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Lula: "Poucas vezes vi tanto interesse econômico e político da Europa pela América Latina"

Lula relaciona o intenso interesse europeu com a perda de espaço geopolítico para a China em diversas regiões, inclusive América do Sul.

O Liberal

A cúpula União Europeia-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) terminou ontem e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, retornou ao país convicto de que foi uma cúpula “extremamente bem sucedida”.  

"De todas as reuniões em que participei com a UE, esta foi a mais bem-sucedida de todas", disse o presidente, explicando o motivo: “Poucas vezes vi tanto interesse político e econômico dos países da UE pela América Latina”.

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A avaliação do presidente do Brasil, considerado pelos líderes europeus como a principal referência política e econômica da América Latina, entusiasma líderes da região. Lula relaciona o intenso interesse europeu com a perda de espaço geopolítico para a China em diversas regiões, inclusive América do Sul. O país asiático é o principal parceiro econômico da maioria dos países da América e da África, além da Europa também. 

"Talvez por causa da disputa entre Estados Unidos e China, talvez por causa dos investimentos da China na África e na América Latina, possivelmente por a nova Rota da Seda (nome do programa de investimento chinês), possivelmente pela guerra ucraniana. A União Européia demonstrou grande interesse em investir ao anunciar um investimento de 45 bilhões de euros", disse Lula. 

No início da cúpula, o brasileiro (no cargo entre 2003 e 2011 e novamente desde janeiro passado) havia feito um alerta contundente . Nem ele nem os demais dirigentes latino-americanos - e principalmente o argentino Alberto Fernández - estavam dispostos a permitir situações passadas, "lógicas extrativistas" que só buscam matérias-primas da região sem levar em conta seu desenvolvimento. E de acordo com o que disse no início desta quarta-feira (19) em sua avaliação da reunião perante a imprensa, Lula ficou satisfeito com o resultado, lembrando que a UE também prometeu "ajudar a financiar 100 bilhões de dólares para combater o desmatamento da selva, seja o Amazônia ou outra selva”. 

O dirigente brasileiro se disse otimista também com a possibilidade de que a ratificação do acordo comercial entre a UE e o Mercosul, bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, pode chegar ainda este ano, prazo que também foi definido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.  

Pendente de aprovação final desde junho de 2019, no início deste ano a UE enviou aos países do Mercosul um “instrumento adicional” ao texto do acordo no qual exigia mais compromissos com o desmatamento, sustentabilidade ambiental e social, e ainda um capítulo sancionador em caso de incumprimento. Isso não caiu bem do outro lado do Atlântico, principalmente no Brasil, onde Lula classificou a carta como “agressiva”. Agora, o presidente brasileiro prometeu enviar a resposta sul-americana "em duas ou três semanas". 

O que não mudou a opinião do presidente brasileiro é sua posição sobre a guerra na Ucrânia, tema que consumiu muito tempo na cúpula e esteve a ponto de inviabilizar a declaração final. Ele simpatiza com o medo dos países geograficamente mais próximos do conflito. No entanto, ele mantém sua posição de buscar uma solução negociada para a guerra.  

"Será necessário um grupo de países que possam conversar com a Rússia e a Ucrânia quando chegar a hora", acrescentou. Lula chegou a criticar seu homólogo chileno, Gabriel Boric, provavelmente o líder latino-americano que mais fortemente condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia. “Possivelmente, porque deve ter sido o primeiro encontro de Boric da União Européia com a América Latina, ele está um pouco mais ansioso do que os outros. Só isso", finalizou. 

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