Tensão: Entenda o conflito entre Ucrânia e Rússia que está deixando o mundo em alerta

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada por potências ocidentais, começou a mover suas tropas para a fronteira com a Ucrânia

O Liberal
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A tensão envolvendo o conflito entre Ucrânia e Rússia gerou uma onda de preocupação na Europa como não se via há muito tempo. Enquanto cem mil soltados russos estão posicionados na fronteira da Ucrânia há meses, nos últimos dias, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada por potências ocidentais, começou a mover suas tropas e os Estados Unidos deixaram 8,5 mil homem em prontidão para serem enviados ao País caso necessários. Além disso, desde a Guerra Fria, esta é a primeira vez que um porta-aviões do grupo de elite da marinha dos EUA está sob comando da Otan. O governo americano também mandou esvaziar parte de sua embaixada em Kiev. Medida semelhante foi tomada pelo Reino Unido. Entenda o histórico da crise e o que pode acontecer a partir de agosta. As informações são da revista Exame.

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A herança da Crimeia 

A crise mais recente entre Ucrânia e Rússia estourou após a anexação da Crimeia, então território ucraniano, pela Rússia, em 2014, após conflitos que duraram sete anos e deixaram 14 mil mortos na fronteira. Mas os riscos escalaram de vez com o avanço das tropas russas nos últimos meses, vistas pela Ucrânia como clara ameaça à independência do país. O governo ucraniano tenta convencer as potências do Ocidente de que uma invasão russa seria um problema para a estabilidade de toda a Europa e do mundo.

Por que a Ucrânia é disputada

O território que hoje é a Ucrânia chegou a ser parte do antigo Império Russo até 1919, quando virou uma república da União Soviética (URSS). Com o colapso do bloco, o País se tornou independente em 1994, sendo, portanto, uma democracia ainda muito jovem.

Desde o fim da Guerra Fria, a Ucrânia tem sido uma fronteira entre a influência das democracias liberais da Europa e a Rússia.

A Otan e a União Europeia passaram a agregar nos anos 1990 e 2000 muitos países que eram zona de influência soviética na chamada Europa Central, e agora fazem parte do bloco, a contragosto da Rússia. Porém, a Ucrânia ficou no meio do caminho. Não há, no entanto, uma visão coesa no país sobre esse movimento. Enquanto a porção oeste (onde fica a capital Kiev) anseia obter os padrões europeus, a parte leste ainda se vê mais próxima dos russos. 

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As demandas da Rússia

A Rússia acusa a Otan de estar “cercando” o país e exige que a aliança pare sua expansão rumo aos países do leste. Também exige que a Otan não posicione tropas em territórios que não pertenciam à aliança em 1997 — ou seja, antes de incluir muitos dos ex-aliados soviéticos, que ficariam, assim, desprotegidos no caso de avanços russos.

A real força da Rússia

As desavenças no exterior, politicamente, são uma das estratégias de Vladimir Putin, presidente da Rússia, para manter sua popularidade e relevância dentro e fora do País. Mas para o Ocidente, o temor é de que a Rússia possa não parar apenas na Ucrânia. Os membros da Otan que são partes da antiga zona de influência soviética ficam, também, sob risco. 

Longe do poderio da antiga URSS, a Rússia tem hoje economia menor que a brasileira, e depende majoritariamente das exportações de petróleo e gás. Embora Putin tenha saído com algumas vitórias do episódio da Crimeia, também perdeu ao receber uma série de sanções que pioraram a vida dos russos e levaram a economia a uma recessão entre 2014 e 2015.

Quais os riscos de invasão? 

Algumas das possibilidades levantadas apontam para uma invasão da Rússia ou apoio a separatistas somente nas regiões no leste da Ucrânia, mas sem chegar de fato ao restante do país. Propaganda e desinformação online financiados pela Rússia em todo o país e ataques hackers (como os sofridos por políticos ucranianos neste mês) também são esperados.

O Reino Unido chegou a divulgar que o governo russo planejaria ir além e derrubar o governo do atual presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, um ex-humorista eleito como presidente em 2019. 

O Kremlin, por sua vez, pode cumprir a promessa de não invadir a Ucrânia por temor de uma eventual retaliação e dos custos financeiros e humanos. Há apostas de que o melhor cenário para Putin é de que consiga um recuo do Ocidente, de modo a se mostrar vitorioso. 

Mais tentativas diplomáticas também são esperadas, apesar dos fracassos anteriores.

Divergências na Otan

Apesar dos Estados Unidos terem se mostrado mais engajados,  há divergências internas sobre o quão longe o Ocidente iria em um eventual embate, uma vez que a Ucrânia não é membro da Otan.

A Alemanha, onde 40% do gás natural vem da Rússia, tem sido historicamente reticente em tomar posições mais duras, por temor de uma crise energética.

O presidente francês Emmanuel Macron também deve falar com Putin nos próximos dias, segundo afirmou nesta segunda-feira, 24.

Enquanto isso, os principais acenos contra Moscou na Europa vieram não da União Europeia, mas do Reino Unido, que deixou o bloco após o Brexit.

O fato é que europeus estão, a princípio, pouco ansiosos para entrar em um conflito com a Rússia a poucos quilômetros de casa. A Rússia, por sua vez, sabe que um embate com o Ocidente poderia ser catastrófico, inclusive para o governo Putin. Apesar do auge das tensões nos últimos dias, o imbróglio pode ainda levar meses e seguir ao longo de 2022. 

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