"A gente orienta que filmem os problemas das escola ao invés do hino nacional", diz Sintepp

A Seduc, por sua vez, informou que não irá se posicionar oficialmente sobre a recomendação enviada pelo MEC na última segunda-feira

Redação Integrada

O Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação Pública do Pará (Sintepp) se posicionou contrário à recomendação do Ministério da Educação (MEC), divulgada na última segunda-feira (25), que estimulava, por meio de e-mail enviado a todas as escolas do país, que estudantes do ensino fundamental fossem perfilados para cantar o hino nacional e que o momento fosse gravado em vídeo e enviado por à pasta e à Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República.

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O documento ainda orientava que, após o hino, fosse lida uma carta do ministro Ricardo Vélez aos alunos, que terminava com a frase "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos", slogan de campanha do atual presidente da República. No final da manhã desta terça-feira, 26, o ministro determinou que o ministério retire o trecho em que pede que crianças sejam gravadas em vídeo após serem perfiladas para cantar o hino nacional. Ele também disse que "percebeu o erro" de inserir o slogan da campanha de Jair Bolsonaro ao final do e-mail.

A repercussão foi negativa entre advogados, especialistas e entidades como a Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares), que afirmam que o pedido era ilegal e que "o MEC não tem competência para pedir nada disso às escolas" - considerando, entre outros fatores, que a divulgação de imagens dos alunos precisaria de autorização dos pais e responsáveis e que a utilização do slogan pode ser vista como improbidade administrativa.

'É PRECISO MAIS INVESTIMENTOS'

A recomendação também foi analisada negativamente pelo Sintepp. O coordenador de comunicação estadual do órgão, Mauro Borges disse que o sindicato irá publicar uma nota contrária à recomendação do ministro, "porque, no nosso entendimento, o Brasil está precisando muito mais de investimentos, principalmente o Pará, onde temos o menor Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do país, do que dessas recomendações".

"A realidade das escolas públicas do país é triste. São escolas sucateadas pela falta de investimento na infraestrutura, na qualificação dos profissionais que trabalham nesses locais. Não há investimento para que a nossa educação seja de qualidade, então vamos orientar que os alunos, pais e funcionários utilizem o link que o MEC disponibilizou para filmar e enviar as condições das escolas, ao invés do hino" disse, ao lembrar que "muitos alunos não tiveram aula por conta da chuva que caiu hoje e as escolas ficaram alagadas". "Os professores, alunos, se quer conseguem entrar nas escolas. Isso deveria ser a prioridade" ressalta.

Para o coordenador, é preciso orientar que façam a coleta dessa material e denunciem para o ministério da educação, porque "a gente precisa de investimentos, e não expor as crianças".

Borges também comentou a recomendação da leitura da carta enviada pelo ministro, que termina com o slogan de campanha de Bolsonaro. Ele compara a solicitação de citar "a palavra de ordem", termo que usa para referir-se ao slogan inserido no final da carta, às saudações feitas a Hitler.

"A gente entende, primeiro, que a campanha eleitoral já passou e que nós não temos que retroceder na nossa educação e isso é um retrocesso. Não falamos da questão do hino, em si, porque temos que respeitar, mas essa carta, é como se estivéssemos fazendo uma espécie de saudação, se compararmos ao Nazismo, como era feita a saudação a Hitler. É igual como fazia na Alemanha, agora o Bolsonaro quer que façam a mesma coisa aqui" lamenta, afirmando que "isso não educa, mas, sim, deseduca o povo".

Apesar da latente preocupação, ele comemora o fato de terem voltado atrás, "dizendo que vão selecionar os vídeos e pedir autorização antes de qualquer divulgação", mas também afirma que "na realidade, o que a gente percebe é que não vão usar o vídeo para divulgar nada, mas sim para ver se as escolas estão cumprindo a determinação do presidente, se estão cantando o hino e falando a palavra de ordem da campanha dele". 

SEDUC

Procurada pela Redação Integrada, a Secretaria de Educação do Estado do Pará (Seduc) informou, por meio de nota, que "não recebeu nenhuma informação oficial a respeito desta determinação" e que, por isso, "não irá se pronunciar a respeito".

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