Anemia: Pará teve mais de 3 mil internações causadas pela doença; saiba os riscos e os cuidados
A doença é caracterizada pela carência de glóbulos vermelhos no organismo e pela falta de nutrientes essenciais, causando diversas complicações ao organismo.
Em 2022, o Pará registrou 3.711 internações voltadas ao tratamento de anemia aplástica e outras anemias, além de tratamento de anemia hemolítica e nutricional. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente neste ano, de janeiro e fevereiro, foram 509 internações. No Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), a instituição teve 5.394 atendimentos voltados para a doença. A doença é caracterizada pela carência de glóbulos vermelhos — que são responsáveis pelo transporte de oxigênio no corpo — no organismo e pela falta de nutrientes essenciais, causando diversas complicações ao organismo.
O tipo de anemia mais recorrente no mundo e no Pará é a do tipo ferropriva, que é causada pela deficiência de ferro, como avalia a médica hematologista do Hemopa, Saide Sarmento, coordenadora do atendimento ambulatorial da Fundação. “A anemia é a causa mais comum na primeira infância e, no caso da anemia ferropriva, é a carência de ferro, em que a mãe durante a gravidez apresentou anemia. Ou na idade da adolescência, ao adolescente ele prefere comer lanches do que uma alimentação saudável: arroz, feijão, um bife, verdura.
A médica também chama a atenção para a anemia falciforme, que é diagnosticada ainda nos primeiros dias de vida, por meio do teste do pezinho: “Anemia por doença falciforme é uma doença que ela é herdada geneticamente, em que a criança evolui com muita dor nos ossinhos, aumento da barriga, o olho fica amarelado”, destacou a médica. “Temos anemias também carenciais por deficiência de vitamina B12, o ácido fólico. E temos as anemias que são pouco [registradas] aqui no Pará, que é a talassemia, que é hereditária e depende da transfusão [de sangue para tratamento]”, alertou Saide.
No caso da anemia falciforme, a busca por atendimento médico deve ser feito o quanto antes. “Dado diagnóstico, a mãe ou pai deve procurar o serviço de saúde. Nós temos o serviço de triagem neonatal, que toda criança tem que passar para poder ter o atendimento, e dependendo do resultado desse teste do pézinho deve ser encaminhado para a o órgão que é referência no estado do Pará”, explicou Saide.
"A anemia ferropriva tem cura, dependendo da causa que levou a anemia. Porque tem anemia por deficiência de ferro, por carência alimentar, por sangramentos. Aí tem que saber a causa do sangramento. Tem que corrigir a causa, se for digestiva. Se for distúrbio de coagulação, tem que tratar também a parte da coagulação. As doenças hereditárias como a doença falciforme e talassemia, a cura é por meio do transplante de medula óssea", detalhou a hematologista. No Hemopa, os atendimentos para o combate da anemia são voltados para anemias hereditárias ou anemias por distúrbio da medula.
Gestantes
Pesquisa científica realizada pela Universidade de Brasília (UnB), publicada em janeiro deste ano, constatou que a taxa de anemia entre gestantes brasileiras está em 23%. O índice enquadra o Brasil na classificação moderada da Organização Mundial de Saúde (OMS), a segunda maior estipulada pela instituição referente a este problema. Para chegar ao resultado, foram analisados trabalhos publicados entre 1974 e 2001, abarcando todas as regiões do país. A amostra levou em consideração 12.792 grávidas, nos três trimestres gestacionais, com idades entre 10 anos e 49 anos.
A anemia materna pode ser causada por diversos fatores, entre os quais: infecções agudas, inflamação crônica e deficiências nutricionais. Este último fator, inclusive, fez com que o país adotasse políticas para reduzir a anemia em gestante através da fortificação das farinhas de milho e trigo e da suplementação de ferro.
Saide lembra que existe, sim, a possibilidade de ser ter anemia durante o puerpério. No entanto, os cuidados médicos são essenciais para evitar esse problema. “A gestante tem um risco de desenvolver a anemia pela própria hemodiluição da gravidez. Então, ela tem que ficar atenta aos cuidados com o obstetra dela. E é da rotina, o obstetra já repõe o ferro. É esperado que a gestante tenha uma evolução boa durante a gravidez, desde que ela faça o pré-natal
Sintomas
Para evitar quaisquer complicações relacionadas à doença, a especialista alerta que o exame de hemograma deve ser feito a cada 6 meses para verificar o estado de saúde. E, ao perceber sintomas incomuns, um médico deve ser procurado, já que anemia tem cura e tratamento. “A anemia é considerada preocupante quando ela altera a atividade diária daquela pessoa. Na criança, ela fica hipoativa, ela não quer brincar. O adulto sobe uma escada, e fica com falta de ar. Às vezes, a moça sangra muito na menstruação. E a pessoa idosa, qualquer movimento ela se sente mal”, alertou.
(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)
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