Primeiro-ministro da França nomeado por Macron tem desafio de reunir uma maioria parlamentar

"O nome de François Bayrou surgiu nos últimos dias como o mais consensual", afirmou o entorno de Macron

Por Toni CERDÀ | AFP
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O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou, nesta sexta-feira (13), seu aliado centrista e político veterano François Bayrou, de 73 anos, como primeiro-ministro, com o desafio de reunir uma maioria parlamentar que impeça sua queda e agrave ainda mais a crise política.

"O nome de François Bayrou surgiu nos últimos dias como o mais consensual", afirmou o entorno de Macron, que lhe pediu para "dialogar" com o restante dos partidos, exceto a extrema direita e a esquerda radical, para alcançar uma "estabilidade".

Prefeito de Pau, nos Pirineus (sudoeste da França), e pertencente ao partido centrista Movimento Democrático (MoDem), Bayrou se tornou o quarto primeiro-ministro de Macron em 2024, sucedendo o conservador Michel Barnier, de 73 anos, que caiu no dia 4 de dezembro devido à uma moção de censura quando tentava aprovar os orçamentos para 2025. 

"Ninguém conhece melhor que eu a dificuldade da situação" política e orçamentária da França, declarou o novo premiê durante a transferência de poderes.

Ele afirmou estar consciente do "Himalaia que teremos pela frente" e defendeu a "reconciliação" para deixar a instabilidade política.

Macron instaurou uma crise política no país ao antecipar as eleições legislativas de 2027, o que deixou a Assembleia (Câmara baixa) sem maiorias claras e dividida em três blocos: esquerda, centro direita e extrema direita.

Barnier, que governou sem maioria com a aliança centrista de Macron e seu partido conservador Os Republicanos (LR, na sigla em francês), dependia no Parlamento da líder de extrema direita, Marine Le Pen, que o abandonou após apenas três meses no cargo. 

Durante o processo para aprovar o orçamento de 2025, a extrema direita apoiou uma moção de censura apresentada pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), considerando que o ex-negociador do Brexit não respondeu às suas demandas. 

A segunda maior economia da União Europeia tem altos níveis de déficit e dívida públicos para a zona do euro. O projeto de Barnier previa uma redução acentuada nos gastos públicos para tranquilizar os mercados.

Que maioria? 

Neste contexto, socialistas, comunistas e ecologistas, aliados do partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), abriram-se ao diálogo para discutir um governo com a aliança de Macron e o LR, colocando sua coalizão de esquerda à beira da ruptura.

Mas exigiram um primeiro-ministro de esquerda e uma mudança de direção na política do governo, especialmente porque sua coalizão venceu as eleições legislativas. Entretanto, isto não aconteceu e eles já descartaram a possibilidade de participar do governo. 

"Ao nomear um de seus aliados (...), Macron corre o risco de agravar a crise política", alertaram os socialistas, que pediram a Bayrou que se comprometesse a não aprovar leis por decreto e a não depender da extrema direita para evitar a censura.

O LFI já anunciou que apresentará uma moção de censura contra o novo premiê, enquanto a extrema direita afirmou que "a princípio" não o faria se ele acatasse suas demandas.

O LR, que deixou a oposição para se juntar ao governo em setembro, condicionou sua continuidade no "projeto" de Bayron, segundo participantes de uma reunião de grupo.

Embora Macron possa convocar novas eleições legislativas a partir de julho, todos os partidos já vislumbram o pleito presidencial de 2027, ao qual o chefe de Estado não pode concorrer, e buscam evitar ficarem presos ao legado de um presidente impopular ou serem responsabilizados pela instabilidade política.

Processo judicial 

Bayrou é um antigo conhecido da classe política. Sua consagração nacional veio com uma nomeação como ministro da Educação em 1993, em um governo de direita durante a presidência do socialista François Mitterrand.

Desde então, exerceu mandatos como deputado, membro do Parlamento Europeu, prefeito como líder de seu partido, MoDem, desde 2007 e se candidatou em 2002, 2007 e 2012 à eleição presidencial francesa, sem sucesso. 

Para o pleito de 2017, decidiu apoiar Macron, que surgiu do centro com um discurso reformista e retribuiu nomeando-o como ministro da Justiça, cargo que ocupou por apenas 34 dias. 

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Uma investigação judicial sobre o recrutamento fraudulento de assistentes no Parlamento Europeu o forçou a deixar o cargo. Em fevereiro deste ano, a Justiça condenou o MoDem, mas absolveu seu fundador em nome do "benefício da dúvida".

Embora o caso continue em aberto depois que a Promotoria recorreu da sentença, isto não impediu sua nomeação. Resta saber se conseguirá obter a maioria parlamentar. A composição do futuro governo e suas prioridades serão fundamentais.

Enquanto aguarda que um novo governo aprove o orçamento de 2025, o Executivo em exercício apresentou uma "lei especial" para prorrogar o de 2024 e poder cobrar impostos.

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