Chefe do órgão eleitoral da Venezuela denuncia irregularidades na eleição de Maduro
Juan Carlos Delpino justificou não ter divulgado as atas eleitorais por conta de um ataque hacker
O chefe do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Juan Carlos Delpino Boscán, divulgou nesta segunda-feira (26/8) um documento em que denunciou irregularidades durantes o processo eleitoral de 2024 que reelegeu Nicolás Maduro para seu terceiro mandato.
Ele afirma que a entidade foi vítima de um ataque hacker, e usou essa justificativa para não divulgar as atas eleitorais. Segundo Delpino, o pleito do dia 28 de julho seguiu sem incidentes, mas que o problema surgiu no momento da apuração, quando aconteceu uma série de “descumprimentos de normas e regulamentos essenciais”.
“Diante da falta dos boletins [de urna], a falta do envio dos QR code aos data center e a falta de uma solução efetiva para o suposto hackeamento, tomei a decisão de não subir a sala de totalização [dos votos] e não acompanhar o anúncio do primeiro boletim”, disse Delpino em nota.
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O chefe do CNE disse que questionou uma série de decisões anteriores à eleição, como a data do pleito, o registro de candidatos e a ausência de observadores internacionais, já que apenas o Carter Center acompanhou a eleição e posteriormente divulgou nota alegando fraude no processo eleitoral.
“Me opus categoricamente à exclusão desses observadores, considerando que sua presença era crucial para garantir a transparência do processo eleitoral”, disse Delpino.
Em entrevista ao The New York Times, Delpino disse não ter recebido provas de que Maduro tenha vencido. Para diretor do CNE, órgão eleitoral 'falhou', e , por isso, se sentiria envergonhado. "Estou envergonhado, e peço perdão para o povo da Venezuela. Porque todo o plano que foi elaborado — realizar uma eleição aceita por todos — não foi alcançado", disse o advogado ao NYT.
*(Iury Costa, estagiário sob supervisão de Hamilton Braga, coordenador do Núcleo de Política e Economia)
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