Comunidades extrativistas realizam a 1ª Marcha dos Manguezais Amazônicos nesta sexta-feira, em Belém
O evento objetiva promover visibilidade global à campanha, destacando a importância dos manguezais e das comunidades locais.
A 1ª Marcha dos Manguezais Amazônicos ocorre na manhã desta sexta-feira (26), em Belém. Na data em que se comemora o Dia Mundial de Proteção dos Manguezais, o evento é organizado por comunidades extrativistas e faz parte da programação do Julho Verde. O evento objetiva promover visibilidade global à campanha, destacando a importância dos manguezais e das comunidades locais. Organizada pelas Aurem's do Pará e apoiada pela Rare, a marcha teve a concentração na Escadinha e saída para o Ver-o-Peso.
Aurem é Associação de Usuários das Reservas Extrativistas Marinhas. É a representação da classe extrativista Marinha. A Rare é uma instituição não governamental que apoia as Resex - reservas Extrativistas. A campanha fortalece a política Pró-Manguezal, promovendo ações de conservação.
O pescador Laércio Amoras, de 58 anos, que veio da Reserva Extrativista (Resex) Maracanã, participou do ato em defesa da vegetação dos mangues. Para ele, essa é uma forma de conscientizar sobre a preservação. “A importância desse ato é que esse público que está aqui, nessa campanha em proteção dos manguezais, são eles quem fazem a proteção desses locais. Se hoje a gente tem o cinturão verde, o maior bioma de manguezal protegido do mundo, agradeço a esse público, que passa a maior dificuldade, mas estão mantendo os nossos manguezais em pé”, afirma.
“A floresta de manguezais, para nós, é mais viável em pé. Porque é nela que ela serve de laboratório da reprodução das espécies que mantêm mais de 120 mil famílias nessas 14 Resex do estado do Pará. Estamos nessa campanha porque precisamos de apoio. Precisamos que os nossos administradores nos olhem com carinho e nos dê força para proteger e que mantenha essa floresta em pé. A gente sabe que as grandes empresas querem derrubar os manguezais”, completa. É dos manguezais, disse, que essas comunidades tiram o seu sustento: peixe, camarão, caranguejo, mexilhão.
Manguezais são os grandes protagonistas na crise climática, diz Bruna Martins
Bruna Martins, também conhecida como “Bruna Mangueóloga”, é uma das articuladoras do movimento Julho Verde Manguezais e consultora pela Rare Brasil. “As florestas de manguezais do Pará, Amapá e Maranhão são hoje os manguezais mais protegidos do mundo. As nossas florestas são preservadas graças às comunidades tradicionais. Então a gente está aqui valorizando também a importância desses guardiões da maré na proteção desses manguezais, que são importantíssimos para a segurança alimentar e segurança climática do planeta”, disse.
Segundo ela, os manguezais hoje são os grandes protagonistas na crise climática. “Eles são capazes de armazenar até 20 vezes mais carbono do que outras florestas. Eles hoje são essenciais para a segurança climática e as comunidades são atores-chaves para a preservação desse ecossistema e saúde do planeta como um todo”, afirmou Bruna.
Ela acrescentou que a marcha mobilizou comunidades de todo o litoral do Pará. São 16 municípios costeiros, 14 reservas extrativistas e também tem representantes do Maranhão, já que, junto com o Amapá, forma o “Cinturão Verde”, essa maior área protegida de manguezais do mundo”.
Julho Verde
O Julho Verde é um movimento liderado pelas comunidades extrativistas dos manguezais amazônicos, visando mobilizar a sociedade sobre a importância da conservação desses ecossistemas. As atividades ão coordenadas pelas associações de usuários das Reservas Extrativistas do Pará, que participam de uma jornada formativa para planejamento, execução e avaliação da campanha.
A costa norte do Brasil abriga a maior área contínua e preservada de manguezais do mundo, com mais de 120 km², representando 87% dos manguezais do país. Esses ecossistemas são vitais para mais de 400 comunidades que dependem de seus recursos para segurança alimentar, costeira e climática. Em três anos, a campanha Julho Verde tem promovido a conscientização sobre o valor dos manguezais, consolidando-se como uma nova cultura de preservação.
As ações coordenadas da campanha também desenvolvem as organizações sociais locais, fortalecendo a capacidade das lideranças como agentes de transformação social. Além disso, a iniciativa promove a importância de comunidades organizadas e atuantes, demonstrando o valor da cooperação na conservação ambiental.
A 1ª Marcha do Mangal em Belém será uma oportunidade única para destacar as ações locais e a importância dos manguezais na mitigação das mudanças climáticas. Este evento reforça o compromisso das comunidades e das organizações envolvidas em proteger e valorizar esse ecossistema crucial.
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