Covid-19 pode ativar células para combater o câncer; entenda
Pesquisadores de Chicago descobriram célula imune com propriedades anticâncer desencadeadas pela covid-19
Um estudo de pesquisadores da Universidade de Northwestern, em Chicago, Estados Unidos, publicado em novembro no The Journal of Clinical Investigation, descobriu que pode haver uma associação positiva entre covid-19 e câncer. Análises mostraram que a infecção por covid-19 pode desencadear células imunes com propriedades anticâncer, útil para a regressão da doença.
Os cientistas descobriram que o RNA do vírus Sars-CoV-2, que causa a covid-19, pode desencadear o desenvolvimento de um tipo único de célula imune com propriedades anticâncer. Chamadas “monócitos não clássicos induzíveis (I-NCMs)”, essas células são imunes e poderiam ser potencialmente aproveitadas para tratar câncer resistentes às terapias tradicionais.
A pesquisa aponta que, durante a infecção por covid-19, o RNA do vírus ativa certos sinais no sistema imunológico que causam a transformação de monócitos comuns (um tipo de glóbulo branco) em I-NCMs. Essas células têm a capacidade de se mover para os vasos sanguíneos e para o tecido circundante onde os tumores crescem, o que outras células imunes não conseguem fazer.
Uma vez dentro do tecido tumoral, as células liberam certos produtos químicos para recrutar células assassinas naturais do corpo, que invadem o tumor e começam a atacar as células cancerígenas diretamente, levando à regressão do câncer.
Ankit Bharat, chefe de cirurgia torácica, diretor do Canning Thoracic Institute e autor sênior do estudo, aponta que o efeito esperado dessas células imunes já vem vendo observado: "vimos especificamente uma resposta com melanoma, câncer de pulmão, mama e cólon no estudo. Embora isso ainda esteja nos estágios iniciais e a eficácia tenha sido estudada apenas em modelos animais pré-clínicos, isso oferece esperança de que possamos usar essa abordagem para beneficiar pacientes com cânceres avançados que não responderam a outros tratamentos”.
O estudo, que foi feito em tecidos humanos e em camundongos, descobriu, ainda, que essas células imunes poderiam ser estimuladas farmacologicamente usando pequenas moléculas, abrindo uma nova possibilidade de terapia para pacientes com câncer.
Na visão dos autores, a descoberta pode ter implicações significativas para pacientes com câncer agressivo ou metastático (que já se espalhou para outras regiões do corpo) que não respondem às terapias tradicionais.
Apesar disso, mais estudos são necessários antes que a abordagem seja usada em ambientes clínicos.
“Estamos nos estágios iniciais, mas o potencial para transformar o tratamento do câncer está lá. Nossos próximos passos envolverão ensaios clínicos para ver se podemos usar essas descobertas de forma segura e eficaz para ajudar pacientes com câncer”, defende Bharat.
*Com informações de CNN Brasil.
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