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Começa o julgamento do brasileiro acusado de tentar matar Cristina Kirchner na Argentina

Três pessoas são acusadas de tentativa de homicídio contra a ex-presidente argentina, em 2022, quando Kirchner era vice-presidente do país

Sonia AVALOS / AFP
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O julgamento da tentativa de homicídio de Cristina Kirchner em 2022, quando era vice-presidente, começou nesta quarta-feira (26) em Buenos Aires com a presença dos três acusados, um deles o homem que disparou o gatilho da arma que não funcionou.

O julgamento centra-se no agressor, a sua ex-namorada e o empregador de ambos como vendedores ambulantes –, sem abordar supostos ideólogos ou possíveis apoios financeiros, pistas que a ex-presidente Kirchner pediu para serem investigadas e que fazem parte de um processo paralelo. 

Com uma hora de atraso, a primeira audiência teve início com a leitura das acusações por tentativa de homicídio qualificado, um crime que prevê até 25 anos de prisão.

O tribunal oral federal 6 leu a acusação da denúncia e do Ministério Público nas quais citaram mensagens analisadas por peritos dos telefones dos réus com referências explícitas aos planos para matar Kirchner.

Este conteúdo mostrou que os acusados providenciaram uma arma ilegal, a utilizada no ataque, tentaram alugar uma casa perto da residência da ex-presidente e buscaram uma oportunidade para executá-la.

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"Eles eram plenamente conscientes do que faziam e de suas possíveis consequências", afirmou a acusação.

As audiências ocorrerão semanalmente em um processo que pode durar até um ano e contará com mais de 300 testemunhas, incluindo a própria Kirchner.

Os acusados

O agressor era um vendedor de doces que na noite de 1º de setembro de 2022 atacou a ex-presidente em frente à sua casa em Buenos Aires, misturado entre centenas de simpatizantes que foram apoiá-la quando estava sendo julgada por suposta fraude durante sua presidência (2007-2015). 

Identificado como Fernando Sabag Montiel, de 37 anos, o homem puxou o gatilho duas vezes sem que as balas saíssem e foi preso no local. 

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Sua namorada na época, Brenda Uliarte, que o acompanhou até as proximidades do local do incidente, foi presa dias depois, assim como Nicolás Carrizo, seu empregador como vendedor de doces e identificado como possível "planejador" do ataque.

Sabag Montiel, também motorista ocasional de uma locadora de carros e portador de tatuagens com símbolos nazistas, apresentava uma personalidade "narcisista" e um discurso "extravagante" com elementos de hostilidade a Kirchner, segundo especialistas. 

Uliarte é acusada de ser "coautora" e instigadora, enquanto Carrizo é acusado de cumplicidade. 

"Vou com a arma até a casa da Cristina e vou atirar nela", escreveu Montiel em uma mensagem a Uliarte semanas antes do ataque, à qual ela respondeu: "A onda (a ideia) é você atirar e fugir".

Após o ataque fracassado, Carrizo se vangloriou de que seu "funcionário" havia executado o ataque. "Eu o aplaudo, ele estava a um segundo de se tornar um herói nacional", disse.

Outras pessoas detidas como suspeitas foram libertadas à medida que avançava a investigação sobre a chamada "banda de los copitos", o grupo de vendedores ambulantes de algodão doce ao qual pertenciam os acusados.

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Polarização

Após o atentado, Kirchner recebeu mensagens de solidariedade de todo o mundo.

Também houve suspeitas sobre a veracidade do ataque, posteriormente explicada pelos especialistas.

Em meio às condenações públicas do ataque, adversários políticos, como a atual ministra da Segurança, Patricia Bullrich, ex-candidata presidencial pela força de direita Juntos pela Mudança, optaram pelo silêncio.

Seu ex-líder de campanha e deputado, Gerardo Milman, é uma das pessoas que Kirchner pede para ser investigada, após ter sido ouvido falando sobre o atentado antes que ocorresse. Um exame pericial de seu telefone ainda está pendente. 

Essa e outras pistas sobre o suposto financiamento que leva a uma empresa de propriedade da família do atual ministro da Economia, Luis Caputo, foram rejeitadas pelo tribunal. 

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"Não há prática mais clara para buscar a impunidade para causas complexas do que dividi-las em pequenos pedaços. O que resta nunca mais será investigado", disse Kirchner em carta pública.

O ataque marcou "um antes e um depois, não porque a política tivesse mudado, mas porque evidenciou que a polarização permite, em certo ponto, que não haja nenhum tipo de condenação quando o atacado é o outro", disse à AFP Iván Schuliaquer, formado em Ciência Política pela Universidade de Buenos Aires.

No dia seguinte ao ataque, o governo declarou feriado extraordinário e milhares de pessoas saíram às ruas de todo o país para condenar o ocorrido, convencidas de que a extrema polarização política havia ultrapassado os limites.

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