Comunidade católica de Santarém vive expectativa para a volta do Círio presencial
Programação para 2022 traz novidades como a remaria, em parceria com Associação Santarena de Canoagem e Ecologia e a Feira do Círio
A 104ª edição do Círio de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Santarém, tem movimentado a comunidade católica do município, no oeste do estado. O manto que vestirá a imagem da santa foi apresentado durante celebração Eucarística na Igreja Metropolitana da cidade, no início deste mês.
O Círio da Conceição volta ao formato tradicional de procissão pelas ruas da cidade, o Círio de N. Sra. da Conceição será realizado no dia 27 de novembro. Para o diretor geral da festa, Padre Ruy Barbosa, o evento será marcado pela esperança. “É um Círio que quer buscar sempre mais o fortalecimento da nossa fé e da nossa vida. A expectativa é grande, justamente por ser uma manifestação pública religiosa de fé, nas ruas de Santarém”, contou.
A programação deste ano traz algumas novidades como a feira do Círio, realizada em parceria com o Sebrae Pará, que será realizada pela primeira vez, e a Remaria de Nossa Senhora da Conceição, que acontece em parceria com Associação Santarena de Canoagem e Ecologia (ASCAE). Essa é a 6ª edição do evento, porém, é a primeira vez que o trajeto irá atravessar as águas de dois estados - Pará e Amazonas.
Também haverá um leilão de objetos e animais no dia 8, data de encerramento da programação, que será marcada por missa e procissão. Ao longo dos próximos dias, ocorrem diversas programações que antecedem o Círio. “São romarias, procissões e manifestações que nos preparam para este período. Durante o período da festa haverá celebrações na catedral metropolitana de Santarém, pela manhã, e à noite, as santas missas e o Arraial festivo”, destacou Padre Ruy Barbosa.
Manto
O manto desta 104ª edição foi doado pela advogada Paula Piazza por meio de um edital lançado no início do ano, que escolheu ainda o doador do terço. Paula relatou no documento uma intercessão de Nossa Senhora para o nascimento da filha e a cura de um câncer.
O manto teve a concepção artística do estilista e restaurador de imagens Felipe Branco, e foi idealizado a partir do tema proposto: “Maria Imaculada, ensina-nos a caminhar em comunhão com a Igreja”. Já a confecção ficou por conta da estilista Terezinha Xabregas. A cor predominante é o marfim, com mantas e braceletes que remetem à aparição da Virgem Imaculada em Lourdes, vestida de branco e envolvida com uma cinta azul da cor do céu.
Ao centro do manto, onde se destaca a cor dourada, foi colocada a cruz paroquial que encima o frontão da Catedral de Santarém, cravejada de pedras, pérolas e cristais azuis, presente também no brasão da paróquia. “O símbolo da cruz faz alusão ao caminhar da Igreja, pois para toda a cristandade é a cruz de Cristo que norteia, aponta e vai à frente na nossa caminhada para o céu. Doce lenho da cruz que ergueu o Salvador e, por isso, sinal de salvação para o povo de Deus que peregrina na terra”, descreve a organização da festa.
Do lado direito da cruz brota o rio que banha a circunscrição eclesiástica da Arquidiocese e logo se espalha pela parte inferior, inundando completamente a orla do manto na cor azul hortência. “O movimento das águas em espiral bordado com paetês e miçangas nos lembram o reflexo da luz solar na água, como Maria que espelha as graças de Deus sobre nós. Não coincidentemente, a água saindo do lado direito de Cristo são os sacramentos e as graças vivificantes que inundam a Igreja e nos purificam dos pecados”, detalha Padre Ruy Barbosa.
Já o véu da Santa foi produzido em tule com acabamento em renda e cristais brancos, que expressa a pureza da Virgem Maria. O terço foi doado pela senhora Graça Malheiros, que também apresentou seu testemunho no edital lançado no início de 2022.
Um dos símbolos que marca a fé do Círio é a corda que acompanha a berlinda condutora da imagem da padroeira durante o evento. Este item teve sua origem no ano de 1919, com a função de puxar a Berlinda pelas ruas, que naquela época não tinha nenhum tipo de calçamento.
No entanto, no ano de 1926 foi vedado o uso da “corda” e da “berlinda”, ficando por conta do próprio povo conduzir a imagem de Nossa Senhora da Conceição em um andor, carregado sobre os ombros. O uso da corda só retornou à procissão no ano de 1971, quando o Sr. Edenmar da Costa Machado recuperou este símbolo no Círio de Santarém.
Os fiéis usam o item como forma de pagar promessas e de união como um ato de fé. Para esta edição, a diretoria da festa adquiriu uma nova corda que marcará, simbolicamente, este momento de fé e devoção da comunidade católica.
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