Conheça os mistérios da maior cidade subterrânea já descoberta no mundo
A antiga cidade de Elengubu, hoje conhecida como Derinkuyu, fica a mais de 85 metros abaixo da superfície e inclui 18 níveis de túneis
Uma enorme cidade subterrânea está localizada abaixo na superfície da Capadócia, na Turquia. Com proporções gigantescas, o local passou séculos escondido e podia abrigar por meses até 20 mil habitantes de cada vez. As informações são do G1 Nacional.
A antiga cidade de Elengubu, hoje conhecida como Derinkuyu, fica cerca de 85 metros abaixo da superfície e inclui 18 níveis de túneis. É a maior cidade subterrânea escavada do mundo.
Ela foi habitada por milhares de anos por frígios, persas e depois para os cristãos, na Era Bizantina. Até que foi finalmente abandonada nos anos 1920 pelos gregos capadócios, que fugiram em massa para a Grécia após a derrota na Guerra Greco-Turca de 1919-1922.
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Os salões da cidade espalham-se por centenas de quilômetros embaixo da terra, mas acredita-se que mais de 200 pequenas cidades subterrâneas separadas, que também foram descobertas na região, possam estar conectadas a esses túneis, criando uma enorme rede subterrânea.
Hoje, para quem deseja sentir a realidade da vida subterrânea pode visitar a cidade por apenas 60 liras turcas (cerca de US$ 3,30 ou R$ 17).
A construção de Derinkuyu realmente foi genial, mas ela não é a única cidade subterrânea da Capadócia. Com 445 km², ela é apenas a maior das pelo menos 200 cidades subterrâneas encontradas abaixo das planícies da Anatólia.
Mas nem todos os segredos subterrâneos da Capadócia foram escavados. Em 2014, uma nova cidade subterrânea, talvez ainda maior, foi descoberta na região de Nevsehir, também na Anatólia central.
A descoberta
Segundo o guia Suleman, Derinkuyu foi "redescoberta" apenas em 1963 por um morador local anônimo que estava perdendo suas galinhas. Enquanto ele reformava sua casa, as aves desapareciam em uma pequena fenda criada durante a reforma e nunca mais eram vistas.
O cidadão turco decidiu investigar o que estava acontecendo e, depois de cavar um pouco, ele desenterrou uma passagem escura. Foi a primeira de mais de 600 entradas para a cidade subterrânea de Derinkuyu que foram encontradas em casas particulares.
Elas revelaram uma emaranhada rede de moradias subterrâneas, espaços de armazenagem de alimentos secos, estábulos, escolas, vinícolas e até uma capela. Uma civilização inteira se escondia com segurança embaixo da terra.
A cidade das cavernas logo atraiu milhares de turistas turcos, até que, em 1985, a região foi declarada Patrimônio Mundial da Unesco.
A construção da cidade
A data exata da construção da cidade segue indefinida. Mas a referência mais antiga a Derinkuyu parece estar no livro Anábase, do historiador grego Xenofonte de Atenas, escrito em cerca de 370 a.C.
Nele, Xenofonte menciona o povo anatólio, que morava em casas escavadas no subterrâneo da Capadócia ou perto dela, e não nas cavernas mais populares ao longo dos rochedos, bem conhecidas na região.
As bases da extensa rede de cavernas subterrâneas costumam ser atribuídas aos hititas, "que podem ter escavado os primeiros níveis na rocha quando foram atacados pelos frígios, perto do ano 1200 a.C.", segundo A. Bertini, especialista em moradias em cavernas no Mediterrâneo, no seu estudo sobre a arquitetura regional em cavernas. Fortalecendo esta hipótese, foram encontrados artefatos hititas no interior de Derinkuyu.
Mas a maior parte da cidade provavelmente foi construída pelos frígios, que eram arquitetos muito habilidosos na Idade do Ferro e tinham os meios para construir instalações subterrâneas.
Embora os frígios, persas e seljúcidas, entre outros povos, tenham habitado a região e se expandido pela cidade subterrânea nos séculos seguintes, a população de Derinkuyu atingiu seu maior nível durante a Era Bizantina, com cerca de 20 mil pessoas morando embaixo da terra.
A fuga dos gregos capadócios em 1923 pôs fim à história viva de Derinkuyu. Mais de 2 mil anos depois da provável criação da cidade, ela foi abandonada pela última vez e sua existência foi esquecida pelo mundo moderno, até que as galinhas errantes da Capadócia fizeram a cidade subterrânea brilhar mais uma vez.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
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