Trump terá começo alinhado com colega argentino Javier Milei

Gustavo Freitas - Especial para O Liberal
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Donald Trump realizou um jantar de gala em Mar-a-Lago, sua residência oficial em Palm Beach, na Flórida, na quinta-feira (14/11). O presidente eleito foi chamado ao palco por Sylvester Stallone, que, entusiasmado, comparou o republicano a Rocky Balboa e George Washington.

"Quando George Washington defendeu seu país, ele não tinha ideia de que iria mudar o mundo. Porque, sem ele, você poderia imaginar como seria o mundo. Adivinhe? Temos o segundo George Washington. Parabéns", procedeu o astro.

Além de políticos do partido republicano, chamou atenção a presença de Javier Milei entre os convidados. O presidente argentino foi o primeiro chefe de Estado a encontrar presencialmente Donald Trump desde a sua vitória na semana passada.

Trump também citou o argentino para a multidão, parabenizando Milei "pelo trabalho que você fez pela Argentina" e dizendo que foi uma "honra" ter o presidente da Argentina em seu clube.

“O trabalho que você fez é incrível. Faça a Argentina Grande Novamente, você sabe, MAGA”, disse Trump fazendo uma adaptação do seu slogan de campanha, “Make America Great Again”.

Nesta semana, o argentino ordenou a retirada de toda a delegação da COP-29 em Baku, no Azerbaijão, porque não acredita em soluções climáticas resolvidas através de conferências. Esse é mais um ato de alinhamento a Donald Trump, que no seu primeiro mandato retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris.

A aproximação política entre os dois líderes da direita muda o panorama ideológico na América do Sul que, até então, tinha Javier Milei como um presidente isolado na região. Agora, os presidentes à esquerda passam a fazer cálculos políticos com a volta de Trump, principalmente após a escolha de Marco Rubio como secretário de Estado no próximo governo.

Rúbio é filho de imigrantes cubanos, senador pela Flórida e tem um forte discurso contra autocracias na América Latina. Com forte apelo entre imigrantes que saíram dos seus países por crises políticas, Marco Rubio rotineiramente fala em mudar as relações com Venezuela, Cuba e Nicarágua.

APROXIMAÇÃO COM A CHINA

Apesar da aproximação ideológica com Donald Trump, Javier Milei terá que lidar com uma relação cada vez maior com a China. Em outubro, o argentino recebeu uma carta de aniversário do presidente Xi Jinping, a quem promete uma visita em janeiro.

Durante a corrida eleitoral, Javier Milei havia dito que não faria “pactos com comunistas”. Em entrevista concedida em setembro de 2023, Milei afirmou: “não só não farei negócios com a China. Não farei negócios com nenhum comunista. Sou um defensor da liberdade, da paz e da democracia.”

Recentemente, o Indec (Instituto de Estatística e Censos) divulgou que a inflação no país caiu para 2,7% em outubro, atingindo o nível mais baixo desde 2021. Ao mesmo tempo, a Pontifícia Universidade Católica Argentina divulgou um aumento na pobreza, atingindo 54%. Os indicadores obrigam o presidente argentino a buscar alternativas econômicas em busca de resultados para o país.

Visando maior aproximação, o governo chinês tem buscado ampliar o comércio com a Argentina, com investimentos em hidrelétricas, um porto no extremo sul do país e minas de lítio próximo à Bolívia. Recentemente, em entrevista, Milei disse que “a China é um parceiro muito interessante, porque não exige nada, a única coisa que quer é não ser incomodada”.

Agora, o presidente argentino terá que conciliar uma agenda econômica que inclui a China e, ao mesmo tempo, uma amizade com Donald Trump, que assumirá a Casa Branca cada vez mais disposto a reduzir os avanços comerciais chineses pelo mundo.

O republicano já deu sinais de que, mesmo ideologicamente alinhado com líderes de direita, vai cobrar caso suas políticas afetem os interesses americanos. Durante a campanha, Trump não poupou críticas à Nayib Bukele, presidente de El Salvador, acusando-o de enviar “seus assassinos para os Estados Unidos”, colocando em dúvidas as políticas de combate à segurança do país que cativaram grupos de direita pelo mundo.

No seu novo mandato, Trump já sinalizou as suas prioridades: migração, comércio e segurança. Os adversários terão que se adaptar ao novo presidente dos Estados Unidos, mas a mensagem serve, também, para seus aliados.

 

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