Acnur fortalece conexão entre indígenas brasileiros e venezuelanos refugiados na Grande Belém

Na Escola de Lideranças Indígenas Warao são ministradas aulas por educadores indígenas do Pará

Fabyo Cruz
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Com objetivo de ampliar o acesso a informações e gerar maior autonomia às comunidades  indígenas da etnia Warao, refugiados da Venezuela que vivem em Belém e Ananindeua, na Região Metropolitana, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) convidou organizações indígenas brasileiras para ministrar aulas e fortalecer a conexão entre os dois povos. As atividades já começaram e vão até junho no Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa), que cedeu uma de suas salas para a realização das operações.

A Escola de Lideranças Indígenas Warao é uma parceria do Acnur com o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública Estadual no Pará (DPE-PA). “Trata-se, portanto, de um projeto que incorpora dois importantes eixos do Acnur: a proteção de base comunitária e o enfoque de idade, gênero e diversidade. Além disso, o projeto contribuiu para a coexistência pacífica entre indígenas venezuelanos e brasileiros”, explica Janaina Galvão, chefe do escritório do Acnur em Belém.

De acordo com a agência, serão contemplados 25 indígenas, entre homens e mulheres de diferentes idades. A aula inaugural, que ocorreu no último dia 3 de maio, foi ministrada por Wender Tembé, uma das lideranças da Terra Indígena Alto Rio Guamá e coordenador da educação indígena da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) de Belém. Na opinião de Noberto Jesus Núñez Zapata, liderança Warao que vive na cidade de Ananindeua, a Escola de Lideranças é de suma importância para essa população. 

“Por meio dela, estamos criando uma organização, inteligência e estratégia. Lideranças são aquelas pessoas que manejam um grupo de famílias. Eles sabem sobre os problemas das comunidades. Os Warao têm que se articular, têm que se unir para garantir a efetivação de seus direitos. Para isso, o diálogo com os povos indígenas brasileiros é fundamental”, disse.

Além das aulas presenciais, a metodologia utilizada neste ano contará com um diferencial em relação ao primeiro módulo da escola: o Tempo Comunitário, ou seja, os alunos da escola também realizarão atividades em suas próprias comunidades e em outros ambientes, como o Ministério Público Federal (MPF), colocando em prática aquilo que foi discutido em sala aula.

Iniciada no segundo semestre de 2021, a Escola de Lideranças apoia processos de governança, que servem de base para um modelo de proteção de base comunitária em conformidade com as especificidades das populações indígenas. Assim, no ano passado foram abordados temas relacionados ao sistema internacional de proteção de refugiados, bem como ao conjunto de direitos nacionais e internacionais dos povos indígenas. Já em 2022, os Warao terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre questões relacionadas ao acesso à justiça, à terra e à moradia

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