Venezuelanos votam em eleição acirrada em meio a preocupações com fraudes

As urnas fecham às 18h horário local (19h em Brasília), e os resultados podem ser publicados na noite de domingo ou nos dias seguintes

Deisy Buitrago e Julia Symmes Cobb / Reuters

CARACAS (Reuters) - Os venezuelanos esperavam nas filas das seções eleitorais e votavam no domingo na eleição mais importante em 25 anos para o governo do partido socialista, com o presidente Nicolás Maduro confiante na vitória, mesmo com a oposição atraindo apoio apaixonado e alertando sobre possíveis irregularidades.

A líder da oposição, María Corina Machado, tem sido a estrela da campanha da coalizão, mesmo depois que a proibição de ocupar cargos públicos a obrigou a passar a tocha para o candidato Edmundo González, um ex-diplomata de 74 anos conhecido por seu comportamento calmo.

González ganhou o apoio até de alguns ex-apoiadores do partido governista, mas a oposição e os observadores questionam se a votação será justa, dizendo que decisões das autoridades eleitorais e as prisões de membros da oposição têm o objetivo de criar obstáculos.

Maduro - cuja reeleição em 2018 é considerada fraudulenta pelos Estados Unidos, entre outros - disse que o país tem o sistema eleitoral mais transparente do mundo e alertou para um "banho de sangue" se ele perder.

Jornalistas da Reuters localizados em seis cidades do país relataram filas do lado de fora das seções eleitorais, incluindo algumas que abriram tarde.

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"Vim votar pela mudança, por uma nova Venezuela, que renascerá e porque sou funcionária pública e precisamos de mudanças para poder ter um salário digno", disse Tibisay Aguirre, uma cozinheira de 57 anos que estava esperando na fila em Maracay, no Estado central de Aragua.

As urnas fecham às 18h horário local (19h em Brasília), e os resultados podem ser publicados na noite de domingo ou nos dias seguintes.

O governo de Maduro presidiu um colapso econômico, a imigração de cerca de um terço da população e uma forte deterioração nas relações diplomáticas, coroada por sanções impostas pelos Estados Unidos, União Europeia e outros países, que prejudicaram um setor petrolífero já em dificuldades.

Maduro disse que garantirá a paz e o crescimento econômico, tornando a Venezuela menos dependente da renda do petróleo.

O salário mínimo equivale a 3,50 dólares por mês, e estima-se que a alimentação básica para uma família de cinco pessoas custe cerca de 500 dólares. Muitas pessoas recebem cestas básicas do governo ou remessas de parentes no exterior.

Dezenas de eleitores estavam votando no consulado venezuelano na ilha espanhola de Tenerife, com outros reunidos do lado de fora agitando bandeiras e aplaudindo.

Vários eleitores disseram que estavam registrados naquele consulado há muitos anos. Imigrantes de todo o mundo relataram dificuldades para se registrar e apenas uma pequena porcentagem da diáspora deve votar.

LEGADO DE CHÁVEZ

Maduro votou no início da manhã em Caracas e disse que o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral será reconhecido e "defendido" pelas Forças Armadas e pela polícia.

As pessoas que compareceram ao comício de encerramento de Maduro em Caracas na quinta-feira falaram com entusiasmo de seu falecido mentor - o presidente socialista de longa data Hugo Chávez - e disseram que Maduro, no poder desde a morte de Chávez em 2013, estava dando continuidade ao legado de seu antecessor de ajudar os pobres.

"Nicolás Maduro está construindo o país e dando continuidade ao legado do Comandante Chávez", disse Conde Miranda, 54 anos, que viajou de Ciudad Guayana para participar do evento.

Outros aludiram a um ambiente mais desafiador.

"Maduro fez coisas boas e ruins, o problema são as pessoas abaixo dele", afirmou o funcionário público Alejandro Goldteims, de 30 anos.

González e Machado, que prometeram grandes mudanças e disseram que um novo começo pode motivar os imigrantes a voltar, pediram que as pessoas façam "vigílias" nas seções eleitorais. Eles disseram esperar que os militares mantenham os resultados da votação.

Os militares da Venezuela sempre apoiaram Maduro, um ex-motorista de ônibus e ex-ministro das Relações Exteriores de 61 anos, e não houve sinais públicos de que os líderes das Forças Armadas estivessem rompendo com o governo.

(Reportagem de Deisy Buitrago, Mayela Armas, Vivian Sequera e Julia Symmes Cobb em Caracas, Tibisay Romero em Valência e Mircely Guanipa em Maracay; Reportagem adicional de Corina Pons em Tenerife)

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