Guerra Ucrânia x Rússia: rede social TikTok confirma suspensão de criação de novos vídeos na Rússia

Confirmação foi feita neste domingo (6), mesmo dia em que o governo Putin bloqueou um dos últimos sites independentes no país

Lázaro Magalhães

Avança na Rússia o esforço do governo Putin em censurar a cobertura da guerra contra a Ucrânia, por veículos de imprensa e por outros meios: a Rede social TikTok anunciou neste domingo a suspensão de criação de novos vídeos na plataforma na Rússia. Ao mesmo tempo, o site informativo Mediazona, uma das últimas vozes independentes na Rússia, também confirmou neste domingo que foi bloqueado pelas autoridades. O motivo é a sua cobertura sobre a invasão da Ucrânia.

Na Ucrânia, a rede social TikTok se tornou um dos principais meios de difusão de imagens dos ataques russos no país invadido. Os vídeos têm viralizado e ganharam importância na cobertura de guerra.

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TikTok diz que quer manter funcionários 'em segurança'

Ao anunciar este domingo que estava suspendendo a publicação de todo o conteúdo de vídeo da Rússia, a gigante de mídia social TikTok disse que a medida visava manter seus funcionários em segurança e cumprir as novas leis sobre "notícias falsas" no país.

"À luz da nova lei de 'notícias falsas' da Rússia, não temos escolha a não ser suspender a transmissão ao vivo e novos conteúdos de nosso serviço de vídeo enquanto analisamos as implicações de segurança desta lei", detalhou a empresa em comunicado. A plataforma disse que, apesar disso, seu serviço de mensagens não será afetado.

"Continuaremos avaliando as mudanças nas circunstâncias na Rússia para determinar quando poderemos retomar totalmente nossos serviços". O TikTok tem mais de um bilhão de usuários no mundo - e, segundo estudo da Insider Intelligence, desta semana, no final de 2021 o TikTok tinha cerca de 24,7 milhões de contas na Rússia.

A lei que prevê penas de prisão de até 15 anos para quem publicar "notícias falsas" sobre os militares russos foi sancionada pelo presidente Vladimir Putin ainda na sexta-feira (4).  

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Veículos de imprensa fechados 

O órgão regulador das comunicações na Rússia, o Roskomnadzor, "começou a bloquear o Mediazona", afirmou, por sua vez, o site jornalístico em comunicado. O veículo já figura na lista oficial de páginas de internet bloqueadas na Rússia.

Ao comentar a medida, o Mediazona disse que o governo russo iniciou uma "censura militar" e que atualmente "quase não há mais meios independentes no país". Segundo o site, o bloqueio teria ocorrido "porque cobrimos honestamente o que acontece na Ucrânia e chamamos uma invasão de invasão, e uma guerra de guerra".  

Segundo aponta a ONG de defesa dos direitos digitais Roskomsvoboda, o governo russo também bloqueou outros portais, como Republic; Snob.ru; o Agentstvo e dois jornais regionais. "Agradeço por seguirem conosco, a noite vai passar", disse o Republic em comunicado, informando que seus leitores ainda poderiam acessar conteúdos através de uma rede privada virtual (VPN).

Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, o governo russo acirra a censura à cobertura da guerra e adotou, na última semana, uma lei que estabelece duras penas de prisão pela difusão de "informações falsas" sobre a ação do exército russo. Especialistas avaliam um cenário duro para a sobrevivência futura de veículos russos independentes. Entre os ameaçados está o jornal Novaya Gazeta, cujo editor-chefe já recebeu o prêmio Nobel da Paz, em 2021.

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