Áreas protegidas da Amazônia e do Pará registram queda de desmatamento
Em toda a Amazônia, 2023 teve a menor taxa de desmatamento em nove anos, enquanto no Pará foi o menor índice em 5 anos
As áreas protegidas da Amazônia, registraram, em 2023, a menor taxa de desmatamento em nove anos. O desmatamento em áreas protegidas caiu de 513 km², em 2014, para 386 km² em 2023. Já no Pará, o registro de desmatamento em 2023 foi o menor em 5 anos. O balanço foi de 1.783 km² de área desmatada no estado, em 2018, para 1.228 km², em 2023. Os dados são do monitoramento por imagens de satélite do instituto de pesquisa do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados na última segunda-feira (22).
O balanço revela, ainda, que a devastação dentro de terras indígenas e unidades de conservação passou de 1.431 km² em 2022 para 386 km² em 2023, na Amazônia. Isso representa uma diminuição de 73%, quase quatro vezes menos. Essa redução superou a queda geral na derrubada, que passou de 10.573 km² em 2022 para 4.030 km² em 2023, um decréscimo de 62% — quase três vezes a menos. Com isso, o desmatamento registrado de janeiro a dezembro do ano passado foi o menor em cinco anos, desde 2018.
Porém, ainda representa a derrubada de cerca de 1,1 mil campos de futebol por dia, sendo superior ao registrado de 2008 a 2017, desde que o Imazon implantou seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). Outro ponto preocupante em 2023 foi a degradação, que teve o terceiro aumento consecutivo em dezembro, o que pode ter relação com a seca e o aumento das queimadas. No último mês do ano, enquanto foram desmatados 108 km², outros 1.050 km² foram degradados, quase 10 vezes mais.
Prioridade
“Essa redução expressiva do desmatamento em áreas protegidas é muito positiva, pois são territórios que precisam ter prioridade nas ações de combate à derrubada. Isso porque, na maioria das vezes, a devastação dentro de terras indígenas e unidades de conservação significa invasões ilegais que levam a conflitos com os povos e comunidades tradicionais que residem nesses territórios”, explica o pesquisador Carlos Souza Jr., coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.
No entanto, o pesquisador ressalta que, apesar da queda geral, algumas áreas protegidas tiveram aumento na destruição, sendo territórios que devem receber ações urgentes em 2024. Entre as terras indígenas, uma das situações mais críticas ocorreu na Igarapé Lage, em Rondônia, onde o desmatamento cresceu 300%, passando de 2 km² em 2022 para 8 km² em 2023, uma área equivalente a 800 campos de futebol. Isso fez com que o território fosse o terceiro mais devastado da Amazônia em 2023.
Outras duas terras indígenas localizadas na divisa do Amazonas com Roraima também apresentaram aumentos expressivos na derrubada. São os territórios Waimiri Atroari, cuja perda florestal passou de 1 km² em 2022 para 4 km² em 2023, 300% a mais; e Yanomami, onde a devastação passou de 2 km² em 2022 para 5 km² em 2023, uma alta de 150%. Isso fez com que a terra Yanomami, mesmo após ter recebido em janeiro do ano passado uma operação humanitária por causa dos danos sociais causados pela invasão de garimpeiros, fosse a quinta mais desmatada da Amazônia em 2023. Já a Waimiri Atroari ficou em nono lugar.
A maior área destruída em um território indígena no ano passado foi registrada na terra Apyterewa, onde foram desmatados 13 km². Apesar de ocupar o topo do ranking, o local teve uma redução de 85% na devastação, pois em 2022 havia perdido 88 km² de floresta. Em outubro, o local recebeu uma operação de desintrusão para remoção de invasores ilegais. No total, as terras indígenas tiveram 104 km² devastados em 2023, menos da metade do registrado em 2022: 217 km². Ou seja, viram a derrubada cair 52%. Essa foi a menor área desmatada em territórios dos povos originários desde 2017.
Unidades de conservação
Com relação apenas às unidades de conservação da Amazônia, o desmatamento teve queda de 77%, passando de 1.214 km² em 2022 para 282 km². Ou seja: quatro vezes menos. Foi a menor área de floresta destruída nesses tipos de territórios desde 2014. A maior redução ocorreu nos territórios sob jurisdição federal, onde a derrubada passou de 468 km² para 97 km² — uma queda de 79%. Já nas áreas estaduais, a devastação passou de 746 km² para 185 km², sendo 75%.
Já os estados do Pará, Amazonas e Mato Grosso foram os que mais desmataram em 2023, de acordo com os dados do Imazon. O desmatamento teve aumento apenas em três dos nove que compõem a Amazônia Legal na comparação de 2022 com 2023: Roraima (de 179 km² para 206 km²), Tocantins (de 16 km² para 21 km²) e Amapá (de 9 km² para 18 km²). E os três maiores seguiram no topo do ranking como os que mais desmatam: Pará (1.228 km²), Amazonas (877 km²) e Mato Grosso (864 km²).
Posicionamento
Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade.(Semas) informou que o combate ao desmatamento no Pará envolve ações de comando e controle, por meio das operações Curupira e Amazônia Viva, que somente no ano passado embargaram mais de 40 mil hectares de área devido às atividades de desmatamento e garimpo ilegal, e aplicaram mais de 190 autos de infração.
"O Pará teve, em 2023, redução de 46% em alertas de desmatamento, de acordo com números oficiais do INPE. Os dados são resultado do esforço constante do estado que instalou três bases fixas de fiscalização em áreas de maior risco e intensificou as operações de combate ao crime ambiental. No segundo semestre o estado enfrentou condições climáticas adversas por conta do fenômeno El Nino, o que provocou alta nos focos de incêndio", diz a nota.
A Semas esclarece, ainda, que "o Pará teve, em 2023, redução de 46% em alertas de desmatamento, de acordo com números oficiais do INPE. Os dados são resultado do esforço constante do estado que instalou três bases fixas de fiscalização em áreas de maior risco e intensificou as operações de combate ao crime ambiental".
"No segundo semestre o estado enfrentou condições climáticas adversas por conta do fenômeno El Nino, o que provocou alta nos focos de incêndio. O Pará possui metas de redução de no mínimo 37% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), provenientes da conversão de florestas e do uso da terra até 2030, e 43% até 2035", finaliza o comunicado.
Desmatamento em áreas protegidas de janeiro a dezembro, em km² (Amazônia):
2023: 386
2022: 1.431
2021: 1.460
2020: 1.369
2019: 1.222
2018: 721
2017: 418
2016: 642
2015: 520
2014: 513
2013: 178
2012: 271
Desmatamento no Pará em km²:
2023: 1.228
2022: 3.874
2021: 4.037
2020: 3.411
2019: 2.597
2018: 1.783
2017: 723
2016: 1.081
2015: 692
2014: 1.119
2013: 273
2012: 830
FONTE: Imazon
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