Pará é campeão de internações por AVC no Norte do país

Estado soma mais de 60% dos casos registrados na região, segundo o Ministério da Saúde

Cleide Magalhães
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Quatro em cada dez brasileiros adultos, o que corresponde a 60 milhões de pessoas ou 40% da população, estão com níveis de colesterol elevado. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 60% da população brasileira apresenta índices acima de 130mg/dL ou 160mg/dL. O colesterol alterado no organismo pode ocasionar diversos problemas de saúde, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC). No cenário nacional, o Pará é campeão de internações por de AVC na região Norte, com mais de 60% dos casos registrados na região. Até junho de 2018, o Estado havia registrado o maior número de internações por complicações do AVC no Norte do país, somando quase dois mil casos.

Além do AVC, o colesterol alto está entre os quatro principais fatores de riscos às doenças do coração que levam ao infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como "ataque cardíaco". Vale ressaltar, ainda, que as doenças cardíacas são a causa das mortes de quase 17 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), juntamente com a hipertensão, o diabetes e o tabagismo.

Nesta Semana Nacional de Combate ao Colesterol, pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), com base em levantamento feito e divulgado no ano passado, revela ainda que pelo menos 11% dos brasileiros nunca fez exame de colesterol e quase 70% só realizou o exame após os 45 anos. O levantamento foi feito com 850 pessoas de todo o Brasil.

Há cerca de dois anos, Sara Mascarenhas, 17 anos, estudante do 3º ano do Ensino Médio, descobriu que tem colesterol alto adquirido pela genética. "Praticamente toda minha família por parte de mãe tem colesterol alto. Desde os 13 anos, eu sentia dores na cabeça, vômitos e enjoos, fui ao médico e confirmou que tenho o problema e é genético. Não faço medicação, mas tenho que manter os cuidados com alimentação para ser mais saudável. O mais difícil é ter que evitar frituras e gorduras. Mas evito mesmo, porque tenho medo de ter AVC, pois meu tio e minha avó já tiveram", conta a estudante, que também tenta controlar o colesterol com a realização de exercícios físicos.

Cardiologista explica que colesterol em excesso ocasiona doenças

O cardiologista Kleber Ponzi esclarece que o colesterol é um tipo de gordura produzia pelo próprio organismo e ajuda no metabolismo em geral de todas as pessoas, mas em excesso pode levar a outros problemas de saúde.

"Uma das frações do colesterol pode se acumular nas artérias e causar a aterosclerose. A aterosclerose nas artérias do coração chama-se- aterosclerose coronariana. Então, essas placas de gordura ricas em colesterol e podem, ao longo do tempo, obstruir as artérias do coração e causar o fenômeno do infarto agudo do miocárdio, causado pela morte de parte das células do coração. Isso pode ocorrer também nas artérias do cérebro produzindo o Acidente Vascular Cerebral ou Encefálico, conhecido popularmente como derrame cerebral, que deixa sequelas".

Além de outros tipos de obstruções de artérias de membros inferiores e superiores do corpo. "Assim, embora o colesterol seja vital para o organismo, em excesso no sangue, principalmente em pessoas suscetíveis, pode dificultar e obstruir artérias importantes", explica Ponzi.  

O colesterol desempenha funções essenciais no organismo, como a produção de alguns hormônios a exemplo da vitamina D, testosterona, estrógeno, cortisol e ácidos biliares que ajudam na digestão das gorduras. "É um componente estrutural das membranas celulares em nosso corpo e está presente no coração, cérebro, fígado, intestinos, músculos, nervos e pele", destaca o médico, que é coordenador da Emergência Cardiológica do Hospital das Clínicas Gaspar Vianna, do Governo do Estado, em Belém.

Fatores

Muitos fatores podem contribuir para o aumento do colesterol, como tendências genéticas ou hereditárias, obesidade, idade, gênero, diabetes e sedentarismo. No entanto, um dos fatores mais comuns é a dieta, já que 30% do colesterol no organismo é proveniente da alimentação. As gorduras, sobretudo as saturadas, presentes em alimentos de origem animal, contribuem para a elevação do colesterol sanguíneo.

Para o diagnóstico do problema, o médico orienta que as pessoas procurem por um especialista pelo menos uma vez ao ano, a partir dos 35 anos, para a realização de perfil do colesterol, que na maioria das vezes não mjanifesta sintomas.

Dieta rica em frutas, verduras, legumes e grãos evita o aumento do colesterol, assim como a prática de exercícios físicos e a suspensão do fumo. Há casos em que mesmo com dieta regrada, alguns pacientes continuam apresentando colesterol alto. Nesses casos o médico indica o uso contínuo de medicamentos.

"Para evitar colesterol alto é importante não comer gordura da carne, dar prioridade aos alimentos frescos - como frutas, verduras e legumes - e evitar produtos mantidos com conservantes, assim como fast foods ("comida rápida" em inglês), biscoitos recheados e outros alimentos com alto nível de colesterol, sem esquecer os exercícios físicos regulares", orienta Ponzi.

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