Venezuelanos vão às urnas neste domingo (03) em plebiscito convocado por Maduro

Vitória do ‘sim’ parece inevitável, pois o tema Essequibo une situação e oposição na Venezuela, mas ainda não sinais de que Maduro pretenda invadir a Guiana, que tem forças armadas muito inferior

Gustavo Freitas / Especial para O Liberal
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Neste domingo (3), os venezuelanos vão às urnas para opinar no referendo convocado pelo regime de Nicolás Maduro, que busca legitimidade na reivindicação de Essequibo, região da Guiana cujo controle é alvo de disputa com Caracas desde o século 19.

Há alguns meses, Maduro vem intensificando o discurso sobre a reinserção de Esequibo ao território venezuelano, fazendo intensa campanha pelo país para movimentar a opinião popular. Este sempre foi um assunto que uniu venezuelanos, incluindo a oposição, que entendem que a região pertence, de fato, à Venezuela.

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O país ainda passa por situação econômica extremamente delicada, e o repentino interesse de Maduro na disputa por Essequibo tem levantado dúvidas sobre a sua real intenção com o plebiscito.

Desde a guerra na Ucrânia, muitos países ocidentais precisaram buscar outros países para suprir a necessidade de petróleo e gás, que antes era abastecida pela Rússia. Diante deste cenário, a Venezuela se tornou uma opção viável até mesmo para os Estados Unidos, que enviaram representante para conversar com Nicolás Maduro em Caracas.

Uma das contrapartidas, seria a Venezuela dar sinais de normalidade democrática e, por isso, Maduro se comprometeu em realizar eleições limpas em 2024. Embora isso ainda não tenha se confirmado, a sua baixa popularidade pode ser um dos motivos no interesse por Essequibo, visando unidade nacional em um assunto centenário de interesse da ampla maioria da população.

Interesses por Essequibo

Essequibo encontra-se no centro do Escudo das Guianas, uma área geográfica no nordeste da América do Sul que, além de representar uma das formações mais antigas do planeta, destaca-se pela sua relevância devido aos seus extensos recursos naturais e minerais.

A região abrange uma porção significativa da linha costeira da Guiana, onde, há alguns anos, foram identificadas vastas reservas de petróleo. A Guiana já está conduzindo atividades de exploração nessa área, em colaboração com empresas como a ExxonMobil dos Estados Unidos e a CNOOC da China. Para a Venezuela, é inadmissível uma multinacional americana explorar petróleo em uma região que, oficialmente, consideram ser venezuelana. 

Na opinião popular, a atual fronteira foi estabelecida de forma fraudulenta pelo Laudo Arbitral de Paris de 1899. Inicialmente, a Venezuela, contrariada, aceitou os limites impostos pelo tribunal, os quais beneficiavam substancialmente os interesses britânicos. Entretanto, décadas mais tarde, optou por contestar o acordo, argumentando a ocorrência de fraudes na decisão arbitral.

image Em amarelo, o território em disputa (Infografia / Agência Brasil)

Como será o referendo?

Ao chegar para votar, cada venezuelano encontrará cinco perguntas a serem respondidas, que basicamente pedem legitimação para que o governo incorpore o território de Essequibo e a se opor, por todos os meios, ao desenho atual da fronteira na Guiana.

A vitória do "SIM" é inevitável, e o governo venezuelano afirma que não tem intenções de entrar em conflito pela incorporação de 75% do território. A Guiana tem tentado buscar apoio internacional para impedir que o referendo aconteça, e conseguiu o aval do Tribunal de Haia, que decidiu que a Venezuela não deve agir para modificar a situação atual. Maduro, entretanto, não reconhece a decisão.

Uma disputa militar entre Venezuela e Guiana é o cenário mais improvável, já que o exército venezuelano é muito superior ao da Guiana, que sequer tem helicóptero disponível nas suas Forças Armadas.

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Países disputam a região de Essequibo desde 1966, mas a crise ficou mais acirrada após a companhia americana ExxonMobil descobrir campos de petróleo na região

O governo brasileiro vem reforçando a presença do Exército na fronteira enquanto busca uma solução diplomática para o conflito. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, o resultado deve sair entre 8 de dezembro e 6 de janeiro.

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