Amazônia concentrou 90% da área queimada no Brasil em janeiro e fevereiro
Monitor do Fogo do MapBiomas identificou mais de meio milhão de hectares queimados em todo o país nos dois primeiros meses de 2023, o que representa cerca de 28% a menos que ano passado
Queimadas levaram o Brasil a perder 536 mil hectares de áreas verdes, entre janeiro e fevereiro de 2023. Foram 213 mil hectares, ou 28%, a menos que no mesmo período do ano passado. Ainda assim, quase a totalidade dessa área – 487 mil hectares, ou 90% do total – foi na Amazônia. Os dados são do Monitor do Fogo, do MapBiomas, que contabiliza os efeitos de queimadas sobre o território nacional a partir de imagens de satélite. Roraima foi o estado com maior índice de fogo, seguido por Mato Grosso e Pará. O levantamento foi publicado na tarde desta segunda-feira (13).
Roraima respondeu por 48% do que foi queimado em todo o Brasil nesse período: 259 mil hectares. Ficam em Roraima os três municípios com maior representação das queimadas: Pacaraima, Normandia e Amajari, bem como os três os territórios indígenas TI São Marcos, TI Raposa Serra do Sol e TI Araçá, que mais queimaram em janeiro e fevereiro. Mato Grosso perdeu 90 mil hectares. E o Pará teve 71 mil hectares perdidos em queimadas. Juntos, os três estados representaram 79% do total da área queimada no Brasil nos dois primeiros meses de 2023.
A maior parte da área queimada em todo o Brasil (84%) foi em vegetação nativa, a maioria em formações campestres. Dentre os tipos de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, representando 12% da área queimada.
O segundo bioma que mais queimou nos dois primeiros meses de 2023 foi o Cerrado. Foram 24 mil hectares divididos igualmente entre janeiro e fevereiro. Esse número é 64% maior na comparação com o mesmo período de 2022 (ou 9 mil ha a mais). Os estados que mais queimaram no Cerrado foram Mato Grosso (que também é um dos líderes em área queimada na Amazônia) e Maranhão. Cerca de um terço (32%) da área queimada no Cerrado nos dois primeiros meses de 2023 foi em formação savânica (7 mil hectares).
Na Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga, a extensão queimada em janeiro e fevereiro foi a menor dos últimos cinco anos. Na Mata Atlântica foram 4.600 hectares queimados, a maior parte dos quais concentrada em áreas agrícolas. No Pantanal, foram 8,8 mil hectares, a maioria concentrados em formações campestres e com uma grande área queimada no Parque Nacional do Pantanal Mato Grossense. Na Caatinga, a extensão queimada somou 6,7 mil hectares. No Pampa, foram queimados 4 mil hectares, 70% dos quais em formações campestres.
“Esse padrão de área queimada em Roraima pode estar relacionado a características climáticas e ambientais únicas do estado. Roraima está localizado no hemisfério norte, enquanto a maior parte dos demais estados se localiza no hemisfério sul. Desta forma, enquanto o período de seca em boa parte do país ocorre entre os meses de maio a setembro, em Roraima os meses de seca ocorrem entre dezembro e abril”, detalha Felipe Martenexenn, pesquisador no IPAM e responsável pelo mapeamento da Amazônia.
Por nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) comunicou que "...o Pará apresentou o maior índice de redução dos alertas de desmatamento entre os estados da Amazônia Legal, em comparação ao mês de fevereiro de 2022. A Semas informa ainda que, por meio da Operação Curupira, foram instaladas bases fixas permanentes para combater os ilícitos ambientais nas regiões onde há maiores índices de desmatamento. A operação reúne agentes ambientais, de segurança pública, da Fazenda e da Agência de Defesa Agropecuária. A Semas monitora os índices de queimadas para nortear as ações de prevenção e combate realizadas com agentes da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. A Semas reforça que de acordo com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Pará não possui nenhum município na lista dos 10 que mais desmataram a Amazônia no mês de fevereiro de 2023".
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