Bombeiros ainda estimam dimensão do incêndio em Monte Alegre
Chamas atingem área de parque estadual que abriga relíquias arqueológicas
Uma equipe de militares do Corpo de Bombeiros Militar de Santarém, no oeste paraense, foi deslocada para o município de Monte Alegre na manhã deste domingo (06), para ajudar a controlar o incêndio que atinge o Parque Estadual do município. Desde sábado (5), equipes de brigadistas estão no local combatendo as chamas.
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Segundo informou o governo do Estado, está sendo feito um levantamento da área atingida, para saber a dimensão do alcance das chamas. No início da tarde deste domingo, um segundo grupo de militares foi deslocado de Santarém, levando mais equipamentos. "De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo está em progressão mais lenta, já que está contra o vento, o que favorece a ação das equipes de combate", disse o governo do Pará em comunicado expedido ao final da manhã deste domingo.
O incêndio no Parque Estadual de Monte Alegre (Pema) começou no sábado (5). O fogo consome parte da área conhecia como Serra da Lua, um dos sítios arqueológicos do Parque Estadual.
O município de Monte Alegre fica a cerca de três horas e meia de viagem de balsa de Santarém e é conhecido por sua inestimável riqueza arqueológica. O parque pertence à Área de Proteção Ambiental Paytuna, e está sob a gestão do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio).
Ciência e turismo - O Parque Estadual Monte Alegre (Pema) é classificado na categoria de Proteção Integral. É a primeira Unidade de Conservação criada com a participação da sociedade local, por meio da Lei Estadual n° 6.412, de 09 de novembro de 2001. O Parque está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Paytuna, no município de Monte Alegre, no oeste paraense, distante cerca de 3h30 de Santarém, em percurso feito por balsa. “Temos uma riqueza de biodiversidade imensurável no Pema, que precisa ser preservada. É uma Unidade de Conservação que abriga o sítio arqueológico mais antigo da Amazônia Sul-Americana, com pinturas rupestres datadas em mais de 11 mil anos”, ressaltou Karla Bengtson.
A Unidade de Conservação foi criada para preservar os ecossistemas naturais de grande relevância ecológica. Isso possibilita a realização de pesquisas científicas e de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação e contato com a natureza, e de turismo ecológico. O Plano de Manejo do Pema, principal instrumento de gestão, foi entregue e aprovado em 22 de novembro de 2010, por meio da Portaria nº 3.553.
A região de Monte Alegre sempre foi conhecida, em termos arqueológicos, pelas pinturas rupestres existentes no conjunto de serras. Já foram cadastrados 26 sítios arqueológicos, dos quais 15 estão dentro dos limites do Pema, e todos apresentam pinturas rupestres. Essa riqueza arqueológica tornou-se mundialmente conhecida a partir de 1848, quando o naturalista inglês Alfred Wallace percorreu a região e visitou os vários locais onde está esse patrimônio histórico.
Antiguidade - Entre os anos de 1991 e 1992, a arqueóloga Anna Roosevelt escavou o sítio Gruta do Pilão – que ela chamou de Gruta da Pedra Pintada. O resultado desta pesquisa revelou datas surpreendentes, de mais de 11 mil anos, o que demonstra a antiguidade da ocupação humana e da arte rupestre na região.
Localizado na extremidade sudoeste da Serra do Ererê, o sítio arqueológico Serra da Lua chama a atenção por suas pinturas policromáticas impressas em paredões que se estendem por mais de 200 metros a céu aberto. Destaca-se entre as pinturas um grande círculo, com um metro de diâmetro, pintado nas cores amarelo e vermelho, que inspirou a denominação da serra.
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