Paraense em Israel relata cenário de tensão durante conflito

Mariana Almeida está desde abril no país e aguarda resposta da embaixada brasileira para a repatriação

Camila Azevedo
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Assustador. Esse foi o sentimento da paraense Maiara Almeida, de 36 anos, ao presenciar os primeiros bombardeios ocorridos na cidade de Jerusalém, em Israel. À reportagem do Grupo Liberal, ela contou que os ataques do grupo extremista Hamas aconteciam a cada 15 min e foram misturados com o barulho das sirenes, alertando a população sobre a necessidade de buscar abrigos. Foram dois dias de incertezas até conseguir deixar o local e seguir em direção a Haifa, ao norte do país.

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“O primeiro dia foi muito assustador, eram ataques a cada 15 min durante a manhã, depois a cada 30 min e cessou. A gente só ouvia os estrondos que vinham de longe. No segundo dia, os ataques eram só pela parte da noite e no terceiro dia, já saindo de lá, a sirene ainda tocou quando eu estava na rua, mas consegui chegar em Haifa, que é bem longe, cerca de 2h de Jerusalém. Agora, estou mais tranquila, [em Haifa] é uma outra realidade, as pessoas estão indo para o mercado, tem carro passando na rua…”, relata.

Maiara é agente cultural e está em Israel desde abril deste ano para dar aulas sobre a cultura do Pará, falando de carimbó e tambor de crioula. Agora, ela espera uma resposta da embaixada brasileira em Tel Aviv para conseguir uma repatriação. “Estão divulgando um formulário de cadastro para quem quer repatriação e vão priorizar quem não tem cidadania, quem está como turista e não tem casa, que tem uma insegurança maior. A embaixada nos enviou por WhatsApp o formulário”, conta.

Israel declarou guerra contra o Hamas no último domingo (08), após uma chuva de foguetes lançados da Faixa de Gaza sobre o país no sábado (07). A medida permite que o governo israelense tenha uma mobilização mais ampla de reservas militares para atuar dentro do cenário. Além disso, o abastecimento de água, energia, combustível e comida foi suspenso ao território palestino. O conflito já levou à morte de quase 2 mil civis, incluindo dois brasileiros.

“Durante esse tempo em que eu estou aqui, lembro que teve um ataque em Tel Aviv. Geralmente, fico no norte e os ataques acontecem no sul. Só escutamos os sons ou sabemos quando passam pela televisão. A maioria dos israelenses foram para o exército, tanto os homens, quanto as mulheres. Não tem como fugir do nervosismo, porque é uma guerra, mas eles estão tentando trabalhar o psicológico, se organizar, juntar comida para quem precisa e manter a calma…”, destaca Maiara.

Dia a dia

A paraense diz, ainda, que o dia a dia em Israel, fora dos tempos de guerra, é pacífico. “Todo mundo convive entre eles e, pelo que vi, posso dizer que é uma convivência tranquila. Os ataques acontecem, geralmente, por terroristas. Tem muitos anos que não cai uma bomba em Jerusalém. Aqui, eles possuem um sistema de proteção que, quando detectam uma bomba no ar, ativam outra para encontrar essa e elas se anularem. Quando a sirene toca, é para que a gente possa se resguardar, porque podem cair resquícios”.

“Até eu entender tudo isso, estar dormindo e acordar com os estrondos, que são muito altos, até entender tudo isso, foi difícil. Fiquei em pânico durante os dois primeiros dias, foi muito intenso, todo mundo muito tenso. A instrução que recebemos, inclusive, da embaixada brasileira é que a gente não fique circulando, não troque de zonas e não faça deslocamentos desnecessários”, finaliza Maiara.

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