Açaí de Castanhal ganha destaque no mercado mundial

Castanhal, no nordeste do estado, se tornou o maior exportador brasileiro do açaí. Fruto conquistou os EUA e a Europa

Patrícia Baía

O açaí é considerado uma super fruta por causa de tantos benefícios à saúde. Ela é rica em proteínas, fibras, lipídios e uma excelente fonte das vitaminas: Vitamina C, Vitamina B1 e Vitamina B2, também possui uma boa quantidade de fósforo, ferro e cálcio. O açaí também é o queridinho dos “marombeiros”, pois é um excelente pré e pós treino. 

Todos esses motivos elevaram o status do açaí no Brasil e fora do país. Castanhal, no nordeste do estado, se tornou o maior exportador brasileiro do açaí, mesmo não tendo uma produção expressiva do fruto. 

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Hoje o município já reúne, no Pará, a maior concentração de indústrias atuando nesse promissor mercado. São 28 empresas de beneficiamento do fruto. E a tendência é que esse número cresça ainda mais e, consequentemente, a geração de mais empregos e renda no município.

Uma das maiores indústrias é a Petruz, que está instalada desde 2005 no município e em 2008 iniciou a exportação. De acordo com o diretor comercial da empresa, Tiago André da Silva, o mercado da exportação não para de crescer. “A produção de açaí é algo muito recente. O grupo  iniciou em 1982 com a comercialização no ver-o-peso para atender as processadoras pequenas de rua. Em 2005 foi feita a primeira fábrica aqui em Castanhal e em 2008 começou o processo de exportação. A Petruz foi a pioneira e hoje atua em mais de 40 países”, explicou.

image Açaí de Castanhal ganha destaque no mercado internacional (Hellyson Cunha/ Especial O Liberal)

O primeiro mercado do açaí fora do estado foi o do Rio de Janeiro, depois São Paulo e hoje ganha a preferência da região Nordeste. Cerca de 60% do que é produzido vai para esses mercados. “O maior consumidor é o estado de São Paulo e depois vem a região nordeste com uma força monstruosa e o Rio de Janeiro, que foi o pioneiro. O restante do que é produzido vai para fora do Brasil”, disse o diretor comercial.

Depois do Brasil, os EUA são os principais consumidores, seguidos da Austrália e Alemanha. O mercado na América do Sul é mais recente. “Há pouco tempo o Chile, Paraguai, Uruguai, Argentina passaram a consumir o açaí de forma tão grande. E hoje novos mercados estão descobrindo o açaí, países que antes não conheciam, quando conhecem querem consumir”, enfatizou Tiago André da Silva. 

Polo produtor de açai  

De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural-Emater, a maior produção do açaí está nas redondezas de Belém, na região das ilhas. Depois, vem a região do Marajó, Abaetetuba, Cametá e Igarapé Mirim. O açaí dessas localidades é de várzea.

Dados da  Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Agrário de Castanhal – SEMADA apontam que o município não colabora nem 5% do que é beneficiado pela indústria em Castanhal. “Daí veio a ideia de fomentar mais a produção. Em 2020 foram produzidas 35 mil mudas de açaí e no ano passado, juntando também os caroços germinados, conseguimos juntar 300 mil mudas. Esse ano estamos fazendo uma parceria com a iniciativa privada na qual a indústria do açaí vai escolher uma região em Castanhal, produzir os viveiros e, nesses viveiros, a secretaria entra com assistência técnica, doação dos sacos e a semente germinada e a comunidade com os tratos dessa cultura”, contou o secretário municipal de agricultura Gabriel Titan.

Com a parceria, a SEMADA espera ter uma produção de mais de 1 milhão por ano. Porém, a expectativa é a longo prazo. “É um esforço hoje que vai dar um resultado que levará de três a quatro anos. Esse é o tempo que leva do crescimento até a produção. Mas temos que começar em algum momento. E é o nosso grande objetivo”, disse Gabriel Titan.

Dificuldades para o plantio de açai 

De acordo com a Emater, Castanhal não tem vocação para a produção do açaí, mesmo sendo uma cultura que se adapta bem à agricultura familiar, porque os investimentos são muito altos para o plantio. “Os custos dos equipamentos de irrigação são muito altos e quando a gente vai até esse produtor e mostra quanto ele vai gastar com bombas, canecões , mangueiras, ele fala que não consegue investir e a gente orienta a ir em busca dos financiamentos como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) . Mas existem muitas exigências que dificultam o acesso”, explicou Edilberto Sanches, Engenheiro Agrônomo da Emater.

O açaí que é cultivado na região é da variedade de açaí de sequeiro, que é de área seca, mas que exige uma quantidade maior de água para a irrigação. Uma (um pé) muda no primeiro ano vai precisar de 150 litros de água por dia. Se tiverem 100 pés vamos precisar de 150 mil litros de água. Para que a planta se desenvolva bem sem precisar de chuva. Por isso o investimento com irrigação é necessário. 

 

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