Ucranianos são submetidos a violência sexual em centros de detenção russos em Kherson, diz relatório
O documento acrescenta que sufocamento, afogamento simulado, espancamentos severos e ameaças de estupro foram outras técnicas comumente usadas contra vítimas por guardas russos
Segundo relatório publicado nesta quarta-feira (02), quase metade dos ucranianos mantidos em centros de detenção em Kherson, pelas forças russas, foram submetidos a tortura generalizada, incluindo violência sexual. O documento, compilado pela Mobile Justice Team, parte do Atrocity Crimes Advisory Group (ACA) patrocinado pelo Reino Unido, União Europeia e Estados Unidos, foi criado pelo escritório de advocacia e fundação internacional de direitos humanos, Global Rights Compliance, em abril de 2022.
O novo relatório revela a análise de um conjunto inicial de 320 casos de detenção em Kherson, em mais de 35 centros identificados. Dessas vítimas, incluindo homens e mulheres, pelo menos 43% mencionaram explicitamente as práticas de tortura nos centros de detenção, citando a violência sexual como uma tática comum imposta a eles pelos militares russos, com resultados preliminares mostrando que os militares ucranianos eram os mais propensos de sofrer tortura.
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Um dos autores do relatório diz que aqueles com famílias militares também foram alvos. “Muito é apenas punição e, além da punição pelo serviço militar real [de seu familiar], também é punição, ao que parece, por ser realmente um cidadão ucraniano”, disse Anna Mykytenko à CNN, consultora jurídica sênior e gerente nacional da Ucrânia para Global Rights Compliance.
Ao menos 36 vítimas do grupo analisado mencionaram o uso de eletrocussão durante os interrogatórios por parte dos guardas russos, muitas vezes nas áreas genitais.
Outras vítimas relataram ameaças de mutilação genital, e pelo menos uma vítima foi forçada a testemunhar o estupro de outro detento por um objeto estranho coberto por um preservativo. “Em relação aos homens, a maioria dos crimes é tortura sexualizada, e isso geralmente é tortura da genitália, então é uma forma de punição [por ser ucraniano] e meio que os impede de ter filhos”, afirma Mykytenko.
O documento acrescenta que sufocamento, afogamento simulado, espancamentos severos e ameaças de estupro foram outras técnicas comumente usadas contra vítimas por guardas russos nas câmaras de tortura de Kherson, segundo a unidade especializada.
A Rússia negou as acusações de tortura e abusos dos direitos humanos na Ucrânia, apesar das evidências contundentes, investigadas, compiladas e compartilhadas por organizações internacionais de direitos humanos e de notícias. As autoridades russas ainda não comentaram sobre o relatório.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Elisa Vaz, repórter do Núcleo de Política).
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