Entenda o papel dos grupos Fatah, Hamas, Jihad Palestina e Hezbollah no Oriente Médio
Grupos possuem traços em comum em relação à criação do Estado Palestino, mas têm atuações e poderio diferentes
A região do Oriente Médio é uma marcada por conflitos duradouros, onde diversos atores desempenham papéis significativos. Quatro grupos frequentemente mencionados nas discussões sobre o conflito entre Israel e Palestina são o Fatah, o Hamas, a Jihad Islâmica Palestina e o Hezbollah. Embora compartilhem elementos comuns, como a orientação islâmica e o enfrentamento a Israel, cada um desses grupos possui características distintas e áreas de atuação próprias.
O Fatah, estabelecido em 1959, tem liderado a luta pela independência palestina ao longo de várias décadas. Esse grupo é uma das principais facções da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e tem estado historicamente associado a figuras de destaque na liderança palestina, incluindo Yasser Arafat e, mais recentemente, Mahmoud Abbas.
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A relação entre o Fatah e o Hamas é complexa e, em muitos momentos, tensa. Em 2007, a violência eclodiu entre as duas facções, resultando na tomada de controle do Hamas sobre a Faixa de Gaza e na subsequente divisão política entre Gaza e Cisjordânia, sob a autoridade do Fatah. Essa divisão persiste até os dias de hoje, com o Hamas governando Gaza e o Fatah liderando a Autoridade Palestina na Cisjordânia.
O Fatah, de modo geral, demonstra maior disposição para buscar soluções diplomáticas e negociações com Israel em comparação com o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina. Contudo, as tensões entre o Fatah e o Hamas têm complicado os esforços de reconciliação e unidade dentro da comunidade palestina.
Qual o maior objetivo do Hamas?
O Hamas, também conhecido como Movimento de Resistência Islâmica, é uma organização palestina de orientação sunita. Fundado em 1987, o Hamas tem como objetivo primordial a conquista da liberdade da Palestina e o estabelecimento de um Estado palestino independente. Atualmente, o Hamas controla a Faixa de Gaza e, no último dia 7, foi autor do maior ataque terrorista já realizado em território israelense.
Anteriormente, estimava-se que o Hamas contasse com cerca de 8 a 12 mil membros, incluindo simpatizantes e combatentes treinados. No entanto, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos da Universidade de Georgetown, em Washington, essa estimativa foi revisada para mais de 40 mil membros, um número que superou em muito as expectativas anteriores.
Jihad Islâmica Palestina não almeja controle do governo
A Jihad Islâmica Palestina, por sua vez, é outra organização palestina de orientação sunita, com origens mais recentes em comparação com o Hamas. Surgindo nos anos 1980, originalmente como um desmembramento do Hamas, a Jihad Islâmica Palestina desenvolveu suas próprias identidades e objetivos.
Diferentemente do Hamas, a Jihad Islâmica Palestina não almeja o controle do governo palestino, mas sim a destruição de Israel e a libertação de toda a Palestina. A organização atua principalmente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, conduzindo ataques armados contra alvos israelenses. A independência da Jihad Islâmica Palestina em relação ao Hamas frequentemente leva a desentendimentos entre os dois grupos quando o assunto é Israel.
Hezbollah tem grande contingente de combatentes
Por fim, o Hezbollah, originário do sul do Líbano, é um grupo xiita com fortes ligações com o Irã. Foi fundado nos anos 80, em resposta à ocupação israelense no sul do Líbano e como uma extensão da teocracia xiita no Irã, que assumiu o poder por meio da Revolução Islâmica de 1979. O Hezbollah não é estritamente uma organização palestina, no entanto, sua participação no conflito israelo-palestino é substancial.
O Hezbollah mantém uma presença militar no sul do Líbano, que faz fronteira com Israel, e exerce influência significativa na política libanesa, com representação no parlamento e posições-chave no governo. Muitos consideram o Hezbollah como a maior força militar não estatal do mundo, com um contingente de mais de 100 mil combatentes e um arsenal de mísseis de longo alcance.
Embora o Fatah, o Hamas, a Jihad Islâmica Palestina e o Hezbollah compartilhem a oposição a Israel e se envolvam em atividades militares, suas divergências são notáveis. O Hamas busca governar a Faixa de Gaza e, em última instância, toda a Palestina, enquanto a Jihad Islâmica Palestina concentra-se exclusivamente na destruição de Israel. Por outro lado, o Hezbollah, sendo uma organização libanesa, possui interesses e objetivos regionais mais amplos, incluindo o confronto com Israel e o apoio ao governo de Bashar al-Assad, na Síria.
Para os Estados Unidos e a União Europeia, o Hamas, a Jihad Islâmica Palestina e o Hezbollah são considerados grupos terroristas que colocam a estabilidade dos vizinhos, especialmente Israel, em risco.
Esses quatro grupos desempenham papéis fundamentais na compreensão do conflito israelo-palestino e na região do Oriente Médio, refletindo a complexidade do cenário político na região.
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