Caso previsão se confirme, cometa Neowise poderá ser visto a olho nu no Pará
Visibilidade de cometas depende de muitos fatores, mas expectativa é que ele seja visto nos próximos dias no Estado
A Nasa descobriu, no último dia 27 de março, o cometa Neowise. A sonda espacial da agência, denominada Near-Earth Object Wide-field Infrared Survey Explorer (em português: explorador de busca no infravermelho de objetos próximos à Terra), cuja sigla é Neowise, o captou. A partir disso, o cometa, que foi batizado com o nome da sonda, tem despertado encantamento por onde passa.
Considerado um dos maiores e mais brilhantes já registrados, há previsão de que o Neowise possa ser visto pelos brasileiros, a olho nu, a partir de quarta-feira (22). "O seu período orbital foi inicialmente calculado como sendo superior a milhares de anos, o que significa que nenhum de nós o verá novamente, caso ele volte, depois desta sua passagem próxima da Terra", explica o professor Luiz Crispino, físico e coordenador do Núcleo de Astronomia da Universidade Federal do Pará (Nastro). A previsão é que a próxima "passagem" do Neowise pela Terra só ocorra em 6.800 anos.
Na próxima quinta-feira (23) será o dia em que o cometa atingirá sua máxima aproximação da Terra - 103 milhões de quilômetros. O professor Crispino chama atenção, entretanto, para o fato de que o cometa "não passará realmente 'perto' da Terra, uma vez que ele não se aproximará mais do que 100 milhões de quilômetros do nosso planeta!". "Sua máxima aproximação do Sol ocorreu no início deste mês de julho, dia 03. Agora ele está se afastando do sol", ressalta o professor.
Tais motivos levam o físico a ser cauteloso em afirmar, com exatidão, que os brasileiros, de fato, conseguirão ver o cometa. "Fazer previsões antecipadas sobre a visibilidade de cometas é sempre complexo, pois há vários fatores envolvidos", inicia Crispino, dando como exemplo o caso do cometa Halley, que é um dos cometas mais famosos, e tem período de aproximadamente 75 anos. "A história registrou que sua visualização em 1910 foi fantástica. Também por isso, havia grande expectativa para seu retorno às proximidades do Sol no final do ano de 1985. Eu tinha 14 anos à época. Para mim foi uma grande frustração, pois não consegui vê-lo de Belém", recorda o professor, ao acrescentar que "em princípio, o Neowise poderá ser visto de todo o Brasil, incluindo o estado do Pará".
A VISIBILIDADE DO NEOWISE NO PARÁ
Ainda falando sobre a visibilidade do Neowise na nossa região, o físico afirma que, se tudo ocorrer como previsto, a observação do cometa poderá ser feita a olho nu, sem a necessidade de aparelhos. "No entanto, instrumentos ópticos como binóculos, lunetas e telescópios, podem ajudar", garante, informando ainda que "a partir de meados desta semana, o cometa estará muito próximo do horizonte, na posição Noroeste".
"Vou ajudar na orientação: Fique de frente para a posição do pôr-do-Sol. Este é o Oeste (poente). Abra os braços na posição de uma cruz. Seu braço direito estará apontando para a posição Norte. A direção Nordeste está a meio caminho entre o Oeste e o Norte. Dito de outra forma, estará à sua frente (quando você estiver olhando para o poente), um pouco para a direita, logo acima do horizonte", orienta Crispino.
O astrofísico Dias da Costa, em entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo, também indicou que o corpo celeste deve ficar visível no Brasil nos dias previstos depois do pôr do sol, bem junto ao horizonte, no sentido noroeste. De acordo com ele, "como vai ser muito baixo no horizonte, o observador precisa procurar um horizonte limpo, sem prédios e um lugar escuro, em noite sem nuvens".
O NEOWISE
O Neowise recebeu o mesmo nome do telescópio espacial, lançado pela Nasa em 2009, que o descobriu em março. A partir daí, começou um estudo para classificá-lo e estimou-se que ele tem uma órbita de aproximadamente 6.800 anos - ou seja, esse é o tempo que ele demora para dar uma volta completa em torno do Sol.
É a ação solar que permite que os cometas sejam vistos. Isso porque, como são compostos por um núcleo de gelo, o calor do Sol provoca a sublimação desse material, transformando-o de sólido em gasoso. Assim, o gás que sobe pela superfície do corpo dá a visão do brilho que rasga o céu em sua passagem. Quanto mais longe do Sol, menos partes são desprendidas e menos visível ele fica.
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