Casos de malária reduzem em cidades da região amazônica do Brasil

Dados foram apresentados na última sexta-feira (15) durante o Encontro Anual da “American Society of Tropical Medicine and Hygiene”, que aconteceu em Nova Orleans, nos Estados Unidos

O Liberal
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A malária infecta atualmente cerca de 249 milhões de pessoas por ano no mundo todo, ocasionando cerca de 608 mil mortes. Parte dessa estatística diz respeito à incidência da doença na região Norte do Brasil. No entanto, ações preventivas têm ajudado a conter o avanço da doença, diminuindo o número de casos em seis municípios, incluindo Altamira, no estado do Pará, o maior do país e cuja capital, Belém, será a sede da COP 30, ano que vem.

A queda de ocorrências é histórica para o país: de 10.838 casos, no ano de 2011, baixou para 875, em 2023. Com isto, alguns dos municípios saíram da classificação de alto risco de malária e, atualmente, todos estão na faixa de baixo risco de transmissão. Pacajá, em 2011, tinha uma população de 42 mil habitantes, chegou a registrar 4.563 casos positivos, e viu o índice cair para 58 ocorrências em 2021, segundo o Sivep.

Esses números são resultados do Programa de Ação para Controle da Malária, uma iniciativa da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, a maior 100% brasileira, e também um importante agente para o desenvolvimento socioeconômico da região. Considerado um case de sucesso pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição brasileira referência em ciência, tecnologia e inovação em ciências biológicas e da saúde, os resultados do programa foram divulgados nesta sexta-feira, dia 15, durante o Encontro Anual da “American Society of Tropical Medicine and Hygiene”, que acontece em Nova Orleans, nos Estados Unidos. A apresentação foi realizada pelas pesquisadoras Izis Mônica Sucupira, Márcia Martins dos Santos e Marinete Marins Póvoa, do Instituto Evandro Chagas (IEC).

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O PACM foi executado entre os anos de 2011 e 2024 nos municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e Pacajá, todos na região Sudoeste do Pará. Contou com a parceria das secretarias municipais de saúde, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI). A empresa investiu cerca de R$ 46 milhões em medidas como a doação de móveis e equipamentos para os núcleos de vigilância em saúde e Unidades de Diagnóstico de Tratamento; doação de veículos, entre caminhonetes, motocicletas, ambulâncias e voadeiras, fornecimento de medicação e insumos e recursos para a contratação de enfermeiros e agentes de endemias.

Segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (Sivep), do Ministério da Saúde do Brasil, essas ações reduziram em até 99% os casos de malária nas seis cidades da área onde Usina foi implantada, em relação aos índices registrados antes da criação do programa. "Seguindo as orientações do Programa de Malária do Ministério da Saúde e a legislação vigente, foi mostrado que é possível estabelecer medidas e ações que mitiguem ou controlem a transmissão de agravos como a malária. Em resumo, essa iniciativa deixou para a região o legado de uma rede de saúde estruturada para dar continuidade às ações de controle e de prevenção, no âmbito das gestões municipais", explica Izis Sucupira, que atua como coordenadora do Monitoramento da Transmissão de Malária e Leishmanioses na Área de Influência da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

O PACM ainda foi mantido entre 2021 e 2023 nos municípios de Altamira, Anapu, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu, por meio de um termo de compromisso firmado entre a Norte Energia e o Ibama, autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

“O programa contribuiu efetivamente para o desenvolvimento da região e levou avanços sociais e cuidados para a população. As medidas implantadas, comprovadamente eficazes, podem ser multiplicadas para outras regiões do país onde a doença é endêmica”, afirma Bruno Bahiana, superintendente Socioambiental da Norte Energia.

Sobre a Malária

A malária é um grave problema de saúde pública no mundo, endêmica na África, no sul da Ásia e no Norte brasileiro. De acordo com o último relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2022, 608 mil pessoas morreram em decorrência da doença e 249 milhões foram infectadas no mundo, 5 milhões a mais do que em 2021. O aumento é significativo se comparado a 2019, antes da Covid-19, quando o registro mundial foi de 233 milhões. Os países africanos são os mais afetados. O Brasil, segundo o Ministério da Saúde, registrou 129 mil casos da doença e 50 óbitos em 2022. A região amazônica concentra 99% dos casos com transmissão local.

A malária é uma doença infecciosa febril causada por protozoário do gênero Plasmodium, transmitido ao homem, na maioria das vezes pela picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectado, também conhecido como mosquito-prego. A complexidade dos protozoários causadores da doença dificulta o desenvolvimento de vacinas e remédios, porque a cada ciclo de vida, o protozoário adquire novas formas e pode ficar em estágio dormente por meses ou anos no fígado do hospedeiro humano, sendo inclusive transmissível de mãe para filho.

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