'Ciclone bomba': paraenses falam sobre as tempestades que castigam EUA, Canadá e Japão
Inverno rigoroso e eventos climáticos devastadores têm causado mortes e estragos em muitas regiões desses países
Um inverno rigoroso e eventos climáticos devastadores têm causado estragos, mortes e assustado quem vive na América do Norte e na Ásia. Nos Estados Unidos e no Canadá, os danos são provocados por uma megatempestade classificada como “ciclone bomba”, que provocou quedas drásticas de temperatura e a morte de pelo menos 50 pessoas. Já no Japão, 17 pessoas morreram após as nevascas que atingem o país há cerca de 10 dias. Paraenses que moram no exterior relatam preocupação e destacam a importância de redobrar os cuidados com a segurança durante a estação mais fria.
O ciclone bomba é um tipo de tempestade caracterizado pela grande intensidade e quedas de pressão capazes de gerar nevascas e precipitações. Esse tipo de fenômeno é mais comum em áreas da costa leste dos Estados Unidos e do Canadá, onde a terra fria e a corrente quente do Golfo facilitam o seu desenvolvimento.
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No total, 46 pessoas morreram nos estados de Nova Iorque, Vermont, Ohio, Missouri, Wisconsin, Kansas e Colorado, que ficam nos Estados Unidos. Além disso, outras quatro foram vítimas de um acidente com um ônibus, que capotou em uma estrada congelada, na província da Colúmbia Britânica, no Canadá.
Também foram registrados mais de 5 mil voos cancelados, blecautes e frio intenso. No estado de Montana, por exemplo, os termômetros chegaram a -45º C, mas o Serviço Nacional de Meteorologia chegou a emitir alertas de que as temperaturas poderiam cair para até -56º C. No país vizinho, as regiões mais afetadas foram as províncias de Ontario e Quebec, onde as quedas de energia e o clima impróprio também impossibilitaram a operação de diversos voos.
A médica paraense Bárbara Martins, 37, está morando há um mês na cidade de Winnipeg, na província de Manitoba, que fica na região central do Canadá, onde os efeitos da tempestade são mais brandos. Ainda assim, ela relata a convivência com situações adversas nesse período. “Eu mesma já cheguei aqui pegando temperaturas nessa faixa de -20ºC, -30ºC e -40ºC e você aprende a se adaptar com as roupas adequadas e com as proteções da casa”, conta ela que adota alguns cuidados, como o uso de botas impermeáveis e a condução de veículos com maior tração e pneus específicos para a neve.
Apesar de Manitoba não ter sido atingida, Bárbara comenta com preocupação algumas situações frequentes relatadas pelos moradores e pela imprensa local.“O que tem acontecido por aqui nas províncias tem superado as expectativas do que é comum nos invernos canadenses e as províncias estão sendo muito atingidas. Tempestades de neve estão caindo até em regiões que não era comum isso acontecer e estão sendo danificados prédios, carros e a taxa de acidentes com fraturas está muito alta pois a neve vira gelo e fica escorregadio”, diz.
NEVASCAS
As condições climáticas extremas também tem causado perdas humanas e materiais no Japão. Milhares de residências também ficaram sem energia elétrica, principalmente na ilha de Honshu, que é a principal do arquipélago, e em Hokkaido, que fica na região norte, e foram as áreas mais atingidas. As previsões da agência meteorológica japonesa indicam que as nevascas tendem a perder intensidade.
De acordo com informações da agência japonesa de gestão de incêndios e catástrofes, os eventos começaram no último dia 17 de dezembro. O canal de televisão público NHK informou, por exemplo, que idosos que tentaram limpar a neve ao redor de suas casas ou nos telhados têm sido vítimas de acidentes. Em Hokkaido, um dos problemas foi o corte de energia elétrica, mas segundo a companhia local, o fornecimento já teria sido restabelecido em quase todas as áreas.
Mas o frio foi tão intenso que atingiu até áreas em que não é comum nevar. A publicitária paraense Lidia Saito, 29, mora há três anos na província de Gifu, na região central do país, e diz que mesmo lá a neve e o frio chegaram mais cedo.
“O principal efeito sem dúvidas foi o perigo de andar nas ruas, por estar muito cheio de neve os riscos de queda e derrapagem de carros aumenta, apesar do Japão ser muito bem preparado para esses momentos de frio mais intenso. Outro efeito acredito que seja na saúde, com muita gente pegando friagem. Eu mesma fiquei uma semana com a garganta muito ruim por conta do tempo mais seco e pelo frio. Acho que até agora não temos risco iminente de ficarmos com as ruas interditadas, pelo menos não aqui na cidade onde eu moro. Outra coisa que a gente tem aqui são os alertas quando vai haver algum desastre natural, por enquanto nada foi emitido”, relata Lídia, que destaca que tem seguido as recomendações mais comuns nesses casos.
“Eles pedem para andarmos com calçados antiderrapante, trocar os pneus dos carros por pneus apropriados para neve, em alguns lugares jogam sal no asfalto pro gelo derreter mais rápido e não ficar tão escorregadio. E é sempre bom ter mantimento em casa. Apesar de tudo, me sinto segura”, afirma a publicitária.
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