Governo israelense aprova acordo de trégua em Gaza
A resolução pelo cessar-fogo entre Israel e Hamas foi mediada pelo Catar, EUA e Egito, e deve entrar em vigor no domingo (19/1)
O governo de Israel aprovou na madrugada deste sábado (18, hora local) um acordo de trégua com o Hamas na Faixa de Gaza, que está previsto para entrar em vigor no domingo (19) e permitirá a troca de reféns por prisioneiros palestinos.
Apesar do anúncio, feito na última quarta-feira (15), de um acordo de cessar-fogo por parte de Catar e Estados Unidos, o Exército israelense continuou bombardeando o território palestino, deixando mais de 100 mortos, segundo equipes de resgate.
Após a luz verde do gabinete de segurança de Israel, o Conselho de Ministros deu sua aprovação final ao acordo, apesar da oposição de membros da extrema-direita.
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"O plano de libertação de reféns entrará em vigor no domingo, 19 de janeiro de 2025", afirmou o Executivo em um comunicado sucinto divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Por sua vez, o gabinete de segurança garantiu que o acordo "sustenta a consecução dos objetivos da guerra".
A resolução, que deve colocar fim aos 15 meses de guerra, prevê em uma primeira fase de seis semanas a libertação de 33 reféns em Gaza, em troca de centenas de prisioneiros palestinos detidos em Israel. O fim definitivo da guerra será negociado durante esta primeira etapa.
Representantes de Egito, Catar e Estados Unidos, mediadores do conflito, se reuniram nesta sexta-feira no Cairo com uma delegação israelense para acordar "todas as disposições necessárias para aplicar" o cessar-fogo, disseram meios de comunicação egípcios.
Preocupação com o bebê Kfir
As primeiras libertações ocorrerão no domingo, segundo o governo israelense. As famílias dos reféns foram informadas e realizam preparativos para recebê-los. Segundo fontes próximas ao Hamas, o primeiro grupo é composto por três mulheres israelenses.
Em Israel, a população está em suspense quanto ao destino do mais jovem dos reféns, Kfir Bibas, um bebê israelense de origem argentina sequestrado em um kibutz. Levado junto com seu irmão de quatro anos, o menino completaria dois anos no sábado e, embora o Hamas tenha afirmado que ele morreu em um bombardeio israelense, alguns ainda mantêm a esperança.
"Penso neles (...) e sinto calafrios", afirmou Osnat Nyska, uma mulher de 70 anos cujos netos frequentaram a mesma creche que os irmãos Bibas.
O Ministério da Justiça israelense publicou nesta sexta-feira uma lista com os 95 prisioneiros palestinos que serão trocados pelos reféns. A lista inclui 70 mulheres, uma delas menor de idade, e 25 homens, entre os quais 9 são menores de 18 anos. O mais jovem tem 16 anos.
As autoridades israelenses tomaram medidas para "prevenir qualquer manifestação pública de alegria" durante a libertação dos prisioneiros palestinos, caso o acordo seja concretizado.
"Beijar minha terra"
Antes do início da trégua, os palestinos deslocados estavam se preparando para voltar para casa. "Vou beijar minha terra. Eu me arrependo de tê-la deixado. Se eu tivesse morrido em minha terra, teria sido melhor do que ser deslocado para cá", afirmou Nasr al-Gharabli, que fugiu da Cidade de Gaza, no norte, para um campo de refugiados mais ao sul.
Em Deir el Balah, Fatima Moqal expressa a dor pelos mortos. "Gaza foi destruída e reconstruída cem vezes antes [...] as casas podem ser substituídas, as pessoas, não", declarou.
A guerra, que deixou Gaza com um nível de destruição "sem precedentes na história recente", de acordo com a ONU, eclodiu em 7 de outubro de 2023 após um sangrento ataque do Hamas em solo israelense.
Os comandos islamistas mataram 1.210 pessoas, em sua maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Eles também sequestraram 251 pessoas, 94 das quais permanecem em Gaza. Pelo menos 34 delas teriam morrido, de acordo com o Exército israelense.
Israel lançou uma campanha de retaliação que matou pelo menos 46.876 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Abbas disposto a assumir a responsabilidade em Gaza
O anúncio do acordo foi o resultado de uma aceleração das negociações, paralisadas por mais de um ano, às vésperas do retorno de Donald Trump à Casa Branca. Além da troca de reféns por prisioneiros e da implementação de um cessar-fogo, a primeira fase do acordo também prevê a retirada das tropas israelenses das áreas densamente povoadas.
A segunda fase contempla a libertação dos reféns restantes. A terceira e última fase terá como foco a reconstrução do território palestino e o retorno dos corpos dos reféns mortos.
O cessar-fogo não resolve o obstáculo sobre o futuro político da Faixa de Gaza, que tem 2,4 milhões de habitantes e é governada desde 2007 por um Hamas agora muito enfraquecido.
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, rival do Hamas e que governa parcialmente a Cisjordânia, declarou nesta sexta-feira que o órgão está pronto para assumir "toda a responsabilidade" em Gaza depois da guerra. Israel se opõe a qualquer administração futura do Hamas ou da Autoridade Palestina, enquanto os palestinos rejeitam qualquer interferência estrangeira.
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