portugal: “Dizem os moradores da Fortaleza de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Monte Alegre dos Tapajós, que pela distância em que se acham da Cidade do Pará, de quinze dias de viagem pelo Rio das Amazonas acima, e do Gorupá (sic) 8, não são os suplicantes mantidos em Justiça, e não podem recorrer para suas causas a partes tão distantes para onde o caminho é só por mar, e se precisa de grandes equipações de canoas, e nelas se corre risco de vida, e por ali se acharem muitos dos suplicantes com cacauais, cafezais e outras lavouras daquele Estado e a muitos anos ali moradores, e agora crescem os moradores. Recorrem a Vossa Majestade para que se digne mandar que aquele lugar seja Vila, junto da dita Fortaleza para assim serem os suplicantes assistidos de Justiça, e seguros como também a Fortaleza dos insultos dos Índios porquanto a pouco tempo que naquelas os Índios Aldeanos dos Pauxis sem causa alguma mataram cinco soldados, e moradores, e sem dúvida tomariam aquela Fortaleza dos Pauxis se o Tenente dela Joseph Coelho Machado por além via não tivera aviso que dentro dela defendeu a sua vida, e dos Padres Missionários, e Soldados, e com astúcia houve à mão os delinquentes, portanto: Pede a Vossa Majestade se faça mercê e graça mandar que o dito lugar seja Vila, junto da mesma Fortaleza para assim crescer a povoação em utilidade do Estado. E. R. Mce” (vide a imagem – Arquivo Ultramarino de Lisboa).

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