Ucrânia reúne 1 milhão de homens para retomar área conquistada pela Rússia

Analistas militares acreditam que a fala seja um blefe mesmo que existam sinais claros do governo

Carolina Mota
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Ucrânia analisa iniciar uma contraofensiva no sul do território, área hoje controlada pela Rússia. O aviso mais recente foi dado neste fim de semana através do ministro de Defesa Oleksii Reznikov "temos cerca de 1 milhão de homens para defender o sul", disse o ministro em entrevista ao jornal The Times.

Analistas militares acreditam que a fala seja um blefe mesmo que existam outras declarações onde o governo pede aos moradores que partam da área devido a possibilidade de contra-ataques. As informações são da Folha de São Paulo.

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O ceticismo de militares sustenta-se pelo fato de que seria incomum um dos lados da guerra reforçar uma ação de contraofensiva já que isso daria tempo para que os oponentes pudessem se organizar.

"O normal seria querer que o lançamento de um contra-ataque fosse surpresa [...] Anunciar isso publicamente força os russos a comprometer mais recursos para conter essa ameaça." disse à rede BBC Jack Watling, pesquisador do think tank Royal United Services Institute. 

Outro fator se refere aos esforços que Kiev tem realizado no leste do território, na porção conhecida como Donbass, onde ataques são mais intensos. A necessidade de forças concentradas ali faz os números apresentados pelo ministro da Defesa parecerem inflados para uma contra-ataque concentrado no sul.

"Temos aproximadamente 700 mil [homens] nas Forças Armadas; adicionados a Guarda Nacional, a guarda da fronteira e a polícia, somos cerca de um milhão", disse Reznikov ao Times.

Reznikov alegou que, com ordens do presidente Volodimir Zelensky, retomar áreas ocupadas ao redor da costa do mar Negro tornou-se prioridade.​ Kherson foi a primeira cidade a cair sob o controle de Moscou desde o início do conflito.

"O presidente deu ordem ao chefe militar para elaborar planos e, depois disso, o Estado-Maior está fazendo sua lição de casa", afirmou.

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Diferenças entre exércitos: de um lado voluntários, de outro, empresas

As forças ucranianas têm sido apoiadas por ativistas e voluntários, alguns até treinados por membros do Batalhão Azov, grupo neonazista que foi parcialmente incorporado ao Exército do país, meses antes da invasão militar ter início. São inúmeros os casos de combatentes do exterior que se ofereceram para ajudar o país —brasileiros chegaram a morrer no confronto.

Do lado russo, há um desafio. A inteligência ucraniana afirma que Moscou tem recorrido massivamente a empresas militares privadas para aumentar o número de recrutas e compensar as perdas de pessoal na guerra.

O principal caso é o Grupo Wagner, empresa russa do tipo que o governo de Vladimir Putin nega ter conhecimento. O grupo atua na Ucrânia desde 2014, quando houve a anexação da península da Crimeia e a intensificação dos conflitos no Donbass, área de maioria étnica russa formada pelas províncias de Donetsk e Lugansk.

O mapa do controle russo na Ucrânia permite observar uma faixa que se estende do noroeste ao sul do país. Ponto importante seria a tomada de Kharkiv, a segunda maior do país e localizada a norte do Donbass. Autoridades locais disseram que a cidade foi atingida por mísseis de Moscou nesta segunda (11), deixando três civis mortos e outros 31 feridos, incluindo duas crianças.

Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de política.

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