Trajetória de Bento XVI foi marcada por escândalos
Antes da sua renuncia, o religioso precisou lidar com algumas notícias relacionadas a sua má conduta na Igreja
No início de 2022, um relatório foi divulgado resultado de um ampla investigação sobre abusos que crianças sofriam e eram de conhecimento do alemão Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI. O documento é do escritório de advocacia alemão Westpfahl Spilker Wastl e foi encomendado pela própria Igreja Católica.
Ele morreu hoje, 31, aos 95 anos. O religioso foi o primeiro Papa da história a renunciar por falta de “ânimo” para governar, em 2013. O documento, que ficou conhecido em janeiro deste ano, mostra que o Papa emérito Bento XVI tinha ciência de padres que abusaram de crianças. Na ocasião, ele era arcebispo de Munique (1977 a 1982). Porém, as informações dos investigadores contradizem as negações de longa data de Bento XVI, de acordo com publicação da CNN.
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“Ele foi informado sobre os fatos”, disse o advogado Martin Pusch em Munique como parte de um painel que anunciou as conclusões da investigação. “Acreditamos que ele pode ser acusado de má conduta em quatro casos”, disse Pusch. "Dois desses casos dizem respeito a abusos cometidos durante seu mandato e sancionados pelo Estado. Em ambos os casos, os perpetradores permaneceram ativos na pastoral”, acrescentou.
Mesmo com as investigações e o documento, Bento XVI negou as acusações, disseram os advogados do escritório de advocacia Westpfahl Spilker Wastl. Mas as informações foram reveladas após as conclusões do inquérito sobre abuso sexual histórico na Arquidiocese de Munique ao longo de várias décadas.
Durante anos, existiam fortes especulações sobre o conhecimento do ex-papa sobre os abusos, mas as descobertas são um julgamento condenatório sobre ele, então conhecido como Cardeal Joseph Ratzinger.
“Durante seu mandato, ocorreram casos de abuso”, disse Pusch, referindo-se a Bento XVI. “Nesses casos, esses padres continuaram seu trabalho sem sanções. A Igreja não fez nada”, completou.
“Ele alega que não sabia de certos fatos, embora acreditemos que não seja assim, de acordo com o que sabemos”, disse Pusch.
Em um comunicado, na época, o Vaticano disse que aguardaria essa publicação detalhada do relatório antes de comentar mais. “A Santa Sé considera que deve ser dada a devida atenção ao documento, cujo conteúdo é atualmente desconhecido. Nos próximos dias […] a Santa Sé poderá examiná-lo cuidadosamente e detalhadamente”, disse.
“Ao reiterar a vergonha e o remorso pelos abusos cometidos por clérigos contra menores, a Santa Sé expressa sua proximidade com todas as vítimas e reafirma os esforços empreendidos para proteger os menores e garantir ambientes seguros para eles”, acrescentou o comunicado.
VATILEAKS
Em 2012, o escândalo "Vatileaks" ressurgiu o após o roubo e vazamento de documentos reservados do papa. Com isso, ocorreu a condenação a 18 meses de prisão do mordomo de Bento XVI.
Um ano depois, o papa renunciou.
Os papéis secretos mostravam a existência de uma ampla rede de corrupção, nepotismo e favoritismo relacionados com contratos a preços inflacionados com os seus parceiros italianos.
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